A falta d'água se alastrou pelo país, sintoma das mudanças climáticas e do desmatamento na Amazônia, no Cerrado cada vez mais debilitado. Nós aproximamos de um futuro desértico e a culpa é toda nossa.
Os índices de chuvas apresentam déficit, os reservatórios minguaram a percentuais críticos, a nascente do Rio São Francisco secou pela primeira vez na história. Esses eventos extremos, causadas quase exclusivamente pela atividade humana, especialmente pela queima de combustíveis fósseis. Mas outro fator está agravando esse quadro: o desmatamento. A Amazônia é a responsável por manter úmido todo o continente, e sua depredação influencia diretamente no clima.
DE ONDE VEM NOSSA ÁGUA?
Nossa água vem da Amazônia. A floresta funciona como uma fábrica de chuvas. Por cima das nossas cabeças, há imensos rios seguindo seu curso, levando nuvens carregadas por onde passam. São os rios voadores. Esta capacidade da floresta de exportar umidade é um dos cinco segredos da floresta, poeticamente explicados no relatório - O Futuro Climático da Amazônia - publicado recentemente.
Entenda o processo de transpiração da floresta e a formação das nuvens sobre ela.
- A chuva penetra no permeável solo florestal e fica armazenada em sua parte porosa, ou escorre até os aquíferos subterrâneos gigantescos.
- A água é absorvida pelas raízes, que podem ter até 20 m de profundidade, e levada pelos xilemas, espécie de artérias que transportam a seiva bruta para cima.
- Por fim, passa pelas estruturas evaporadoras das folhas, que funcionam como painéis solares químicos, capazes de absorver a energia do sol para transpirar.
- Além da água, a folhas liberam compostos orgânicos, que oxidam e precipitam, formando uma poeira finíssima. Essa poeira funciona como núcleo para condensação das nuvens.
- O vapor d’água se deposita nessas partículas sólidas fornecidas pelas plantas e se transforma em nuvem. Esse mecanismo da floresta é o que garante chuvas torrenciais a partir de nuvens baixas.
Conheça o recurso dos rios voadores e como eles levam chuvas por todo o continente.
O fluxo dos rios voadores é mais intenso no verão, estação em que chove na maior parte do País. Isso acontece graças à inclinação da Terra nesta época do ano, que favorece a entrada dos ventos marítimos na América do Sul. Mas há mais uma vantagem geográfica que garante esse circuito: a Cordilheira dos Andes, localizada a oeste da floresta. O imenso paredão faz com que os ventos não passem direto e deixem o resto do Brasil sem umidade. De acordo com o o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), é no começo do ano que os rios voadores reabastecem as fontes de água e reservatórios brasileiros. Ao se chocarem contra a Serra da Mantiqueira e da Canastra, no Sudeste, enchem a nascente de vários rios importantes, como o São Francisco. "Esta região é a caixa d’água do Brasil". Se não chover na época em que tem que chover, os reservatórios não serão recarregados ao longo do ano. Esse tem sido o drama deste século.
Desmatamento que vai, volta....
Poder contar com a maior floresta tropical do mundo, inclusive em relação aos recursos hídricos, é um privilégio. Pouquíssimo valorizado. Nos últimos 50 anos, derrubamos e queimamos. O bioma esta degradado, quase metade da floresta original danificada, tais efeitos parecem ter vindo à tona.
Precisamos começar a replantar o que já perdemos. Apesar da urgência, as perspectivas não são animadoras. Só na região amazônica, há mais de 40 projetos do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal só no quesito geração de energia. São usinas, barragens e outras medidas que causam inundações e corte de árvores e que afetam diretamente todo mundos. Projetos de estradas também são preocupantes. Uma estrada valoriza demais a terra, e especulação gera desmatamento e favorece a grilagem. A terra valoriza tanto que pecuaristas estão vendendo suas terras para produtores de soja do Sul. Por sua vez, isso tem aumentado muito o desmatamento no Pará, com a liberação de terrenos para a criação de gado desses pecuaristas.
Clima em crise
Hoje, há registros de seca em todos os Estados brasileiros. Em alguns deles, a seca é excepcional, o Nordeste viveu a pior seca dos últimos 50 anos, inserindo o Brasil no mapa de eventos climáticos extremos, da Organização Mundial de Meteorologia. O agravamento de secas e das cheias está relacionado ao aumento da temperatura na atmosfera. Aquecida, ela se expande, fazendo com que seja necessário reunir mais vapor d’água para formar nuvens. Esse processo demanda mais tempo, portanto tende a prolongar os períodos de estiagem. Por outro lado, as nuvens se formam a partir de uma quantidade maior de vapor d’água, fazendo com que os eventos de precipitações se tornem mais intenso. Um planeta mais quente é um planeta de extremos. O que nos cabe é tentar mitigar as causas que levam ao aprofundamento das mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, nos adaptar à vida em um mundo mais difícil ecologicamente.
Enfim
Em meio à crise da água, o governo brasileiro aprova projetos que reduz matas ciliares e cobertura florestal nativa, construção de usinas hidrelétricas, transposição de rios, vai aos poucos e por "debaixo do pano", matando os biomas brasileiros, trocando nossa terra pelo capital especulativo, pela corrupção e ganancia dos políticos. Gerando riquezas pra poucos e miséria para milhões. Vai chegar um dia que a guerra e a ganância não vai ser pelo dinheiro, mas pela água.
Referência bibliográfica
http://revista.rebia.org.br/
https://super.abril.com.br/
https://exame.abril.com.br/
https://www1.folha.uol.com.br/
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