Embora não seja possível generalizar, muitos brasileiros não têm o costume de valorizar os produtos nacionais. Alguns acham que tudo que é bom vem de fora, que precisa ser importado. Porém, inúmeros inventores brasileiros já foram os responsáveis por descobertas formidáveis, capazes de interferir na vida de muita gente.
Por mais que a maioria desses inventores não tenha recebido prêmio Nobel por suas contribuições para com a humanidade e muito menos incentivo governamental, elas estão por todo o planeta, quiçá a galáxia. Mas, como é de praxe acontecer por aqui, é provável que você não conheça muitos dos grandes inventos brasileiros que marcaram a história e mudaram a relação das pessoas com o mundo.
Invento brasileiro de grande representatividade foi o balão estático, daqueles coloridos e enormes que as pessoas usam para se aventurar pelos céus. O responsável pela invenção, inclusive, foi um padre, Bartolomeu de Gusmão, que se mudou para Portugal no início do século 18. Foi nas terras da Colônia que ele observou uma bolha de sabão e percebeu que o ar quente é mais leve que o ar exterior, fator que possibilitaria criar um veículo capaz de levitar. Em 1709, então, Bartolomeu criou a "Passarola" e a exibiu para a corte portuguesa, que se impressionou com o aparelho, movido a ar quente, que era capaz de subir há mais de 4 metros de altura.
Apesar do mundo cair na história de que os irmãos americanos Orville e Willbur Wright inventaram o avião, a verdade é que os louros desse invento cabem mesmo ao brasileiro mineiro Alberto Santos Dumont. A dupla dos Estados Unidos realmente chegou a construir uma aeronave em 1903 (três anos antes da apresentação do 14 Bis), mas eles utilizaram uma espécie de catapulta para fazer o invento decolar. No caso do brasileiro, ao contrário, foi um motor a combustão que voar a máquina mais pesada que o ar ganhar os céus. Além disso, o voo inaugural do 14 Bis foi em Paris, diante de um grande número de pessoas, o que reforça a condição de Dumont como o grande pioneiro da aviação em todo o mundo. Além do avião criou o balão dirigível, relógio de pulso, chuveiro de água quente.
ABREUGRAFIA - Manoel Dias de Abreu
A descoberta da tecnologia foi feita pelo médico Manuel de Abreu, que pesquisou durante muitos anos uma forma de captar a imagem de órgãos do corpo humano. As pesquisas do brasileiro começaram a dar resultado em 1936, quando ele finalmente conseguiu usar chapas radiográficas para "fotografar" os pulmões. Isso, aliás, possibilitou que o diagnóstico de doenças como a tuberculose fosse muito mais rápido. Manuel de Abreu chegou a ser cotado para ganhar o prêmio Nobel de Medicina, em 1950, mas não foi realmente agraciado com a honra. Depois de anos de trabalho, por ironia do destino, o famoso pneumologista morreu em 1962, de câncer de pulmão.
Como no caso do avião, essa grande invenção é reivindicada por muitos países, incluindo Brasil, Estados Unidos, França, Inglaterra e Itália. Por aqui, a criação de um dispositivo mecânico de escrita é atribuída ao padre Francisco João de Azevedo, nascido na Paraíba do Norte (atual João Pessoa) em 1827. Professor de matemática e integrante de uma família de mecânicos, ele construiu um modelo que foi apresentado na Exposição Agrícola e Industrial de Pernambuco em 1861 e na Exposição Nacional do Rio de Janeiro no mesmo ano. Já em desuso, com a invenção do computador.
IDENTIFICADOR DE CHAMADA - Nélio José Nicolai
Essa invenção está tão integrada no nosso cotidiano, que ninguém quer viver em um mundo no qual o celular toca e você não sabe quem é. Inventada em 1980 pelo eletrotécnico Nélio José Nicolai, brasileiro de Belo Horizonte, ela é usada no mundo todo e, ainda assim, o brasileiro especialista em telefones não recebe nada por isso. Tudo porque ele não conseguiu registrar a patente. Ainda hoje briga na justiça, para receber a parte que lhe cabe do lucro que as empresas telefônicas conseguiram sobre sua invenção.
Curiosidade: a palavra BINA é, na verdade, uma sigla que significa “B Identifica Número A”, ou seja, o segundo aparelho revela o número do primeiro.
WALKMAN - Andreas Pavel
Esta invenção muitos dos garotos de hoje nunca deve ter ouvido falar. O pai de todos os ipods foi inventado pelo alemão Andreas Pavel, naturalizado brasileiro em 1972. Aliás, quando ele anunciou sua invenção, o aparelho era chamado de stereobelt. Após anos de brigas judiciais, o inventor e a Sony acabaram entrando em um acordo, com a empresa reconhecendo a autoria do invento.
Houve uma época em que as pessoas não contavam ainda com a tecnologia facilitada dos celulares e, mesmo assim, já tinham a necessidade de se comunicar com maior rapidez. Os orelhões, então, era a única opção para quem estivesse na rua e precisasse fazer uma ligação. Acontece que, até os anos 80, era preciso utilizar fichas metálicas, semelhantes às moedas, para usar os telefones públicos e, não raro, era preciso uma grande quantidade delas para ligações mais longas ou à outros municípios. Para acabar de vez com esse incômodo, o engenheiro Nélson Guilherme Bardini teve a ideia revolucionária, em 1978, de criar um cartão feito de PVC, com um circuito elétrico em seu interior, que permitisse às pessoas ter uma espécie de créditos de ligações. Estava nascendo, assim, o cartão telefônico. O invento se espalhou pelo mundo mas, curiosamente, só foi implantado de forma oficial em território brasileiro em 1992. Atualmente em desuso como o walkman.
SORO ANTIOFÍDICO EM PÓ - Rosalvo Guidolin
Apesar de existiram desde o século 19, os antídotos contra veneno de cobras passaram por uma revolução nos anos 2000. Isso porque um veterinário brasileiro, chamado Rosalvo Guidolin, teve a ideia de resolver criar uma versão em pó do medicamento, com prazo de validade muito maior que suas versões líquidas e que não precisa ser mantido em baixa temperatura. Conforme o veterinário, a nova versão desses antídotos foi pensada para atender os requisitos de transporte e armazenamento dos soros, que sempre enfrente problemas na hora de chegar até regiões mais remotas, onde costumam ser mais necessários. O produto solúvel, então, começou a ser produzido em São Paulo pelo Instituto Butantan, um dos mais importantes centros de excelência no assunto em todo o mundo.
A placa luminosa dos estádios só podia ser brasileira, não? O produto foi patenteado em 1996 pelo cearense Carlos Eduardo Lamboglia. A estreia do produto ocorreu dois anos depois, na Copa da França, sendo hoje indispensável em competições de inúmeros esportes. Certamente, também é usado com outras finalidades.
CORAÇÃO ARTIFICIAL - Aron de Andrade
A criação do coração artificial é do engenheiro mecânico brasileiro Aron de Andrade, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (SP). Inventado em 2000, o órgão artificial é ligado ao natural e alimentado por um motor elétrico. Antes desse desenvolvimento, havia um procedimento no qual o coração natural tinha que ser retirado na operação e substituído pelo artificial – que não durava muito tempo. No molde brasileiro, porém, nada é extraído. De acordo com Andrade, as vantagens desse padrão são muitas, como tornar a própria cirurgia bem mais simples.
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