Poesia é brincar com palavras como se brinca com bola, papagaio, pião. Só que bola, papagaio, pião de tanto brincar se gastam. As palavras não: quanto mais se brinca com elas mais novas ficam. Como a água do rio que é água sempre nova. Como cada dia que é sempre um novo dia. Como a brisa que passa trazendo a alegria. Vamos brincar de poesia?
A poesia sensibiliza qualquer ser humano. É a fala da alma, do sentimento. O que é poesia? Por que a poesia parece afastada de nós? Há possibilidades de a poesia estar presente no cotidiano?
A aprendizagem da interpretação da poesia compreende o desenvolvimento de coordenar conhecimentos dos vários sentidos que um texto poético proporciona. Uma forma para melhorar a aprendizagem é a aproximação constante da poesia, como também a utilização do conhecimento prévio. De acordo com a neurolinguística, somos leitores do mundo, não apenas da palavra escrita. Ser leitor é estar num lugar de observação de diversas linguagens a serem decifradas, seja um texto, um gesto, uma pintura, uma escultura ou mesmo as cidades e as pessoas.
- A compreensão do poema pode ficar comprometida se o leitor não tiver conhecimentos sobre o assunto retratado.
- As vezes a poesia exige do discente um bom conhecimento de mundo para que ele entenda.
- Interpretação e Compreensão poética não restringi à sua forma de apresentação, disposição de palavras, dos versos, das rimas e das estofes. Retrata os questionamentos, o cotidiano, a abastração.
Porque estudar poesia
- Favorece a constituição da subjetividade;
- Desperta a sensibilidade;
- Estimula a oralidade, a criatividade e a reflexão a respeito da vida;
- Favorece o desenvolvimento de uma percepção mais rica da realidade e aumenta a familiaridade com a linguagem mais elaborada da literatura;
- Amplia o repertório vocabular e a compreensão acerca do universo polissêmico da linguagem oral e escrita;
- Alarga a visão a respeito das diferentes realidades do mundo
O HOMEM
(Ofug)
Eu vi um homem matar um animal
Eu vi um homem matar um rio
Eu vi um homem matar uma árvore
Eu vi um homem matar outro homem
Eu vi um povo ir à luta
Eu vi um povo nas sombras
Eu vi um povo destruir um reino
Eu vi um povo exterminar outro povo
O homem nasceu para viver
O homem nasceu para aprender
O homem nasceu para lutar
O homem nasceu para exterminar
O homem surge com seu poder
nem Tupã consegue deter
Com tanta violência e ganância
O homem é o responsável
pela sua própria significância
SONETO
RIO DOCE
(Rogério Alvarenga)
(*) Crítica poética ao desastre ambiental de Marina/MG
Este é o rio Doce, de águas amargas
Tão doce seu nome, seu navegar
Seu longo percurso, sem trepidar
Sereno pastoreio – margens largas.
Hoje, vai triste, encolhido no leito,
Enfermo, infectado, sem salvação
Desce calado – perdida canção
Traz sua cruz carregada no peito.
Os ribeirinhos o olham de lado
Nas suas águas nem vão se banhar
De fio a pavio vai rejeitado.
Garças brancas não vão nele pousar
Seu peixe faminto é contaminado
E seu desembarque envergonha o mar.
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