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sexta-feira, 11 de maio de 2012

MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE 1

Mineração é um termo que abrange os processos, atividades e indústrias cujo objetivo é a extração de substâncias minerais a partir de depósitos ou massas minerais. A imagem um tanto negativa desta atividade junto da sociedade em geral, sobretudo nas últimas décadas, deve-se sobretudo aos profundos impactos que ela pode ter no ambiente (sobretudo os negativos) e que têm sido a causa de numerosos acidentes ao longo dos tempos.


Os minérios, tanto metálicos como não metálicos, são utilizados, como é sabido, em uma infinidade de produtos humanos, da construção civil a bens industriais. No entanto, como a mineração em geral trabalha bem distante das cidades, poucas pessoas se dão conta dos seus extraordinários impactos ambientais.
O máximo que a maioria das pessoas já viu foram as pedreiras urbanas, enquanto elas ainda eram toleradas em cidades, que deixaram enormes cicatrizes na paisagem citadina. Essas pessoas não se dão conta do assustador volume de resíduos decorrente dessa atividade.
A mineração consome volumes extraordinários de água: na pesquisa mineral (sondas rotativas e amostragens), na lavra (desmonte hidráulico, bombeamento de água de minas subterrâneas etc), no beneficiamento (britagem, moagem, flotação, lixiviação etc), no transporte por minério duto e na infraestrutura (pessoal,laboratórios etc). Há casos em que é necessário o rebaixamento do lençol freático para o desenvolvimento da lavra, prejudicando outros possíveis consumidores. 
Frente a tudo isso, uma série de impactos pode ocorrer: aumento da turbidez e consequente variação na qualidade da água e na penetração da luz solar no interior do corpo hídrico; alteração do pH da água, tornando-a geralmente mais ácida; derrame de óleos, graxas e metais pesados (altamente tóxicos, com sérios danos aos seres vivos do meio receptor); redução do oxigênio dissolvido dos ecossistemas aquáticos; assoreamento de rios; poluição do ar, principalmente por material particulado; perdas de grandes áreas de ecossistemas nativos ou de uso humano etc.
Historicamente, a atividade de mineração é a que tem mostrado o nível mais baixo de compromisso social e ambiental em comparação, por exemplo, com a exploração de petróleo. É um dos negócios onde os interesses de lucros imediatos mais flagrantemente passam por cima dos interesses públicos, como demonstram exemplos no mundo inteiro. É um dos setores mais conservadores e mais resistentes a ajustes ambientais. 

Fatores econômicos tornam os custos de recuperação ambiental menos suportáveis para essa indústria do que para a de petróleo (e até a de carvão mineral). São eles: margens de lucro mais baixas; resultados econômicos mais imprevisíveis; custos mais altos para restaurar o ambiente natural; poluição mais impactante e mais duradoura; menos capital para enfrentar essas despesas; e até mesmo qualidade inferior de mão de obra.  Por tudo isso, é um dos setores onde mais frequentemente os custos ambientais costumam ser repassados para a sociedade.
Para se reduzir os grandes impactos da mineração, será necessário aumentar as exigências ambientais e a fiscalização, obrigando a mudanças no comportamento das mineradoras. Os preços dos minerais devem igualmente refletir o enorme custo socioambiental da sua exploração, embora isso vá implicar no aumento do preço final dos produtos. Isso seria uma vantagem, ao contrário do que supõem os economistas, pois aumentaria a eficiência e diminuiria o desperdício no uso dessas matérias-primas.
Mas, assim, voltamos a um assunto recorrente: o atual nível de consumo da sociedade global é insustentável. Se desejarmos diminuir as profundas consequências da mineração, a par das medidas citadas e de muitas outras, precisamos controlar nossa síndrome consumista.


Mineração tem impactos econômicos e sociais
Ao se tratar dos problemas ambientais atuais, pouco se fala do papel dos recursos minerais e das questões relacionadas à sua exploração. O conhecimento sobre a disponibilidade desses recursos é escasso, assim como a exploração dos mesmos, se considerarmos o tamanho total da chamada litosfera, a camada do globo terrestre composta de rochas. No entanto, um planejamento para a exploração é tão necessário quanto aos diretamente relacionados à hidrosfera (água) e à atmosfera (gases). Além de estarem relacionados ao meio ambiente como um todo também possui uma dimensão social e econômica.
Segundo o geólogo Celso Ferraz(Unicamp), uma comparação é bastante ilustrativa para indicar a proporção da litosfera e da atividade direta do homem sobre ela: "Se o planeta Terra fosse reduzido ao tamanho de uma bola de futebol, a mina mais profunda já construída seria equivalente a uma pequena rasura no couro da bola, praticamente imperceptível a olho nu", afirma. No entanto, ele complementa que a relevância dos recursos minerais no dia-a-dia do ser humano é incalculável: "Para se ter uma ideia, dos 105 elementos químicos conhecidos, dos quais a grande maioria é produzida pela mineração, só um chip de computador tem 60 deles. Os recursos minerais estão associados a todos os eletrodomésticos, aos meios de transporte, e à grande maioria dos utensílios que usamos", afirma. Desse modo, estão também na maioria dos processos extrativos e industriais atuais.
Mas as consequências dessa atividade não são poucas. Para o biogeógrafo norte-americano Jared Diamond, os recursos minerais estão associados a três dos doze graves problemas ambientais com os quais o planeta convive na atualidade. O despejo de produtos químicos no meio ambiente, entre os quais estão os rejeitos de mineradoras; a dependência de combustíveis fósseis; e o esgotamento de recursos hídricos.
Com relação aos rejeitos de mineradoras, Celso Ferraz diz que eles têm um impacto pequeno em relação a outros existentes: "os rejeitos de mineradoras e de usinas metalúrgicas são, proporcionalmente, bem inferiores do que os rejeitos de outras indústrias e resíduos urbanos", afirma. O problema estaria, segundo o geólogo, na mineração ilegal, como no caso do garimpo do ouro, que lança resíduos de mercúrio no meio ambiente. Outro problema estaria em um "passivo ambiental", ou seja, uma poluição gerada pela atividade mineradora de grandes empresas quando inexistia uma legislação reguladora, o que ainda precisa ser aferido detalhadamente. Atualmente, o problema está sendo administrado, até porque a legislação obriga. Casos em que é diagnosticado um "saldo ambiental negativo elevado", ou seja, que gera danos elevados ao meio ambiente, só são autorizados mediante medidas mitigadoras e compensatórias que garantam uma efetiva melhora das condições ambientais.
No que diz respeito aos combustíveis fósseis, Celso Ferraz concorda com a gravidade apontada no livro de Jared Diamond: "O uso de combustíveis fósseis para geração de eletricidade, como óleo e carvão, é talvez o problema mais sério de poluição associado aos recursos minerais", diz. Além de pesquisas tecnológicas para reduzir os efeitos negativos da geração de eletricidade, o pesquisador defende uma solução controversa: o uso da energia nuclear, hoje responsável por 78% da energia produzida na França, 31% da Alemanha, 29% do Japão e 19% dos EUA. Quanto à escassez da água, o geólogo concorda que se trata de um grande problema no mundo atual. No entanto, o problema reside não apenas na dificuldade para sua obtenção, mas no acesso reduzido de um grande número de pessoas:
No que diz respeito às atividades de extração, o pesquisador entende que as problemáticas sociais também devem ser consideradas e a legislação já contempla esses aspectos. Hoje já é possível saber com exatidão quando será a exaustão de uma mina antes do início da sua exploração. A autorização para que a mesma ocorra só é dada mediante a apresentação e aprovação de um plano de aproveitamento que, nas suas últimas etapas, estabelece o que será feito após o esgotamento do minério. Estas últimas etapas podem, inclusive, se estender por vários anos.
Tal exigência se explica pelo fato da atividade mineradora gerar um impacto profundo nas regiões onde ocorre. Um exemplo recente é o município de Canaã dos Carajás, que teve sua população aumentada de aproximadamente 11 mil para mais de 15 mil pessoas em cerca de dois anos devido à instalação de uma das unidades da mineradora Vale. Desse modo, cabe ao poder público e à empresa de mineração, cientes de tal fato, desenvolver um planejamento minimizar os efeitos da redução da atividade econômica, do desemprego gerado, queda da arrecadação de impostos, entre outros.
Neste sentido, Celso Ferraz conclui que a resolução de problemas relacionados à exploração mineral e ao meio ambiente como um todo passa por uma abordagem sistêmica, levando em consideração a relação entre a troposfera (a esfera das atividades humanas), com as outras esferas terrestres, que são a litosfera (rochas), a hidrosfera (água), a atmosfera (gases) e a biosfera (vida). Para o geólogo, é necessário equacionar dois graves problemas: o crescimento demográfico e o crescimento da urbanização, pensando a sustentabilidade da exploração dos recursos disponíveis.
O relatório preparado por Carlos Eugênio Gomes Farias também vai ao encontro dessas preocupações e do paradigma da sustentabilidade, pensando a especificidade da atividade mineradora e suas contribuições para o desenvolvimento do país. "Quanto à relação entre mineração e meio ambiente, julgo imprescindível um permanente entrosamento entre o órgão normalizador da mineração e os órgãos ambientais fiscalizadores. A mineração, diferente de outras atividades industriais, possui rigidez locacional. Só é possível minerar onde existe minério. Esta assertiva, apesar de óbvia, sempre gera polêmicas entre mineradores e ambientalistas. A solução da questão passa por estudos que contemplem os benefícios e problemas gerados pela mineração (...)" 


MINERAÇÃO...... PARTE 2


Fonte: http://www.oeco.com.br / http://www.comciencia.br/ www2.camara.gov.br/ http://www.fem.unicamp.br/ http://www.mabnacional.org.br/

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