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sexta-feira, 26 de abril de 2019

CAMPOS RUPESTRE: A VIDA NO ALTO DA SERRA

A vida escondida no topo de montanhas de Minas Gerais à Bahia. O céu de um azul puríssimo, montanhas coroadas de rochas, majestosas cachoeiras, águas límpidas e frias, paisagem com brilho fulgurante, matas que exibem tipos da vegetação tropical. Este ecossistema  abriga algumas das áreas de maior biodiversidade do planeta.


No alto de algumas montanhas ocorrem uma forma única de vegetação, tanto pela diversidade de espécies como pela maneira como estas se distribuem; plantas crescendo sobre pedra, em solo pedregoso ou arenoso. À noite há grande formação de neblina. Muitas espécies têm características que lhes permitem se utilizar da umidade do ar.
Os campos rupestres ou rupícolas constituem uma ecorregião. São ecossistemas encontrados sobre topos de serras e chapadas de altitudes superiores a 900 m com afloramentos rochosos onde predominam ervas, gramíneas e arbustos, podendo ter arvoretas pouco desenvolvidas. Em geral, ocorrem em mosaicos, não ocupando trechos contínuos, em áreas de transição entre o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica. Apresentam topografia acidentada e grandes blocos de rochas com pouco solo, geralmente raso, ácido e pobre em nutrientes orgânicos. Em campos rupestres, é alta a ocorrência de espécies vegetais restritas geograficamente àquelas condições ambientais (endêmicas), principalmente na camada herbácea-subarbustiva.
A composição da flora em áreas de Campo Rupestre pode variar muito em poucos metros de distância, e a densidade das espécies depende do substrato, da profundidade e fertilidade do solo, da disponibilidade de água, da posição topográfica, etc. Nos afloramentos rochosos, por exemplo, as árvores concentram-se nas fendas das rochas, onde a densidade pode ser muito variável. Há locais em que os arbustos praticamente dominam a paisagem, enquanto em outros a flora herbácea predomina. Também são comuns agrupamentos de uma única espécie, cuja presença é condicionada, entre outros fatores, pela umidade disponível no solo. Algumas espécies podem crescer diretamente sobre as rochas (rupícolas), sem que haja solo, como ocorre com algumas Aráceas e Orquidáceas.
Pela dependência das condições restritivas do solo e do clima peculiar, a flora é típica, contendo muitos endemismos e plantas raras. Entre as espécies comuns há inúmeras características xeromórficas (presença de estruturas que diminuem a perda de água), tais como folhas pequenas, espessadas e com textura de couro (coriáceas), além de folhas com disposição opostas cruzadas, determinando uma coluna quadrangular escamosa.
A destruição do ambiente está relacionada as características geológicas do terrenos inférteis originados de solos ricos em quartzo, manganês, bauxita e ferro. Os efeitos da exploração de minérios e da construção de estradas é o maior desafio. A Serra do Espinhaço, sede da maior parte dos campos rupestres, estende-se, em Minas Gerais a Bahia. São cerca de 1.200 quilômetros de comprimento e entre 50 e 200 metros de largura, dependendo do trecho. A flora dos campos rupestres é muito bem adaptada à sobrevida subterrânea – uma “floresta de cabeça para baixo”.


Sempre Viva/ Chuveirinho - Actinocephalus polyanthus é um gênero de plantas da família Eriocaulaceae, descrito em 2004. Todas as cerca de 50 espécies do gênero são endêmicas do Brasil.

Flor de Canela-de-ema (Vellozia sp) é um arbusto da família Velloziaceae. Trata-se de uma planta hermafrodita. Com a chegada do Outono, o Cerrado ganha um colorido especial, pois é época de florada uma planta que só é encontrada nesse bioma. Aparecem depois das primeiras tempestades do verão em Minas Gerais. Depois de um período de seca severa, a chuva traz vida e cor aos Campos Rupestres.

Boana cipoensis, popularmente conhecido como “perereca de pijama”, é outro belo anfíbio endêmico dos Campos Rupestres do Espinhaço, em Minas Gerais. Devido à distribuição geográfica restrita, ela tem sido afetado pela conversão dos campos naturais em pastagens, áreas de mineração e expansão urbana.

No topo das montanhas, em clima árido e solo pobre, esta orquídea cattelya  sincorana, aparece nos lugares mais improváveis, raízes agarradas nas frestas das rochas. Chapa diamantina(BA)

Casebre construído em meio às rochas da Chapada Diamantina (BA) por garimpeiros nos séculos 18 e 19. A mineração é uma ameaça antiga e recorrente à sobrevivência do Campo Rupestre. O rompimento das barragens de Brumadinho, em 2019, e Mariana, em 2015, afetaram trechos importantes de Campo Rupestre.

Trilha no Parque Estadual do Pico do Itambé, em Minas Gerais, faz parte da cordilheira do Espinhaço.

Serra da Calçada, em Minas Gerais. O clima árido e o solo pobre obrigaram a flora a desenvolver diferentes técnicas de sobrevivência nos Campos Rupestres.

A rodovia MG-010, outrora uma poeirenta estradinha de terra, serpenteia as montanhas na região do Alto Palácio, na Serra do Cipó, Minas Gerais.

O vale do Travessão, no Parque Nacional da Serra do Cipó, é o grande divisor das águas das bacias do rio Doce e do São Francisco. O parque é uma das regiões de Campo Rupestre mais visitada por turistas.

Alto do Palácio florido - Rhynchospora_speciosa- Capim estrelinha. Gramínea cujas folhas e hastes das flores partem de um bulbo escamoso. Serra do Cipó.

Como não se apaixonar? Soldadinhos e suas ninfas, parentes das cigarras, esses pequenos insetos  alimentam da seiva. Serra os Alves- Itabira/MG

Inseto da ordem dos Hemiptera (que abrangem cigarrinhas, soldadinhos e percevejos), na Serra do Cipó.

Entardecer no Monumento Natural da Serra da Calçada, situado entre os municípios de Brumadinho e Nova Lima.(MG) Apesar do clima árido e do solo pobre, a flora do Campo Rupestre conseguiu, ao longo de milhares de anos de evolução, desenvolver uma ampla diversidade de flores.

Cachoeira dos Marques- Serra dos Alves, Itabira/MG, depois de uma caminhada nada melhor que um banho nas frias águas da cachoeira.

Morro do Chapéu(BA) rico em belezas naturais, com cachoeiras, grutas, sítios históricos e arqueológicos.

Conhecida como saíra-da-serra, saíra-lagarta (Tangara desmaresti), se destaca nas matas pelas suas cores. Vive nas capoeiras e nas matas em regiões montanhosas. Serra do Caraça/MG

3 comentários:

  1. As montanhas de minas apresentam cada paisagem de tirar o folego. Cada momento observado é um fato novo e diferente

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  2. caminhar pelas trilhas ou desbravar as montanhas mineiras é uma limpeza na alma de qualquer ser vivo. A alvorada é bela e impar.

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  3. tenho uma chácara nas altas montanhas de minas. amo passar o fim de semana curtindo meu cantinho de rochas.

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