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domingo, 14 de abril de 2019

A BELEZA DA NOSSA CAATINGA

A Caatinga existe uma impressionante quantidade de espécies da flora e da fauna, adaptadas as condições adversas do clima, inclusive com espécies endêmicas ser consideradas como um patrimônio biológico de valor inestimável. 


Solos rachados e pedregosos, árvores poucas, pequenas, sem folhas e com galhos secos e retorcidos, mandacarus e palmas na paisagem sob o sol de rachar. Esse é o falso retrato que muitos têm da Caatinga. Apesar de estar muito alterada, estudos indicam que a Caatinga possui uma grande riqueza de espécies, inclusive sendo muitas endêmicas. Abrangendo uma área de 844.453 Km2 e está presente nos oito estados do Nordeste e no Norte de Minas Gerais. É considerada o único bioma exclusivamente brasileiro. Caatinga significa na língua indígena mata (caa) - clara (tinga) e antigamente era comum ser vista como uma floresta espinhenta. A Caatinga não é uma vegetação uniforme, em algumas regiões ela se assemelha a florestas, com muitas árvores próximas, altas e com maior diâmetro, já em outras, as árvores são muito esparsas e mais baixas, caracterizada como caatinga arbustiva. Na verdade, é uma região fitogeográfica diversificada em paisagens e tipos vegetacionais ocasionada pelas variações do clima, da geomorfologia e topográfica, o que acaba influenciando a riqueza, a diversidade e a distribuição de suas espécies. A variação na altura e na densidade do estrato arbóreo dessa comunidade está relacionada principalmente com a precipitação e em menor proporção com as características químicas e físicas do solo. 

Caatinga período de estiagem

A região do semiárido que abrange esse bioma possui temperaturas elevadas, baixa umidade relativa do ar e precipitações em torno de 250-800 mm por ano. Nos seus três ou quatro meses de inverno acontece o período chuvoso, o qual ocorre de maneira bastante irregular. Já na estação da seca a Caatinga fica “dormindo” por sete a nove meses. Os rios em geral secam, a não ser o Rio São Francisco, que é perene, com água sempre fluindo em seu leito. Contudo, logo que as primeiras chuvas caem firmes, tudo revive rapidamente. A vegetação torna-se verde, surgem belas e perfumadas flores e os rios e riachos passam a correr.

caatinga período de chuvoso

VEGETAÇÃO
Devido à falta de água na maior parte do ano as plantas da Caatinga possuem várias adaptações. A principal se deve essencialmente a perda das folhas, que permite às plantas economizar água durante a estação seca. Do mesmo modo, o murchamento de suas folhas durante as horas mais quentes do dia é um mecanismo de que algumas espécies dispõem para reduzir a transpiração. Outras modificações são, em geral, cascas grossas, folhas pequenas, que no caso das cactáceas elas se transformam em espinhos, e acúmulo de água e substâncias nutritivas nas raízes, como no umbuzeiro (Spondias tuberosa), na mandioca-brava (Manihot glaziovii) e na embira (Pseudobombax marginatum), e também no caule, a exemplo da barriguda (Ceiba glaziovii), ou até nas partes verdes, como em todas as cactáceas. Lutando contra as condições impróprias de sobrevivência no período seco, algumas plantas permanecem com as folhas, como o juazeiro (Ziziphus joazeiro), o pau-ferro (Libidibia ferrea) e feijão-bravo (Cynophalla flexuosa). Além do mais, sempre há alguma árvore ou arbusto em floração ou frutificação durante todo o ano, os quais garantem recursos para fauna local.

FLORA
Os cactos revelam-se na paisagem pela sua predominância, pelas formas curiosas, muitas vezes de aspecto majestoso, e por estarem comumente associados à imagem que se faz desse bioma. São famosas três espécies: o xique-xique (Pilosocereus gounellei), emaranhado que se ramifica perto do chão; o facheiro (Pilosocereus pachycladus), alto, com seus ramos apontando para o céu; e o notório mandacaru (Cereus jamacaru), ereto e com menos espinhos. Há ainda os de menor porte, como o quipá (Tacinga palmadora), no formato de palma, e a coroa-de-frade (Melocactus sp.), semelhante a uma bola cheia de espinhos. 

cactáceas

Das bromélias, a macambira é a espécie mais difundida, com as variações macambira-de-preá (Bromelia laciniosa) e macambira-de-flecha (Encholirium spectabile), mas existem certos locais em que o caroá (Neoglaziovia variegata) é mais numeroso, sendo muito importante economicamente pela utilidade de suas fibras.

macambira

Já com relação às árvores, as espécies mais frequentes na maioria dos trabalhos de levantamento florístico realizados em áreas de Caatinga são a catingueira (Poincianella pyramidalis), a imburana-de-cambão (Commiphora leptophloeos), o pereiro (Aspidosperma pyrifolium), a pata-de-vaca (Bauhinia cheilantha), o pinhão-bravo (Jatropha mollissima), o angico-de-caroço (Anadenanthera colubrina), o bom-nome (Maytenus rigida), o umbuzeiro (Spondias tuberosa) e o juazeiro (Ziziphus joazeiro). Também são comuns a braúna (Schinopsis brasiliensis) e aroeira (Myracrodruon urundeuva), que estão ameaçadas de extinção.


Dos arbustos destacam-se as diferentes espécies de velame e marmeleiro (Croton sp.), ou ainda o cansanção e a faveleira (Cnidosculus sp.), com suas folhas e frutos cobertos de espinhos urticantes. 


A flora herbácea da Caatinga surge esplêndida no curto período chuvoso, formando um tapete de diferentes cores e formas, como as malvas (Sida sp. e Piriqueta sp.), jitiranas (Ipomoea sp.) e o feijão-de-gado (Centrosema sp.), Cebola-de-calango (Habranthus sylvaticus).

 

Com o aumento na intensidade das chuvas, algumas delas atingem até 1 m de altura e se ramificam de tal modo que torna a vegetação fechada e de difícil acesso. Apesar da riqueza e importância das ervas nos processos ecológicos, tem sido pouco estudada, principalmente sob o ponto de vista quantitativo. Lembrando que todas as plantas nativas da Caatinga são utilizadas pela comunidade, como a madeira para diversos usos, forragem para os bovinos, seus frutos servem de alimento, a produção de mel, além de diversas partes das plantas servirem como remédio e produtos de higiene.

FAUNA
As particularidades da Caatinga resultam em uma fauna diversificada formada por mais de 800 espécies animais. 
Os anfíbios, como o sapo cururu (Rhinella jimi), a perereca verde (Phyllomedusa nordestina) e as rãs também chamadas de caçote (Leptodactylus sp.), vivem ambientes úmidos e possuem adaptações na morfologia e na fisiologia do organismo que lhes possibilitam sobreviver vários meses sem água. Algumas das estratégias desses animais são escavar e enterra-se nos solos e só sair após as primeiras chuvas, procurar abrigo em bromélias e a reprodução costuma ser rápida, logo após o período chuvoso. 
Os répteis, grupo que englobam as cobras, cobras-cegas, lagartos, cágados e jacarés, possuem uma fisiologia e a reprodução mais independente da água. Alguns desses animais muito conhecidos são a iguana (Iguana iguana), o camaleão (Chamaeleo chamaeleon), o teiú (Tupinambis merianae), os calangos (Propidurus sp.), o jabuti-piranga (Chelonoidis carbonaria), a jararaca (Bothrops erythromelas), a jiboia (Boa constrictor) e a cobra-verde (Philodryas sp.).
As aves representam o grupo animal com maior número de espécies registradas. Muitas delas constroem o ninho após a época chuvosa, quando os frutos, sementes e insetos estão mais disponíveis no ambiente. Algumas aves muito difundidas entre a comunidade nordestina são o cancão (Cyanocorax chrysops) que vive em bandos, chorozinho-de-papo-preto (Herpsilochmus pectoralis), asa-branca (Patagioemas picazuro), o bacurauzinho-da-caatinga (Caprimulgus hirudinaceus) e beija-flor-verde-branco (Amazilia vesicolor). Infelizmente cerca de 13 espécies estão ameaçadas de extinção, a exemplo da arara-azul-de-lear (Anodorhynchus lear) e da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), uma das aves mais raras do mundo. 

Alguns mamíferos típicos da Caatinga são cutia (Dasyprocta aguti), gato-do-mato (Leopardus tigrinus), mocó (Keredon rupestris), preá (Cavia aperea), gato-maracajá (Leopardus wiedii) e veado-catingueiro (Mazama gouazoupira), além do tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) e do guigó-da-caatinga ou sauá (Callicebus barbarabrownae), que estão ameaçados de extinção. 
Os peixes  de água doce apesar do pouco conhecimento sobre o atual estado de conservação de que ocorrem na Caatinga, destaca-se o integrante ciclo de vida especializado dos peixes rivulídeos, os quais depositam ovos resistentes nas lagoas durante a estação seca e eclodem apenas no período chuvoso. 
Os invertebrados, como as abelhas, formigas e besouros, compõem um dos maiores grupos e ainda é pouco conhecido. Eles são a base da cadeia alimentar e polinizam as plantas, ademais são fundamentais para a manutenção dos processos ecológicos do bioma.


Atualmente são conhecidas 923 espécies de plantas, 153 de mamíferos, 510 de aves, 167 anfíbios e répteis e 240 de peixes. Esses números certamente são maiores devido a Caatinga ser um dos biomas menos estudados e por possuir sua diversidade biológica subestimada, já que 41% da sua área não foi amostrada e 80% está subamostrada. A situação torna-se mais preocupante devido ao baixo conhecimento sobre qual é o real número e quais são as espécies que estão ameaçadas de extinção nesse bioma, já que as listas de flora e fauna ameaçada de extinção estão desatualizadas e limitadas. Precisamos de inventários multidisciplinares, de modo a amostrar a real diversidade biológica nesse bioma. Também devem ser tomadas providências urgentes no combate ao desmatamento e a queimadas e na diminuição do ritmo de substituição de espécies vegetais nativas por pastagens, práticas que ainda acontecem.

2 comentários:

  1. como é bela nossa caatinga, nosso nordeste

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  2. A vegetação da caatinga é um bioma exclusivo do Brasil, mesmo seca é muito bonita. Infelizmente esta sendo exterminada como a mata atlântica e o cerrado

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