SÓ PERCEBEMOS O VALOR DA ÁGUA DEPOIS QUE A FONTE SECA.

O título remete-se a um proverbio popular. O suprimento global de água está diminuindo. De quem é a culpa? Do homem? Das mudanças climáticas naturais? Do uso indiscriminado dos mananciais? Da agroindústria? Do solo ou do desmatamento? 

Pois bem, a culpa é um conjunto sistêmico de causas, sejam naturais ou antrópicas. É um paradoxo: nossos suprimentos de água estão diminuindo ao mesmo tempo que a mudança climática está gerando chuvas mais intensas. De acordo com os modelos climáticos, um ar mais quente armazena mais umidade, e consequentemente, aumenta as precipitações. Entretanto, porque os cursos d’água e os grandes rios estão secando?

Um estudo recente da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), em Sidney, Austrália. Constatou-se que a causa seja o ressecamento dos solos em bacias de captação. Antes de uma tempestade, estas bacias costumavam ser úmidas, permitindo que o excesso de chuva caísse nos rios. Agora elas estão mais secas e absorvem mais da chuva, então menos água é escoada. Menos água entrando em nossos rios significa menos água para as cidades e fazendas. 

Solos mais secos resultam na necessidade de mais água. Essa água consumida pelo solo, não escoa para o lençol freático. Os seres vivos necessitam da água que fica na superfície. Sem água disponível, a agroindústria encontra entrave na produção, as florestas começam a morrer. Pela lógica, morrendo as florestas, com o tempo não haverá mais vida exuberante. Somente as ditas adaptativas permitiram que os seres vivos desenvolvam uma certa harmonia com o ambiente, ajustando-se, assim, para a sua sobrevivência em um determinado local. O pior que este padrão é repetido em todo o mundo, assumindo proporções sérias em lugares que já são áridos. 

As gotas de chuva que caem na terra, são classificadas em duas formas: 

• Água azul – a precipitação que entra em lagos, rios e aquíferos – e portanto, toda a água extraída para as necessidades humanas. 
• Água verde - retida como umidade do solo e usada pelo ambiente e pelo ecossistema. 

À medida que a temperatura elevada causa uma maior evaporação da água nos solos, aqueles solos secos absorvem mais da precipitação quando esta ocorre, deixando menos ‘água azul’ para o uso humano. Menos água está indo para onde possa ser armazenada para posterior uso. Ao mesmo tempo, mais chuva esta sobrecarregando a infraestrutura de saneamento nas vilas e cidades, levando a mais inundações urbanas. 

Com um futuro tão conflitante, precisa-se começar a preparar para as consequências advindas. A solução não é tão simples, contudo, conhecer o problema já é metade da luta. Extremos de cheias podem aumentar devido às maiores tempestades que vem ocorrendo, essas cheias costumam ser grandes demais para serem armazenadas para o abastecimento de água. Pequenas cheias são muito importantes para o suprimento de água, porque elas reabastecem represas, lençóis freáticos e formam a base de nosso suprimento de água.

Então qual é a solução? Nada é simples, precisamos nos adaptar a realidade emergente. Analisar cada região específica, reprojetar métodos e soluções, analisar custos benefícios. Em áreas urbanas, onde as inundações estão se tornando mais comuns, será necessário estudar incentivos a criar ‘cidades verdes’ e a armazenar ou desviar água das inundações. A cidade de Tóquio-Japão, sofria com inundações todo ano, mas eles construíram um enorme tanque subterrâneo embaixo da cidade que armazena a água da chuva e depois a libera. Esta técnica impede que a cidade seja arrasada por inundações. 

PARA SABER MAIS 

SALVEM AS VEREDAS

SALVEM O CERRADO

Referência 

Sharma, A., Wasko, C., & Lettenmaier, D. P. (2018). If precipitation extremes are increasing, why aren’t floods?. Water Resources Research, disponivel em ://www.ecodebate.com.br/2018/12/21/a-longa-seca-por-que-o-suprimento-global-de-agua-esta-diminuindo/.

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