Cerca de 40 espécies de animais estão ameaçadas de extinção no pampa gaúcho, como o veado-campeiro, o lobo-guará, o gato-palheiro e aves, como a noivinha-de-rabo-preto, a águia-cinzenta, o veste-amarela e a corruíra-do-campo.
O impacto da silvicultura sobre a diversidade do Pampa ainda é muito localizado e os efeitos de uma rápida transformação da paisagem estão recém começando. Todavia, questiona-se se as extensas áreas de transformação contínua poderão causar mudanças no padrão de distribuição das espécies. O Rio Grande do Sul está entre os estados que mais usufruiu dos incentivos fiscais para o plantio e beneficiamento de “florestas” plantadas e está entre os estados de maior potencial para o cultivo “florestal”, com destaque reconhecido para o extremo sul do estado.
Nunca se perdeu tanta biodiversidade em tempos históricos no
mundo como nos últimos 50 anos, com taxas de extinção centenas de vezes acima
do nível natural. O Brasil está entre os países que mais tem contribuído para
esse índice e, consequentemente, vem sendo cobrado nos fóruns internacionais
para adotar medidas efetivas de controle ao atual modelo de “desenvolvimento”
que tem se revelado predatório à diversidade dos biomas brasileiros.
O Bioma Pampa ocupa uma área de aproximadamente 700 mil km²,
compartilhada pelo Brasil,
Argentina e Uruguai, sendo que no território brasileiro se
distribui pela metade sul do Rio Grande do Sul, abrangendo 176.496 km², o que
corresponde a 64% do território gaúcho. O Pampa gaúcho é o único bioma
brasileiro cuja ocorrência é restrita a somente um estado e que ainda conserva
um total de 41,13% da cobertura vegetal nativa (original) - 23,03% correspondem
a formações campestres, 5,19% a formações florestais e 12,91% a formações de
transição — mosaico campo-floresta.
Isso quer dizer que mais de 50% do Pampa já está alterado ou
ocupado de alguma maneira, por alguma atividade - pecuária ou agrícola. Então
por que devemos passar a nos preocupar com o avanço de novos cultivos de
“floresta” sobre o Pampa? Porque a maioria das espécies da fauna e também da
flora dos ambientes campestres não sobrevive ao sombreamento do espaço. Elas
não estão preparadas, não se adaptam e muitas não toleram espaços sombreados, e
as que sobrevivem as mudanças procuram migrar para novas áreas ainda abertas.
De maneira que a conversão sem limites de campos em
“florestas” pode levar a uma paisagem compartimentada e empobrecida, sem
estrutura, com isolamento de habitats, desaparecimento de espécies e de baixa
eficiência energética. Atualmente, cerca de 40 espécies de animais que habitam
campos estão ameaçadas de extinção no pampa gaúcho, como o veado-campeiro, o
lobo guará, o gato-palheiro e aves, como a noivinha-de-rabo-preto, a
águia-cinzenta, o veste-amarela e a corruíra-do-campo.
No caso dessas espécies, o cultivo “florestal” não foi o
principal fator responsável pela redução de suas populações, e sim os usos combinados
que historicamente se fazem presentes. No entanto, o avanço sem controle de
atividades potencialmente transformadoras da paisagem pode ser determinante na
permanência dessas ou de outras espécies no Pampa Gaúcho.
E o que fazer? Devemos pensar melhor, associar metodologias,
elaborar e testar novas técnicas de análise do espaço. Precisamos planejar
melhor e decidir com critério as formas de transformar o nosso espaço. E se
vamos investir em uma nova matriz econômica, que seja algo que permita romper o
paradigma vigente, de antigos e ultrapassados métodos de produção.
Deve ser algo transformador, que além de obediência à
legislação, também considere as pressões dos usos já presentes, combinando os
fatores que têm feito dessa região um espaço atraente aos investimentos e ao
acesso de novos mercados. Uma nova matriz que vise a sustentabilidade, a
manutenção da vida e dos serviços prestados pela natureza e que permita
inter-relacionar cuidados ambientais, interesses econômicos e preocupações
sociais.
fonte:ecoagencia
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