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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

MANDA QUEM PODE. OBEDECE QUEM TEM JUÍZO.


“O poder não é uma autoridade exercida sobre questões de direito, mas acima de tudo um poder iminente na sociedade, que se reflete na produção de normas e valores.” (Michel Foucault)



 RELAÇÕES DE PODER
O Poder se expressa nas diversas relações sociais, assim, pode-se falar, que onde existem Relações de Poder, existe política. Por sua vez, a política se expressa nas diversas formas de poder e pode ser entendida como a política relacionada ao Estado, como também, em um sentido mais amplo, e não menos importante, em outras dimensões da vida social. Uma relação de poder se forma no momento em que alguém deseja algo que depende da vontade de outro. Esse desejo estabelece uma relação de dependência de indivíduos ou grupos em relação a outros. Quanto maior a dependência de A em relação a B, maior o poder de B em relação a A. Essa dependência aumenta à medida que o controle de B sobre o que é desejado por A aumenta.
RELAÇÕES DE PODER NO ÂMBITO DAS ORGANIZAÇÕES
Relações de poder existem e muitas vezes definem, e não necessariamente com os critérios de justiça necessários, à saúde de uma organização. Justiça implica juízo de valor, e valores são minimamente compartilhados nas organizações, contestando a antiga visão da cultura única.
Existem várias formas de poder nas organizações:
  1. Poder por coerção. Baseia-se na exploração do medo. O líder demonstra que poderá punir o subordinado que não cooperar com suas decisões ou que adotar uma postura de confronto ou indolência. As sanções podem ser desde a delegação de tarefas indesejáveis, passando pela supressão de privilégios, até a obstrução do desenvolvimento do profissional dentro da organização. Pode ser exercido por meio de ameaças verbais ou não verbais, mas devido ao risco de as atitudes do líder serem qualificadas como assédio moral, o mais comum é retaliar o empregado, afastando-o de reuniões e eventos importantes, avaliando seu desempenho desfavoravelmente ou simplesmente demitindo-o.
  2. Poder por recompensa. Baseia-se na exploração de interesses. A natureza humana é individualista e, quase sempre, ambiciosa. Ao propor incentivos, prêmios e favores, o líder eleva o comprometimento da equipe, fazendo-a trabalhar mesmo sem supervisão. A recompensa pode ser pecuniária, ou seja, em dinheiro, ou mediante reconhecimento e felicitações públicas. O risco de se usar este expediente como principal artifício para exercício do poder é vincular a motivação das pessoas e sua eficiência a algum tipo de retorno palpável e de curto prazo, inclusive enfraquecendo a autoridade do líder.
  3. Poder por competência. Baseia-se no respeito. O líder demonstra possuir conhecimentos e habilidades adequados ao cargo que ocupa, além de atitudes dignas e assertivas. Os subordinados reconhecem esta competência e a respeitam veladamente. Um exemplo fora do mundo corporativo é a aceitação de uma prescrição médica, porque respeitamos o título do médico e seguimos seu receituário mesmo sem conhecer o profissional previamente ou o princípio ativo do medicamento.
  4. Poder por legitimidade. Baseia-se na hierarquia. A posição organizacional confere ao líder maior poder quanto mais elevada sua colocação no organograma. É uma autoridade legal e tradicionalmente aceita, porém não necessariamente respeitada. Um exemplo típico é o poder que emana do “filho do dono” que pode ser questionado, embora raramente contestado, se sua inexperiência for evidenciada.
  5. Poder por informação. Baseia-se no conhecimento. O líder, por deter a posse ou o acesso a dados e informações privilegiadas, exerce poder sobre pessoas que necessitam destas informações para realizar seus trabalhos. Note-se que o mero acesso a informações valiosas é suficiente para conferir poder a estas pessoas. É o caso das secretárias de altos executivos.
  6. Poder por persuasão. Baseia-se na capacidade de sedução. O líder usa de argumentos racionais e/ou emocionais para envolver e convencer seus interlocutores da necessidade ou conveniência de realizarem certas tarefas, aceitarem decisões ou acreditarem em determinados projetos. Trabalha com base em aspectos comportamentais buscando ora inspirar, ora dissuadir os subordinados, de acordo com os objetivos pretendidos.
  7. Poder por ligação. Baseia-se em relações. O líder apropria-se de sua rede de relacionamentos para alcançar favores ou evitar desfavores de pessoas influentes. Em tempos de desenvolvimento das chamadas redes sociais, ampliar e usar relações interpessoais constitui vantagem comparativa significativa.
  8. Poder por carisma. Baseia-se na exploração da admiração. O líder adota um estilo envolvente, enérgico e positivo e alcança a obediência porque seus liderados simplesmente gostariam de ser como ele. As pessoas imitam-no, copiam-no, admiram-no com a finalidade de identificação.
Dentre essas formas de poder, pode-se identificar 3 fatores que definem sua potência:
  1. Necessidade/Urgência
  2. Escassez
  3. Insubstituibilidade
A ausência de qualquer desses fatores reduz imensamente seu poder. Não importa o quão raro e insubstituível uma obra de arte seja, ele não tem valor enquanto ninguém o desejar. Da mesma forma por mais que ar seja vital e insubstituível, ele não tem valor de troca se existe em abundância e disponível a quem quiser. O mesmo acontece com metais úteis e raros, quando puderem ser substituídos por metais comuns.
PODER E AUTORIDADE
O direito a fazer algo não significa que fazê-lo é certo. Ser detentor de poder é ter habilidade de influenciar os outros. Já a autoridade é o direito de influir sobre os outros. Poder é motivo de conquista, autoridade quase sempre delegação. Sendo assim, podemos ter poder sem autoridade como também autoridade sem poder.  A influência exercida seria o poder colocado na prática. Quando a influência cresce muito, atinge outro patamar que é o controle, situação em que muda o comportamento dos outros.  Existe poder latente, significando uma arma ou um instrumento, que pode nunca ser usado. Há também o poder relativo, que seria o poder que você tem sobre os outros dependendo de sua habilidade ao colocá-lo. Há também o poder dinâmico, configurado na mudança do poder com o tempo, à medida que os indivíduos ganham ou perdem poder em relação aos outros.
Para alguns psicólogos americanos, há pelo menos três usos gerais do poder.
  • Poder sobre -  aquele usado para fazer outra pessoa agir de determinado modo, que pode também ser chamado de dominação.
  • Poder para - que dá aos outros os meios para agir mais livremente por si mesmos, também chamado de capacitação.
  • Poder de - que pode nos proteger do poder dos outros, também chamado de resistência.
Certo fica que se você for usar o poder, primeiro terá que consegui-lo. Imaginem aquele que nunca conseguiu, de repente, sem mérito, sentir-se apto a conquistá-lo. Certamente não se dará bem, pois o processo de conquista cursa com a história pregressa, a qual precisa recomendar, do contrário nada acontecerá.  É preciso legitimidade, e esta só ocorre quando as outras aceitarem com simplicidade a liderança. Embora o poder legitimado faça lembrar autoridade, na realidade autoridade é o direito de exercer a força, enquanto no poder legitimado consiste no fato de um indivíduo acreditar que a outra possui esse direito. Há pessoas, no entanto, que vivem toda uma vida e não conseguem reunir méritos. Por onde passaram e chegaram ao poder, oprimiram, humilharam e não detém memória positiva de resultados, aprovação dos circunstantes. A propósito, a grande lição nos deu Sêneca, o grande filósofo ao afirmar: "longo é o caminho ensinado pela teoria, curto e eficaz, o do exemplo."
Poder e autoridade não são para todos! É preciso legitimidade, e esta só ocorre quando as outras aceitarem com simplicidade a liderança.
HIERARQUIA E PODER
O poder hierárquico tem como objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas. Ordena as atividades da administração ao repartir e escalonar as funções entre os agentes do Poder, de modo que cada qual exerça eficientemente o seu cargo, coordena na busca de harmonia entre todos os serviços do mesmo órgão, controla ao fazer cumprir as leis e as ordens e acompanhar o desempenho de cada servidor, corrige os erros administrativos dos seus inferiores, além de agir como meio de responsabilização dos agentes ao impor-lhes o dever de obediência.
Pela hierarquia é imposta ao subalterno a estrita obediência das ordens e instruções legais superiores, além de se definir a responsabilidade de cada um. Do poder hierárquico são decorrentes certas faculdades implícitas ao superior, tais como dar ordens e fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atribuições e rever atos dos inferiores. Quando a autoridade superior dá uma ordem, ela determina, de maneira específica, os atos a praticar ou a conduta a seguir em caso concreto. Daí é decorrente o dever de obediência. Já a fiscalizar é o poder de vigiar (policiar) permanentemente os atos praticados pelos seus subordinados. Tal se dá com o intuito de mantê-los de acordo com os padrões legais regulamentares instituídos para a atividade administrativa.
Delegar é conferir a outrem delegações originalmente competentes ao que delega. No nosso sistema não se admitem delegações entre os diferentes poderes, nem de atos de natureza política. As delegações devem ser feitas nos casos em que as atribuições objeto das primeiras forem genéricas e não fixadas como privativas de certo executor.
Avocar é trazer para si funções originalmente atribuídas a um subordinado. Nada impede que seja feita, entretanto, deve ser evitada por importar desprestígio ao seu inferior.  Rever os atos dos inferiores hierárquicos é apreciar tais atos em todos os seus aspectos para mantê-los ou invalidá-los.
MEIRELLES destaca subordinação de vinculação administrativa. A subordinação é decorrente do poder hierárquico e admite todos os meios de controle do superior sobre o inferior. A vinculação é resultante do poder de supervisão ministerial sobre a entidade vinculada e é exercida nos limites que a lei estabelece, sem retirar a autonomia do ente supervisionado.

 “O poder, em si, não constitui uma garantia moral:
o poderoso pode ter a espada na mão, mas nem por isso é dono do bem.”


(Contardo Calligaris)

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