Um dos órgãos mais importantes do corpo é também um dos mais negligenciados: a pele. Raramente paramos para considerar que esse revestimento vital é o que mantém todos os nossos órgãos protegidos. A pele é parte do sistema tegumentar, que também inclui cabelo, unhas, penas, cascos, etc., e que nos mantém a salvo de parasitas e invasores microscópicos, ao mesmo tempo dando-nos uma sensação tátil maravilhosa do mundo que nos rodeia.
No reino animal, peles vêm de todas as formas, tamanhos, cores e sabores (a pele do mamífero cetáceo narval tem tanta vitamina C quanto uma laranja). Algumas são tão incríveis que se qualificam como superpoderes, seja para respirar, mudar de cor, para alimentar, sensores térmicos, e vários outros. Todos os animais mudam de pele, incluindo os humanos, mas cada um a seu ritmo. Os humanos mudam a pele de forma quase contínua, enquanto que os répteis tendem a concentrar a mudança de pele num determinado período de tempo.
TIPOS DE REVESTIMENTO
- Cutícula - A minhoca e a sanguessuga têm o corpo protegido por uma camada de cutícula fina, resistente e flexível. Esta parece uma camada de verniz e evita a perda de água.
- Quitina - Os insetos têm o corpo protegido por uma substância rígida e resistente - quitina - que forma o exoesqueleto. A quitina é flexível nas articulações para permitir os movimentos do corpo e evita a perda de água. a quitina não é extensível por isso os animais que a têm sofrem mudas periódicas para poderem crescer.
- Placas calcárias - a estrela-do-mar e o ouriço-do-mar têm o corpo protegido por várias placas calcárias unidas que possuem espinhos móveis. Este tipo de revestimento evita a perda de água.
- Concha Calcária - O caracol e o búzio têm o corpo protegido por uma concha calcária formada por uma só peça - concha univalve. O mexilhão e a amêijoa têm o corpo protegido por uma concha calcária formada por duas peças - concha bivalve. A concha calcária é um revestimento muito duro e resistente, que serve de abrigo e impede a perda excessiva de água.
- Pele nua - Os anfíbios, como a rã, sapo, perereca, tritão e a salamandra, não têm qualquer tipo de revestimento do corpo estando este coberto por pele nua - pele que não possui qualquer tipo de formação protetora. A pele da maior parte dos anfíbios é fina, úmida e escorregadia, pois possui glândulas que produzem um líquido pegajoso. A pele nua não protege o corpo da temperatura exterior - não é isoladora térmica - e não evita a perda excessiva de água.
- Pele com escamas - A maior parte dos peixes têm o corpo protegido por escamas que estão fixas na zona profunda da pele. As escamas profundas são independentes umas das outras e crescem ao mesmo tempo em que o corpo do peixe. Na pele dos peixes é produzido um líquido viscoso que torna as escamas escorregadias. Os répteis têm o corpo protegido por escamas que estão fixas na zona superficial da pele. Estas escamas superficiais estão ligadas umas às outras e não crescem. Por isso, os répteis sofrem mudas de crescimento periódicas. Os répteis têm escamas ásperas e secas. As escamas não protegem o corpo da temperatura exterior - não são isoladoras térmicas'. Nos quelônios a carapaça (casco) é formada pela fusão de sua coluna vertebral achatada com as costelas. Unida ao plastrão (parte ventral do casco), a carapaça forma uma caixa óssea rígida, revestida por placas de queratina, que serve de proteção contra os predadores.
- Pele com penas - As aves têm o corpo protegido por penas que estão fixas na zona profunda da pele. As penas constituem uma boa proteção contra as variações da temperatura do meio, ajudando a manter a temperatura do corpo constante - são bons isoladores térmicos. Nas aves voadoras, as penas facilitam o voo, porque resistem à passagem do ar. As penas das asas e da cauda intervêm na orientação do voo. Nas aves aquáticas, as penas evitam a passagem da água até elas, pois estão cobertas por uma substância gordurosa - são impermeáveis.
- Pele com pelos – Grande parte dos mamíferos tem a pele coberta de pelos que servem para isolamento térmico. O corpo é constituído de duas camadas: uma mais interna, a derme, e outra mais externa, a epiderme.
Você sabia que caranguejos e aranhas, trocam de pele? É chamado de ecdise: nome dado à troca de pele entre os animais artrópodes – bichos que possuem exoesqueleto, ou seja, um esqueleto externo. Nesse caso, como o esqueleto está do lado de fora do corpo, é preciso trocá-lo de tempos em tempos para que o bicho cresça. Mas também existem répteis que trocam de pele, como é o caso das cobras. Aí, o objetivo é renovar a pele antiga, que se desgasta.
Répteis
A mudança de pele nos répteis é um processo normal e desejável, que promove a renovação dos tecidos e o crescimento. É muito importante que os répteis mudem a pele por completo, uma vez que se a pele velha não for substituída, pode causar problemas no crescimento nos novos tecidos e levar ao “apodrecimento”, necroses, de membros ou espinhos. Geralmente aconselha-se o aumento ligeiro da umidade dos terrários quando o animal começa a dar os primeiros sinais de que vai renovar a pele, seja borrifando o ambiente, ou criando uma toca úmida específica para o efeito. Se quer ajudar o seu réptil a mudar de pele, dê-lhe banho de água morna e tenha uma superfície ligeiramente rugosa no terrário. Não puxe pela pele que ainda não está pronta para sair. Os répteis, sobretudo as cobras e lagartos, são particularmente afetados pela muda de pele. Alguns indivíduos mostram-se mais nervosos ou mal dispostos e reagem com agressividade se forem manuseados. A maioria dos répteis perde o apetite assim que começam a mudar de pele. Alguns deixam de comer, outros apenas reduzem a quantidade de comida ingerida. As cobras podem suspender a alimentação assim que surgem os primeiros sinais de muda. Quando isto acontece, os répteis voltam à dieta normal assim que a muda termina. É normal alguns répteis alimentarem-se da pele que mudam, o que não causa qualquer problema.
Lagartos
Iguana Azul
Os lagartos renovam a pele por partes, embora haja alguns geckos que façam a muda quase toda de uma só vez. Um dos sinais da renovação da pele é a mudança de cor: os sítios onde a pele se solta primeiro ficam mais pálidos. A renovação da pele geralmente começa na cabeça ou ao longo da espinha e a cauda é a última parte a renovar-se. O ritmo de muda difere de animal para animal, mas no geral, um lagarto faz a muda completa numa a duas semanas. Um lagarto saudável muda de pele uma vez por mês ou de 6 em 6 semanas. Nos jovens em crescimento, a frequência pode ser maior.
Serpente
A muda de pele nas cobras é bastante particular. A pele desse animal cobre o corpo todo, incluindo os olhos (onde existe uma membrana transparente para proteção). Quando chega a época de trocar de pele, essa membrana se solta e os olhos ficam com aparência esbranquiçada. Então, a cobra começa a trocar a pele pelo focinho, esfregando-se em pedras e galhos. Diferentemente de outros animais, ela deixa a pele inteira para trás (e virada do avesso). Esse processo costuma se repetir uma vez por mês ao longo da vida do bicho – que pode chegar a décadas em cativeiro.
Tigre d'agua
Tanto as tartarugas terrestres como as aquáticas e as semi-aquáticas mudam a pele. As tartarugas fazem a muda por partes, tal como os lagartos. A pele não se solta de uma só vez e tende a ficar pendente. O casco velho e fosco vai descamando e dando lugar pra um casco novo e brilhante.
Artrópodes
A principal característica dos artrópodes é justamente a presença de um exoesqueleto de quitina, que lhes conferem sustentação para músculos e órgãos e proteção contra agentes externos, como choques físicos e desidratação principalmente. No entanto, essa “armadura” rígida impede o crescimento do animal de maneira direta. Para que os artrópodes, e especificamente os insetos, possam aumentar seu volume, é necessário que ocorra o rompimento dessa estrutura para possibilitar a expansão corporal, através de um processo chamado ecdise ou muda. Todo processo de mudança de carapaça é controlado por ações hormonais.
No momento de trocar a casca, o caranguejo fica escondido em um buraco – ele quase não se move e acumula energia. Quando a casca se quebra, o bicho libera um líquido branco, formado por substâncias como hormônios e proteínas. É a partir desse líquido que se formará a nova casca (em cerca de 50 dias). Esse processo se repete até ele ficar adulto (entre 2 e 3 anos). Ao atingir o tamanho final, a troca de carapaça se torna desnecessária.
caranguejeira
A troca funciona assim: o animal procura um lugar para se esconder, como tocas ou buracos, e permanece ali entre 5 e 10 dias – sem comer, até o que o processo tenha fim. Quando a estrutura externa cai, uma nova nasce no lugar – a aranha precisa ficar escondida por até mais 10 dias, enquanto o exoesqueleto seca. Em geral, quando são adultas, as aranhas trocam de pele uma vez por ano (é um processo de renovação da pele desgastada).
O inseto cresce, a "carapaça", porém, fica igual. O inseto começa a se sentir preso na carapaça e seu próprio corpo, inchado, acaba rompendo o exoesqueleto. Durante a época da muda, o animal torna-se particularmente vulnerável ao ataque dos predadores, o animal move-se lentamente e por curtas distâncias. No caso particular dos artrópodes terrestres, há uma agravante: a carapaça recém-formada não é tão eficaz para dificultar a evaporação, e os animais estão sujeitos à desidratação.
Borboleta/ Mariposa
borboleta
Quando saem do casulo, as asas ainda estão amassadas e molhadas. A borboleta só está pronta para voar quando elas estiverem bem secas.
Quando esse bicho sai do ovo, já é parecido com a forma que terá quando adulto – só não tem asas, é de outra cor e possui aparelho reprodutor ainda não totalmente desenvolvido. Até chegar à fase adulta, ele troca de pele muitas vezes. Na última mudança, o gafanhoto se pendura em um galho, usando as pernas traseiras e de cabeça para baixo. Então, o conjunto total da pele rasga a parte de traz do corpo e surgem as asas. Pronto, ele é um gafanhoto adulto!
E o ser humano?
Embora você não perceba, a gente também troca de pele. Nosso organismo não para de produzir células, que vão subindo pelas camadas da pele como se fossem uma fila andando, até serem eliminadas. Cada célula é capaz de se manter viva por três a quatro semanas depois de ter sido formada. Passado este tempo, seu destino é um só: se soltar de nosso corpo e cair na forma de pó.
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