A mineração faz parte da economia brasileira desde o período colonial, quando o foco era a extração aurífera. Com a Revolução Industrial e o avanço da Ciência e da Tecnologia, nossa produção mineral expandiu. A atividade mudou a economia e trouxe desenvolvimentos. Entretanto, a que custo segue este avanço?
A cidade de Itabira, em Minas Gerais, está localizada na Serra do Espinhaço, onde existem grandes jazidas de minério de ferro, extraídas em lavra mecanizada a céu aberto. Pertencente ao grupo chamado “Quadrilátero ferrífero”, região com grandes depósitos de minérios de ferro. Conhecida como “Cidade do Ferro”, Itabira é o berço da Companhia Vale do Rio Doce, chamada atualmente de Vale. A empresa foi criada, há mais de meio século, para extrair do local a hematita, minério com altíssimo teor de ferro. A exportação do ferro para vários países é a base da economia itabirana.
A ocupação do município ocorreu nas duas primeiras décadas do século XVIII, com a procura de ouro na região. Somente no final do século, foram descobertas as lavras da Conceição de Itabira (atual Cauê) e de Santana. Paralelamente à extração aurífera, surgiram as primeiras explorações do minério de ferro que, a partir de 1808, foram liberadas pela Coroa Portuguesa (IPAC, 2008).
Nos anos 1970 e 1980,ocorreu a expansão da exploração mineral na cidade, com efeitos espaciais, ambientais e socioeconômicos significativos. A mineração implicou rápido crescimento populacional, impacto na infraestrutura produtiva e poluição de áreas habitadas próximas. Somente na década de 1980, 40 anos após o início de funcionamento da Vale em Itabira, foi que começou a ser noticiada por alguns segmentos da sociedade civil organizada a situação de vulnerabilidade ambiental na região.
As atividades da mineradora causam poluição e degradação ambiental significativas, com impactos sobre a saúde da população e sobre a qualidade dos recursos ambientais. E mesmo diante disso, a empresa não desenvolve um trabalho de conformidade ambiental.
IMPACTOS AMBIENTAIS
Apesar de existir normas ambientais para a extração de minérios, os danos causados ao meio ambiente são irreversíveis. A atividade provoca erosões do solo, alteração do relevo, retirada a cobertura vegetal dessas áreas. Além disso, modifica as propriedades do solo com a utilização de produtos químicos, causa poluição sonora, aérea e hídrica que, com a ação das chuvas, acaba escoando substâncias contaminadas para o leito dos córregos, riachos e rios.
A exploração de minério de ferro em Itabira, causa ao município uma grande dependência das operações minerárias e das atividades delas decorrentes. Além disso, a prática gera impactos socioambientais. Entre os impactos ambientais causados pela atividade mineradora listam-se o ruído, os abalos nas construções e a aspersão de poeira sobre a cidade, provocados pelo uso de explosivos nas minas. Além disso, a passagem da EFVM na cidade também causa poluição sonora, atmosférica (partículas que se soltam das pilhas de minério dos vagões) e medo nos moradores das áreas do entorno da linha férrea, devido a vários acidentes e mortes já registrados. Bairros inteiros são remanejados pela mineradora, construções são derrubadas para dar lugar a mais uma cava de minério. E a população? É despejada e acaba perdendo sua identidade sociocultural.
Pilhas de fino ficam sujeitas à ação de intempéries, levando resíduos minerais para os vales e riachos, contaminando a água e o solo, causando prejuízos à agricultura e ao abastecimento de água. Ficando estas áreas impróprias para a agricultura, e provocando emissão de particulados na atmosfera, causando doenças alérgicas e respiratórias.
O problema da água torna-se ainda mais sério na medida em que o rebaixamento do lençol freático nas áreas minerarias passa a comprometer as nascentes existentes e, consequentemente, o abastecimento de água para a população. A fauna e a flora das áreas sujeitas à mineração praticamente desapareceram.
As marcas da retirada do minério em Itabira são visíveis de qualquer ponto da cidade. Um sobrevoo de helicóptero, até mesmo um pesquisa pelo Google Earth, é capaz de revelar o que há por trás das montanhas de aparência cinzenta da região: enormes e profundas crateras escavadas ao longo de décadas de exploração do ferro no município. A grandiosidade dos buracos é tanta que imensas máquinas quase se perdem dentro deles enquanto trabalham. Com o passar do tempo, mananciais, nascentes, matas, bosques, viraram barragens de contenção de rejeitos da mineração. Devido a má gestão das barragens, vários rompimentos já ocorreram. Não tão imensos quanto o da barragem do Fundão no distrito de Bento Rodrigues em Mariana/MG. Mas mesmo assim é preocupante.
A extensão da mina é imensa e a céu aberto e nela há movimentação de grandes quantidades de materiais, que, depois de beneficiados, geram grandes áreas estéreis para a recomposição vegetal. Quem passa pelas ruas e rodovias que cortam a cidade não suporta o pó e o cheiro nocivo do minério extraído. O asfalto e a vegetação as margens da rodovia são avermelhados, isso se estende por toda mata em volta da cidade. O ar brilha como se fosse composto por purpurina. Quando há dias de maior ventania é possível observar a grande tempestade de pó de minério no ar, onde tudo e todos brilham como num cataclismo apocalíptico.
A vale não tem nenhum compromisso com o município, pois é exatamente na região onde está instalada sua mineradora que a rodovia é completamente estragada pela rodagens de seus veículos pesados. Simplesmente a Vale usa e abusa da cidade sem que dê um mínimo de condições para que aquela região seja recuperada e remodelada. A precariedade das ruas estreitas, dos asfalto esburacados e a quantidade dos carros pesados da Vale transitarem por aqueles trechos, deixam a população esmaecida. E o poder público local, o que faz? Simplesmente venda os olhos, transformando a “cidade do ferro” numa "cidade do pó".
CURIOSIDADE
Uma curiosa história envolve os dois maiores símbolos de Itabira: O FERRO E O POETA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. A casa branca conhecida como Fazenda do Pontal, onde o poeta passou parte da infância, foi desmontada pela mineradora em 1973. O local foi ocupado por uma barragem construída para lavar o minério. Três décadas depois, a companhia remontou a casa em outro local, próximo do original, em homenagem ao artista. Atualmente, a Fazenda do Pontal é um ponto turístico e cultural, mas de suas janelas, a paisagem não é nada poética, só observa-se um o lago de rejeitos da extração do ferro. Que a cada dia aumenta sua capacidade com imensos taludes.
Uma cidade que entregou seu bem mais precioso para uma empresa que nada dá em troca, somente arranca as riquezas de suas veias, deixando rastros de destruição.
Na Cidade do Ferro (digo pó) é assim...
No meio do caminho tinha um Bairro.....
....Tinha uma Ponte...
....Tinha um Riacho...
....Tinha um Pico...
....Tinha uma Vila....
....Tinha um Bosque....
Hoje tem Crateras?
_Tem sim senhor!
Hoje tem Lama?
_Tem sim senhor!
Hoje tem Pó?
_Tem sim senhor!!!!
Referencias Bibliográficas
http://verbetes.cetem.gov.br/verbetes/ExibeVerbete.aspx?verid=60
http://www2.camara.leg.br/
IPAC, Inventário de Proteção do Acervo Cultural de Minas Gerais
Fürst, Omar. Consequência do extrativismo mineral na região de Itabira/MG.1998
Fürst, Omar. Consequência do extrativismo mineral na região de Itabira/MG.1998
Essa mineradora só destroi... Olha como ficou o rio doce.. o vilarejo em marina, e todas cidades q ela se instala só sobram fantasma..
ResponderExcluiresta empresa so quer sugar, como a turma do PT
ResponderExcluirA Vale é como as madrasta nos contos de fadas.
ResponderExcluirEstava pesquisando sobre minha terrinha e encontro este excelente artigo.. Prof. Omar fui seu aluno no pre-vestibular. Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirPARABENS PELA MATÉRIA, GOSTEI MT. OBRIGADO. ERA TD OQ EU PRECISAVA PARA MEU TRABALHO!!!
ResponderExcluirProf. seu artigo diz tudo sobre nossa cidade. Nós itabiranos vivemos num caos, com políticos corruptos, uma empresa que nada dá em troca pra cidade, um município tão rico e uma população tão pobre e ignorante. Sua poesia fechando o artigo, infelizmente é a real situação. PARABÉNS, me orgulho de ter sido seu aluno.
ResponderExcluirSerá o destino desta cidade, o mesmo de Mariana e Brumadinho? Crime e destruição, negligencia, incompetência, descaso.......
ResponderExcluirNasci e ainda moro em Itabira, vi com meus próprios olhos a destruição ambiental e o descaso da empresa e dos péssimos políticos corruptos da cidade, para com a população e meio ambiente. Uma pequena cidade que é berço da mega empresa (CVRD/VALE), onde a mesma nunca investiu na região sempre sugou as entranhas de nossa terra, e o poder publico nada fez, somente observa com uma venda nos olhos. Nossa cidadezinha é extremamente corrupta, com poder público formado por políticos incapazes, desonestos, despreparados e pra ser mais direto, um bando de LADRÃO. Uma cidade tão rica economicamente com uma população tão miserável e marginalizada.
ResponderExcluirItabira vai virar cidade fantasma com as proibições de exploraçãomineral
ResponderExcluirnao adianta reclamar, a cidade sobrevive pela mineração, a vale cresceu por causa de itabira, mas esqueceu a cidade, sempre tiurou tudo do solo, removeu montanhas, destruiu bairros riachos e nunca deu nada em troca para população,somente politicos ganham e ficam ricos tem empregos. reparem como é a vidas dos politicos brasileiros e itabiranos, cada lixo de prefeito, vereador semi analfabeto, mas com os bolsos cheios de propinas.
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