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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

PEQUENO E MORTAL

Sapos venenosos podem nos ajudar a produzir analgésicos melhores. O amarelinho aí da foto, com só 5,5 cm, tem veneno suficiente para matar 10 seres humanos. E isso pode ser chave para analgésicos mais eficientes.



Phyllobates terribilis. Esse é o nome científico do simpático anfíbio aí em cima. Ele tem 5,5 centímetros e contém veneno suficiente para matar dez pessoas numa tacada só (o que provavelmente explica o terribilis do nome).A morte é rápida: a substância secretada pela pele do animal, comum na Colômbia, impede o cérebro da vítima de enviar sinais elétricos para o resto do corpo. Todos os músculos são paralisados – inclusive o coração e o diafragma, responsável pela respiração.
O terribilis é mencionado por várias fontes como o vertebrado mais venenoso do planeta. Um mísero grama de seus alcaloides, chamados batracotoxinas, é suficiente para matar 15 mil seres humanos. Ele, porém, não é o único. Há mais de 100 espécies de anfíbios tóxicos por aí, que contam com um arsenal de algumas dúzias de substâncias letais.
A pergunta de um milhão de dólares, nesse caso, é simples: como bichinhos desse tamanho se tornaram imunes a substâncias tão perigosas – a ponto de andarem por aí com a pele besuntada por elas sem serem afetados? A resposta está em um artigo científico publicado na Science.
Ser tóxico é bom para sua sobrevivência,dá uma vantagem sobre seus predadores. Então por que não há mais animais tóxicos por aí? O estudo mostra que a principal restrição é se os animais serão capazes de desenvolver resistência às suas próprias toxinas. A evolução deu um jeito nisso exatamente da mesma maneira em três grupos diferentes de sapos.
Focaram o estudo em um grupo de sapos tóxicos típicos do Equador, que compartilham o mesmo princípio ativo: a epibatidina, um alcaloide com efeito analgésico que não vicia, mas é 200 vezes mais forte que a morfina. Seu uso terapêutico já foi considerado por médicos, mas a substância se torna letal em doses tão pequenas que não vale o risco. Eles também analisaram o material genético de sapos que secretam outras substâncias e de sapos que não secretam nada – mas servem como base de comparação. Foram coletadas, ao todo, amostras de 28 espécies.
Aqui é preciso entender duas coisas:

  1. esses sapos não produzem epibatidinas ou batracotoxinas em seu próprio organismo. Essas substâncias perigosas vêm, em geral, dos insetos e outros artrópodes de que eles se alimentam. Por isso, se um sapo quiser suar veneno pelos poros, ele precisa primeiro se tornar imune à ingestão desse veneno.
  2. essas substâncias atuam bagunçando o coreto de proteínas chamadas receptores. Os receptores ficam do lado de fora das nossas células, e permitem que elas recebam informações sobre o meio exterior. O que uma molécula tóxica faz, de maneira bem simplificada, é se disfarçar de outra molécula familiar à célula em questão – e aproveitar a semelhança para dar um comando (muito) errado a ela.
Em outras palavras, sapos venenosos tem proteínas receptoras mais malandras, que ignoram os maus conselhos dados pela epibatidina – e deixam as células seguirem sua vida em paz. Isso é pura seleção natural.  Entender as alterações genéticas que tornaram cada um desses sapos resistentes aos diferentes alcaloides pode ser o pulo do gato para desenvolver analgésicos e anestésicos mais eficientes para seres humanos.

Referência
https://super.abril.com.br/ciencia/sapos

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