O estudo dos levantes sociais
como um conjunto é importante para desmitificar o senso comum que apresenta o
povo brasileiro como historicamente cordial. Os movimentos da Primeira
República foram, em sua maioria, muito sangrentos. A guerra de Canudos, a do
Contestado e a Revolução Federalista, por exemplo, são consideradas as três
grandes chacinas da Primeira República em nosso país.
É fundamental apresentar os movimentos sociais contextualizados e garantir que sejam estudados
como levantes importantes para a configuração da política nacional.
Veja abaixo os principais
movimentos sociais que marcaram a História do Brasil.
Final do século XIX - Cangaço
Surgiu no nordeste brasileiro, grupos de homens armados conhecidos como cangaceiros. Estes grupos apareceram em função, principalmente, das péssimas condições sociais da região. O latifúndio, que concentrava terra e renda nas mãos dos fazendeiros, deixava às margens da sociedade a maioria da população. O cangaço manifestou-se como uma forma de protesto diante das injustiças sociais observadas. O nordeste perdeu seu prestigio nacional ainda durante a colônia quando a capital deslocou-se para o sudeste na cidade do Rio de Janeiro. Pouco ou nada mudou durante o Império o que gestou na população local nordestina uma grande insatisfação, principalmente diante do poderio dos grandes proprietários de terras que se apropriavam das melhores terras legando a população serem seus empregados ou manterem terras improdutivas. O cangaço durou até a década de 1930.
1888 - Abolição da Escravidão
Na época em que os portugueses começaram a colonização do Brasil, não existia mão de obra para a realização de trabalhos manuais. Diante disso, eles procuraram usar o trabalho dos índios nas lavouras; entretanto, esta escravidão não pôde ser levada adiante, pois os religiosos católicos se colocaram em defesa dos índios condenando sua escravidão. Assim, os portugueses passaram a fazer o mesmo que os demais europeus daquela época. Eles foram à busca de negros na África para submetê-los ao trabalho escravo em sua colônia. Deu-se, assim, a entrada dos escravos no Brasil. De acordo com historiadores, entre 1530 e 1850, cerca de 3,5 milhões de negros africanos foram trazidos para o Brasil para trabalharem como escravos. Contudo, a escravidão permaneceu por quase 300 anos. O principal fator que manteve o sistema escravista por tantos anos foi o econômico.
1889 - Proclamação da República
A independência do país já havia sido conquistada em 7 de setembro de 1822, através do decreto de D. Pedro I. A República, portanto, nasceu com forte apoio conservador. Longe de ter um caráter popular e revolucionário, foi elitista e continuista em vários sentidos. A Proclamação da República do Brasil foi decretada em 15 de novembro de 1889, derrubando a monarquia constitucional parlamentarista do Império e acabando com a soberania de Dom Pedro II. Liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca, que deu um golpe de estado no Império. Instituiu uma república provisória e se consagrou o primeiro presidente do Brasil.
1891- Renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca e posse de Floriano Peixoto
O período constitucional do governo Deodoro, entretanto, durou apenas 9 meses, sendo interrompido pela renúncia do presidente, em meio a uma crise política e econômica. Os preteridos pelo presidente logo se colocaram na oposição. Deodoro decidiu fechar o Congresso, em 3 de novembro de 1891. Vinte dias depois, pressionado pela Revolta da Armada, Deodoro da Fonseca renunciou, assumindo, em seu lugar, Floriano Peixoto.
1893 - Revolta da Armada (Rio de Janeiro)
Setores minoritários da Armada eram a favor da restauração da Monarquia e a alta oficialidade da marinha se opôs a Floriano Peixoto na tentativa de esvaziar o poder que o exército tinha nesses momentos iniciais da República.
1893 Revolução Federalista (Rio Grande do Sul)
As elites gaúchas reclamavam do controle excessivo do governo sobre os estados, reivindicavam maior autonomia não necessariamente derrubando a República e se opunham aos republicanos.
1896 - Guerra de Canudos (Bahia)
Ao comprar material para construir uma capela o líder espiritual Antônio Conselheiro percebeu que foi enganado pelo vendedor e disse que reclamaria ao imperador. Ele não sabia que a Monarquia já tinha saído de cena. Os republicanos criam um inimigo imaginário e´ acusando os seguidores de Conselheiro de monarquistas declaram guerra a eles.
1904 - Revolta da Vacina (Rio de Janeiro)
Época da reforma urbana do governo. A população pobre foi enxotada para a periferia e reprimida pelo Código de Posturas Municipais. O estouro da revolta ocorreu com a lei da vacinação contra a varíola. A população reclamava que os agentes de saúde invadiam as casas e obrigavam as mulheres a expor os braços e as pernas para receberem a injeção´ contrariando a moral familiar.
1910 - Revolta da Chibata (Rio de Janeiro)
Os marinheiros amotinados em navios da marinha se rebelaram porque sofriam castigos físicos com açoites de chibata mas estavam descontentes também com a relação de trabalho de cunho senhorial (os oficiais brancos) e escravista (os marinheiros negros e mulatos) os baixos salários e a falta de treinamento especializado.
1911 - Guerra do Contestado (Paraná e Santa Catarina)
O povo se revolta ao ser expulso de suas terras devido à construção de uma ferrovia e por ordem de uma madeireira que estava se instalando na região. comandado pelo líder espiritual José Maria reivindicava a posse das terras. Ele morre logo nos primeiros combates e seus seguidores esperam que ele ressuscite para instalar uma monarquia divina.
1913 - Revolta de Juazeiro (Ceará)
Em uma região carente o padre Cícero Romão Batista manipulou o povo passando a mediar o diálogo entre as elites e a mão de obra sertaneja favorecendo os proprietários de terras. O poder de persuasão do religioso fez com que os sertanejos pegassem em armas para derrubar o governador do Ceará o que beneficiou uma família local, os Acioly.
1922 - Levante do Forte de Copacabana (Rio de Janeiro)
Os Tenentes apesar de fazerem parte do exército, que detinha o poder governamental reivindicavam a modernização do país e o fim das práticas de voto de cabresto. Contaram com apoio de várias camadas dos setores médios urbanos como profissionais liberais funcionários públicos e pequenos comerciantes entre outros.
http://www.historiadobrasil.net/abolicaodaescravatura/
https://www.calendarr.com/brasil/proclamacao-da-republica/
https://educacao.uol.com.br/
https://novaescola.org.br/
http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/cangaco.htm
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