Mais um desastre ambiental absurdo, envolvendo uma mineradora em Minas Gerais. Mais uma vez o famigerado Rio Doce vai sofrer as consequências. Mais uma vez a população que sofre as mazelas.
O maior mineroduto do mundo (Minas-Rio), rompeu-se nesta segunda-feira 12 de março. De Conceição do Mato Dentro, na região Central, até o porto do Açu, em São João da Barra (RJ), são 535 km. O vazamento aconteceu praticamente na metade do caminho, em Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata mineira, onde está a segunda estação de bombeamento. Não houve vítimas, mas o abastecimento de água está comprometido. Só na cidade, são cerca de 4.000 habitantes. No entanto, Rio Casca, onde moram cerca de 15 mil pessoas, também deve ser afetada, além de imóveis rurais.
A polpa de minério invadiu o leito do ribeirão Santo Antônio e o deixou totalmente vermelho. Na noite de segunda-feira, a cidade já estava sendo abastecida por meio de caminhões-pipa disponibilizados pela mineradora. Mas o ribeirão Santo Antônio deságua do rio Casca que é um afluente da margem direita do rio Doce. Mais uma vez o rio Doce está sendo prejudicado, diminuindo sua resiliência. A poluição, esgotos, assoreamentos, o recente desastre de Mariana – Samarco- em 2015 , agora soma-se mais este percalço em sua contabilidade ambiental deficitária.
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) enviaram equipes técnicas ao local, para avaliar a qualidade da água e, juntamente com a empresa, com a prefeitura e com a Defesa Civil da cidade, montarem um plano de ação. Só depois dessa análise será possível dar uma previsão do tempo que vai levar para normalizar o abastecimento.
A mineradora Anglo- American destaca que a polpa de minério é classificada como resíduo não perigoso pela NBR 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O Ibama afirma que não há substâncias químicas ou tóxicas e, apesar da turbidez, não há risco à saúde humana. Porém, a lama de minério inviabiliza o tratamento da água, mata a flora e o solo fértil. A empresa deve ser responsabilizada e avaliar, por meio de análises técnicas e científicas, o dano e limpar o sedimento, retirar do leito do córrego o minério que ficar sedimentado.
A apreensão tomou conta dos moradores de Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata, que, agora, esperam medidas efetivas para a normalização do abastecimento e recuperação do rio. A população depende desse ribeirão. Esperamos que as autoridades tenham responsabilidade, principalmente a Anglo American, para sanar o problema do abastecimento da água e da degradação ambiental.
Fatos e ações
- A construção desse mineroduto deixou rastros, desde soterramento de nascentes à destruição de lavouras e sítios arqueológicos.
- 300 mil toneladas é a quantidade de material que vazou.
- 1.600 toneladas é a quantidade de polpa de minério que ainda está na tubulação e que a Anglo vai drenar Bacia.
- Para mitigar a contaminação dos cursos d’água local, na retirada desse material, a empresa irá construir uma bacia de contenção.
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