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segunda-feira, 14 de agosto de 2017

BURACOS DA SIBÉRIA

 Faz um tempo que os misteriosos buracos surgidos na península de Iamal, na Sibéria (Rússia), chamam a atenção do mundo todo e despertam o interesse de cientistas, que se dedicam a estudá-los.  Ninguém sabia o que eles eram ou como tinham surgido, e agora parece que os cientistas têm uma boa ideia do que representam. Não foi uma tentativa do Surfista Prateado em transformar nosso planeta em um queijo suíço para o Galactus devorar. Mas a notícia ainda é péssima para nós.




Nem extraterrestres, nem queda de meteorito e muito menos testes nucleares. Teorias esotéricas à parte. O motivo para a existência das misteriosas crateras na Sibéria é a alta concentração de gás metano que fez com que o solo descongelasse aceleradamente.Pesquisa dores analisaram o ar coletado na parte inferior de uma das crateras, e o resultado parece apoiar uma das teorias iniciais sobre o mistério, de que o buraco tinha sido formado por metano liberado do derretimento do permafrost (solo permanentemente congelado do Ártico). A notícia é péssima porque pode indicar emissões assustadoramente altas de um poderoso gás do efeito estufa.
A primeira cratera descoberta tem cerca de 80 metros de diâmetro, pouco menor que um campo de futebol, e 60 metros de profundidade. As mais novas são menores, mas apresentam características semelhantes, como a presença montes de terras nas laterais, que sinalizam algum tipo de movimento violento de dentro para fora. A terceira cratera fica na Península Taymyr, à leste da Yamal. Ela foi descoberta acidentalmente por pastores locais, moradores do vilarejo de Nosok. O buraco tem o formato perfeito de um cone, com cerca de quatro metros de diâmetro e profundidade entre 60 e cem metros.
As mais recentes notícias dão conta de que equipes de pesquisadores acabaram de chegar à Yamal para coletar dados e amostras. Já há suspeitas, contudo, de que pode se tratar do efeito nefasto do aquecimento global, especialmente naquele lugar remoto do planeta.  A região de Yamal – que sugestivamente significa “fim do mundo” – está 1 800 quilômetros a leste de Moscou. Ela é recoberta com permafrost, solo composto por terra, gelo e rochas congeladas por milhares de anos. O permafrost aprisiona toneladas de gás carbônico e metano, os principais gases que – se liberados – contribuem para potencializar o aquecimento global.

O ESTUDO
Uma expedição do Centro Científico de Estudos do Ártico encontrou concentrações de metano de 9,6% na parte inferior da cratera – o que é 50.000 vezes maior do que a média atmosférica.
Embora seja preciso ter cautela antes de dizermos que foi o metano o responsável pelo aparecimento dos buracos, a extraordinária concentração do gás parece improvável de ser uma coincidência, ainda mais porque o metano é um pouco mais leve do que o ar.
Os verões de 2012 e 2013 na península Yamal, onde a cratera fica, foram em torno de 5°C mais quentes do que o normal. O líder da expedição, Andrei Plekhanov, disse que as altas temperaturas provavelmente derreteram o permafrost até o ponto em que ele colapsou, liberando o metano aprisionado.
Uma teoria concorrente afirma que uma única estação quente, ou mesmo duas, não é suficiente para criar um buraco tão profundo. Hans-Wolfgang Hubberten, do Instituto Alfred Wegener, acredita que, em vez de “aquecimento global”, foi uma camada espessa de gelo que aprisionou o metano conforme o solo abaixo descongelou. “A pressão do gás aumentou até ficar alta o suficiente para afastar as camadas sobrepostas em uma injeção poderosa, formando a cratera”, argumenta.
Os pesquisadores não sabem dizer se as três crateras vistas até agora se formaram ao mesmo tempo. Só a maior foi estudada. Uma delas foi vista se formando em setembro de 2013, apesar de relatos de testemunhas oculares variarem.

FUTURO PERIGOSO ?
Estabelecer o método pelo qual as crateras se formaram é importante, pois pode fornecer meios para alertar os moradores locais ou os operadores do campo de gás das proximidades Bovanenkovskoye se uma cratera estiver prestes a aparecer em algum lugar perigoso.
Além disso, caso a teoria do metano seja confirmada, os cientistas precisam entender o que isso significa para o planeta. O metano é um gás de efeito estufa muito mais potente do que o dióxido de carbono – tradicionalmente estimado em 25 vezes, mas o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas elevou esse número a 34 vezes ao longo de um período de 100 anos.
A possibilidade de um aquecimento de temperaturas globais liberar metano do Ártico tem sido o mais divulgado dos cenários possíveis para uma mudança climática descontrolada – embora alguns pesquisadores tenham questionado os cenários apocalípticos.
Plekhanov deve voltar à cratera para medir o metano aprisionado nas suas paredes, tanto para resolver a questão do processo que levou à sua formação quanto para ter uma ideia de quanto o metano está sendo liberado.
Referências
http://hypescience.com/buraco-misterioso-na-siberia-o-retorno/
http://seuhistory.com/noticias/pesquisadores-decifram-ameaca-por-tras-de-buracos-na-siberia
http://siberiantimes.com/science/casestudy/news/first-pictures-from-inside-the-crater-at-the-end-of-the-world/

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