O cerrado no Brasil cobre praticamente 20% do território nacional na região do Planalto Central. Conhecer as riquezas, extremamente belas, do nosso país, é condição fundamental para que possamos assumir uma atitude socioambiental verdadeiramente sustentável. De beleza única e incomparável, por aqui também existem frutos típicos que vale a pena conhecer e valorizar. Duvida?
Nosso país tem biodiversidade rica e (no mínimo) cinco ecossistemas diferentes, há uma infinidade de plantas e animais que fazem dele um dos ambientes mais ricos do mundo. O cerrado é o segundo maior bioma brasileiro - e está ameaçado pelo avanço dos interesses da agroindústria - soja e gado, especialmente. Mas, nós sequer conhecemos tudo o que tem nesse tesouro natural de flora e fauna. Só em frutos comestíveis, segundo pesquisa já se conhecem 227 distintos.
Todos os frutos do cerrado têm seu sabor concentrado pela riqueza do solo e o calor do sol em frutos que resistem à seca sem perder seu núcleo úmido e alimentício. Mas, não só para nós, que somos da cidade e os comemos para relembrar a infância ou degustar algo mais exótico - os frutos do cerrado são absolutamente necessários para a preservação da vida no bioma. Destes frutos vivem pássaros, mamíferos, répteis e até os insetos que ajudam na sua polinização, usufruem dos frutos maduros para nidificar seus ovos. As populações do cerrado sabem usar também os frutos, para tratar suas dolências - sim, são medicinais em sua maioria.
Bacupari-do-Cerrado
(Salacia elliptica) - esta planta ocupa áreas mais úmidas como o vale do São Francisco, o Pantanal e algumas áreas de Mata Atlântica. É uma árvore de médio porte cujos frutos, de polpa espessa, consistente e sabor adocicado, refrescante, amadurecem entre novembro e dezembro. Consome-se in natura.
Araticum
(Annona coriacea) - fruto típico de áreas secas e arenosas, sua casca marrom é grossa, seu interior é uma delícia de polpa suave com sementinhas lisas e pretas. Lembra, no aspecto, outras anonáceas como a pinha mas, o araticum tem o sabor do campo agreste. No pé, madura entre janeiro e março. É consumido in natura, em sucos ou doces.
Cagaita
(Eugenia dysenterica)- cagaita é uma fruta que lembra o araçá, carnuda, azedinha, uma delícia que, no entanto, não se pode abusar, especialmente quando madura e aquecida ao sol pois, nessa condição, dá diarreia. Encontra-se madura entre outubro e novembro.
Cereja-do-cerrado
(Eugenia calycina) - um arbusto carregado de frutas vermelhas, brilhantes e saborosas, que amadurecem entre outubro e janeiro, é tudo o que você gostaria de encontrar em um passeio pelo cerrado. Com a cereja-do-cerrado se faz doces, geleias e sorvetes, fora comê-la in natura também.
Mama-cadela
(Brosimum gaudichaudii) - mama-cadela tem diversos nomes, um arbusto pequeno cujo fruto, todo enrugadinho, tem polpa fibrosa e suculenta e cujo sabor lembra o do coquinho de macaúba. É medicinal, trata vitiligo como já contamos em outro artigo nosso.
Mangaba
(Hancornia speciosa) - a mangabeira é árvore da caatinga muito comum em diversas regiões de cerrado. Seu fruto, a mangaba, é saboroso, sumarento, ligeiramente azedo e cheiroso, tudo de bom. Essa fruta pode ser consumida in natura, em geléias, doces, sorvetes e licores. O leite da mangabeira, látex que escorre de talhos no tronco e folhas, é medicinal, usado pelas populações locais para tratar tuberculose, úlcera e outros problemas. A mangaba encontra-se madura, no pé, entre outubro e abril.
Murici
(Byrsonima crassifolia) - o muricizeiro é típico dos solos arenosos do cerrado e região amazônica, árvore baixa, de tronco retorcido. O murici, seu fruto, tem uma só semente e polpa carnosa, sabor e aroma muito apreciados para geléias, compotas e doces. Em alguns lugares se faz farinha de murici. Amadurece entre fevereiro e maio.
Pequi
(Caryocar brasiliense) - o pequi, fruto do pequizeiro é conhecido como o “ouro do cerrado” por sua riqueza nutricional, o aporte na culinária regional e a qualidade do óleo extraído da sua semente.
Pera-do-campo
(Eugenia klotzschiana) - essa é a fruta de Guimarães Rosa, no Grande Sertão: Veredas, a tal da limonada de pêra-do-campo também é chamada de cabacinha-do-campo, fruta suculenta, de casca fina e sabor doce-azedo, agradável e refrescante. Pode ser plantada em vaso, participa de projetos de recuperação do cerrado e se encontra, nas árvores, a partir de outubro. Boa para comer in natura, em doce ou em suco.
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