Se você gosta de História, é possível que tenha ouvido falar sobre
casos de animais que teriam sido condenados durante a Idade Média por cometer
crimes — como devorar plantações e atacar humanos desavisados, por exemplo. Os bichos são nossos amigos, nossos servos,
nossa comida. Mas, na Antiguidade e na Idade Média, foram também santos,
bruxos, políticos - e até bandidos.
INCITATUS: O CAVALO QUE QUASE FOI SENADOR
O Imperador Calígula, que reinou
em Roma entre os anos 37 e 41, tem fama de cruel e insano. Mas não se pode
dizer que tenha sido maldoso com os animais. Não com os seus, pelo menos.
Calígula tinha uma grande tropa de cavalos, dos quais gostava muito. O
principal era Incitatus (nome que significa “O motivado”), que tinha 20
funcionários cuidadores ao seu dispor. Calígula mandou construir uma pequena
torre de mármore e marfim para servir de estábulo ao animal, e fazia de tudo
para não estressar Incitatus. Até mandar a guarda imperial aquietar a
vizinhança nos horários em que o cavalo estava dormindo. Calígula adorava
Incitatus, e frequentemente almoçava ou jantava na companhia dele. O cavalo
comia a mais fina cevada e alguns grãos selecionados, mas também há indícios de
que o imperador o tenha alimentado com vinho e diversas carnes. Além de ser
bem-tratado, o bicho tinha um futuro brilhante pela frente: Calígula queria
nomeá-lo senador de Roma. É bem possível que a conspiração que resultou no
assassinato do imperador, no ano 41, tenha sido estimulada por essa desonra (os
políticos teriam se enfurecido ao se ver equiparados a um cavalo). Alguns
historiadores afirmam que Incitatus foi morto na mesma ocasião.
O PAPA GREGÓRIO 9º E O MASSACRE DE GATOS

A grande vingança felina
A Peste Negra, uma epidemia de
peste bubônica causada pela bactéria Yersinia pestis, assolou a Europa ao longo
do século 14. Ela começou na Sicília em 1347 e se alastrou principalmente para
Itália, França, Portugal, Espanha, Inglaterra e Alemanha nos quatro anos
seguintes. Estima-se que a Peste tenha matado mais de 100 milhões de pessoas.
Uma tragédia quase inimaginável. A bactéria Y. pestis é comum em roedores, e se
espalhou devido à grande quantidade de ratos nas cidades europeias. E os ratos
proliferaram porque seus predadores naturais, os gatos, existiam em menor
número – já que o papa Gregório 9º, no século anterior, havia induzido a
população a acabar com eles (como conta o texto acima). Aqui se faz, aqui se
paga.
Gafanhotos no banco dos réus
Depois da Peste Negra, alguns
europeus passaram a acreditar que a violência do mundo animal não era só um
reflexo da fúria punitiva de Deus contra o homem. Talvez os bichos fossem
responsáveis por suas ações contra o ser humano (como espalhar doenças). E isso
deu origem a um costume insólito: julgar e condenar animais por crimes. Ratos e
porcos eram acusados de violência contra crianças e de carregar espíritos
demoníacos, e condenados à morte. Cães violentos eram proibidos de entrar em
certas vizinhanças, cavalos e jumentos preguiçosos pegavam prisão perpétua. Mas
o alvo principal eram gafanhotos e besouros, acusados de destruir plantações
nos séculos 15 e 16. Dois ou três representantes desses insetos eram levados à
presença dos juízes, em um processo que costumava se concluir com a pena de
morte. Seus cúmplices não presentes, porém, não eram esquecidos: os
destruidores de plantações eram condenados ao exílio ou à excomunhão.
GUINEFORT: DA INJUSTIÇA
À “CÃONONIZAÇÃO”

É CRIME

Segundo a publicação, de modo
geral, as criaturas maiores, como vacas, cavalos e porcos, quase sempre eram
processadas por assassinato — e condenadas ao exílio ou à morte. Em
contrapartida, os casos envolvendo bichos menores, como gafanhotos, besouros e
ratos, muitas vezes eram encaminhados às autoridades eclesiásticas, que procediam
com a excomunhão dessas criaturas por crimes como pragas, infestações e
destruição de lavouras.
Infelizmente, por mais ridículo
que pareça um bicho ser julgado por seus atos como se fosse um ser racional, os
casos envolvendo as condenações de animais não pararam na Idade Média. Em 1916,
um elefante que matou seu adestrador foi tragicamente condenado à forca, e, em
2008, um urso foi acusado de roubo após consumir o mel de um produtor de
abelhas — e a reserva florestal onde o bichinho morava foi obrigada a pagar
pelo prejuízo. Em 2016 a Índia aprisiona leões para descobrir 'culpado' pela
morte de 3 pessoas. Constantemente cachorros são condenados à morte por ataque
a humanos.
Referências Bibliográficas
http://super.abril.com.br/historia/
https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia
http://g1.globo.com/natureza/noticia/
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