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terça-feira, 3 de dezembro de 2019

EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA 3ª IDADE


A Educação Ambiental pode agregar conhecimentos a todas as faixas etárias, fortalecendo uma consciência ambiental em dimensão coletiva. O conhecimento sobre o que pensam e como agem os idosos, em relação às questões ambientais, permitirá elaborar materiais educativos e elucidativos que possam gerar debates e multiplicar a atenção para o aspecto estudado. 




A sabedoria em poucas palavras

“A Educação Ambiental é pra educar o povo, pro povo ficar mais civilizado, pra entender mais as coisas.”“Ser um tanto faz pra quem a gente tanto fez, é morrer sem enterrar.”


Debater sobre Educação Ambiental(EA) atualmente já não é mais novidade. A maioria dos artigos refere-se sobre educação formal. E a educação ambiental não-formal, voltada para o público da terceira idade? Porque não inserir nossos avós nos debates? Que tal escrever sobre os relatos de consumo e vida da época. Convidar nossos vovôs e vovós para um bate-papo descontraído, mostrar para as crianças e jovens de hoje, que os costumes do ontem era tudo diferente, inimaginável pelos jovens. Captar os relatos de experiência sobre utilização de recursos naturais, o respeito, enfim a vida como ela era. 
A população idosa possui costumes e tradições mais antigos, dos seus tempos de infância e juventude. Antigamente, quando as pessoas iam fazer compras, eram utilizadas caixas de madeira, balaios(cestos) em lombos de burros, embornais (sacola confeccionada em tecido), os produtos eram embrulhados em jornal velho e amarrados por barbantes. As compras eram realizadas em vendas, armazéns ou cooperativas rurais da região. Já no meio urbano era o carrinho de metal – os famosos carrinhos de feira. O leite era vendido em garrafas de vidro retornáveis. Nos armazéns e vendas era difícil encontrar produtos embalados, tudo era pesado e embrulhado na frente do consumidor, acondicionados em sacos de papel. Se não tinha dinheiro pra pagar, anotava na caderneta. No interior a medida era saca, dúzia, penca, concha, meia,  na cidade tinha balança então era quilo.


Tudo era reutilizado, reaproveitado, o desperdício era mínimo. Era usual fabricar o próprio sabão e as poucas roupas que possuíam. Toda casa tinha uma horta,  um jardim, árvores frutíferas e animais no quintal. Todos aprenderam dessa maneira com seus pais e avós e não questionavam o motivo, simplesmente fazia-se igual. Restos de comida eram alimentos para os animais, não havia descartáveis, qualquer resíduo orgânico não ia para o lixo, e sim para a compostagem em hortas familiares. Todos esses fatores descritos pelos idosos realmente são de se admirar. São costumes que atualmente poucas pessoas têm oportunidade de reproduzir, por falta de espaço e até de tempo para dedicação. Por conta desses fatos que é explicita a necessidade de pensar em maneiras alternativas e viáveis ao estilo de vida atual para economizar recursos naturais, evitar desperdícios e aplicar a tão almejada sustentabilidade a partir da educação ambiental. 


CONTEXTUALIZANDO A 3ª IDADE

O tempo passa, as circunstâncias se alteram e todos nós vamos mudando. A inserção social de idosos na temática ambiental torna-se cada vez mais necessária. Nossos anciões podem tornar–se interlocutores de práticas e ideias, influenciando seu contexto familiar e social. Uma ponte entre a experiência e  o meio ambiente, na construção de uma participação social para o desenvolvimento ou potencialização de uma sensibilização ambiental dentro das famílias. 
Segundo o IBGE, até 2050, a população idosa vai triplicar no país. Passará dos 19,6 milhões (10% da população brasileira), registrados em 2010, para 66,5 milhões de pessoas, em 2050 (29,3%). Estima-se ainda que em 2030 haja uma inversão no cenário demográfico quando o número absoluto e o porcentual de brasileiros com 60 anos ou mais de idade e que daqui a 13 anos, os idosos chegarão a 41,5 milhões (18% da população).  Diante do envelhecimento populacional e da acelerada transição demográfica, resultantes do aumento da expectativa de vida e redução das taxas de natalidade, a importante discussão sobre a temática do envelhecimento, meio ambiente e o lugar que a educação ambiental ocupa neste território. Compreender como os fatores naturais e sociais exercem influências na qualidade de vida dos idosos, tornou-se questão fundamental para toda sociedade (PORCIUNCULA, PORTO, 2014). 
Conforme o Estatuto do Idoso (BRASIL, 2003), todo idoso tem o direito a educação, cultura e lazer de maneira que possam garantir a sua integração a vida moderna. Em contrapartida, existem poucos registros na literatura a respeito de propostas metodológicas referente à EA, que se adéquem ao universo do idoso. Segundo Leff (2001), a EA tem por objetivo buscar uma teoria alternativa de desenvolvimento que implante, através dos potenciais da natureza e dos valores democráticos, a mobilização de ações sociais e novas estratégias de vida, padrões de consumo e estilos de vida. 
Investir em EA e discutir medidas alternativas práticas e usuais, dentro e fora de casa, para a redução do desperdício e do descarte inadequado de resíduos orgânicos ou não, gerados pela humanidade são necessários. Visto que, a destinação incorreta desses resíduos apresenta-se como um sério problema em grande parte dos municípios brasileiros, podendo ser geralmente mais aparente nas grandes cidades. 


O IDOSO É UM PRIVILEGIADO EM RELAÇÃO AO TEMPO. ELE É O ÚNICO QUE EXPERIMENTOU O PASSADO E EXPERIMENTA O PRESENTE

Os idosos possuem um histórico de mudanças e transformações ambientais que não deve ser descartado, e sim valorizado. A terceira idade pode mostrar para os mais jovens os seus erros e acertos do passado. Assim, os sujeitos podem juntos, construir alternativas de superação desses obstáculos para melhorar a qualidade de vida da população. Os idosos são uma grande fonte de informação e possuem ensinamentos muito ricos de saberes. Porém, esses ensinamentos precisam ser direcionados e adaptados para os dias atuais e dentro das diretrizes da sustentabilidade. 
Nos dias de hoje, alguns idosos têm conceitos diferentes do que é desperdício e do que é necessário. Por não ter obtido um acesso fácil à água da mesma maneira que tem hoje, esses idosos não conseguem discernir o quanto desperdiçam esse recurso. Uma ação de desperdício de água, como por exemplo lavar a calçada, é considerada uma ação necessária. Pois, a calçada é a “porta de entrada” para a casa, então se a calçada está suja o visitante suja toda a casa. Segundo os idosos, uma vez que a água canalizada veio do rio e voltará para o rio, deixar a torneira aberta não é desperdício. Alguns idosos também não identificaram como um problema deixar o chuveiro aberto por muito tempo enquanto faziam outras coisas para dar tempo da água esquentar (esse é outro fator interessante, os idosos acham que o chuveiro deve ficar um tempo ligado para a água esquentar, problema esse que não é mais enfrentado atualmente). Deixar a torneira aberta enquanto lava a louça é mais um dos vícios negativos. Antigamente  na maioria das casas e fazendas, a água vinha diretamente de uma nascente, canalizada até a tanque da cozinha, onde não havia uma torneira mas sim um bica de água, jorrando constantemente o precioso líquido natural, canalizando a saída diretamente em córregos e riachos. Não era desperdício, pois a água voltava para os rios. Os costumes citados acima são alguns dos quais temos de combater. 
Antigamente o acesso aos produtos de consumo era escasso, difícil até impossível. Hoje com a globalização e o desenvolvimento tecnológico, tudo ficou mais fácil, por isto acredita-se que há desperdício por uma grande parcela dos idosos. Os quais tem acesso as informações pelos jornais, rádios e televisão, visto que essas mídias não direcionam suas informações para esta parcela da sociedade. 
Deve-se salientar que uma intervenção comunitária com os idosos também pode auxilia-los no convívio social, e isso faz parte da educação ambiental. É importante frisar que, para realizar uma ação de EA crítica e transformadora, é necessário que o educador ambiental leve em consideração todo o histórico do público alvo. Histórico cultural e temporal, como no caso dos idosos, histórico social, histórico econômico. É função do educador ambiental pesquisar alternativas viáveis que estimulem o seu público alvo a tomada de conscientização sobre o tema. Uma alternativa voltada para idosos é que os mesmos participem de projetos sociais relacionados à Educação Ambiental e exercitem o seu histórico cultural para conscientização de crianças e jovens. 
A educação ambiental é uma práxis- uma atividade prática em oposição à teoria- educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade da vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. 


Referências: 
http://revistaea.org/artigo.php?idartigo=3384
http://coleciona.mma.gov.br/wp-content/uploads/bsk-pdf-manager/Clarissa_S._Oliveira_150.pdf
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/16299
https://www.tratamentodeagua.com.br/artigo/agentes-ambientais-terceira-idade/
http://www.epea.tmp.br/epea2003_anais/pdfs/plenary/28.pdf


2 comentários:

  1. Vivemos parte disto e esquecemos, nunca pensei em inserir a 3ª idade nas atividades. Parabéns pelo texto, inovador e necessário

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  2. Muito pertinente seu texto. O país esta envelhecendo precisamos de ideias como esta. Precisamos pensar, agir e ajudar os idosos, olhar para aqueles que tanto fizeram e nos protegeram. Afinal vamos chegar lá.

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CAROS LEITORES, SEJAM BEM VINDOS!

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