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domingo, 15 de outubro de 2017

RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS (1) - CANDOMBLÉ X UMBANDA

Quando se fala em religiões afro-brasileiras, logo vem a mente o Candomblé e a Umbanda, pois são muito conhecidas no Brasil todo. Mas, apesar de serem duas religiões diferentes, é comum que as pessoas tentem englobá-las em uma só doutrinação. Portanto, é necessário estabelecer as inúmeras diferenças que estas crenças possuem, respeitando assim a história e as especificações de cada uma.


Mesmo sendo religiões que cultuam orixás e que fazem uso de atabaques e miçangas, tratam-se de duas vertentes que possuem diversas características diferentes. Neste caso, para entender melhor estas diferenciações é necessário começar pelo surgimento de cada uma delas.

UMBANDA
Os radicais que compõem o nome UMBANDA são, respectivamente:
AUM – BAN – DAN
Sua tradução pode ser comprovada através do alfabeto Adâmico ou Vattânico revelado ao Ocidente pelo Marquês Alexandre Saint-Yves d’Alveydre, na sua obra “O Arqueômetro”.
  • AUM significa “A Divindade Suprema”, seu símbolo sendo amplamente conhecido:
  • BAN significa “Conjunto ou Sistema”, em Adâmico é representado da seguinte forma:
  • DAN significa “Regra ou Lei”, sua expressão gráfica apresenta-se como se segue:
A união destes princípios radicais, ou AUMBANDAN, significa “O Conjunto das Leis Divinas”.
Umbanda, é a única religião criada no Brasil, em 1917 em Niterói e reúne na sua filosofia, conhecimentos do Catolicismo, do Kardecismo, do Budismo, do Islamismo e do Candomblé. Tem por base a prática da caridade e tem em uma de suas funções a elevação espiritual do médium e das entidades que governam o próprio médium. A Umbanda é uma grande expressão religiosa nacional com maiores laços com o Rio de Janeiro. Irradiou-se para os Estados de Minas Gerais, São Paulo e demais estados do Brasil. É um culto popular aceito em todas as camadas sociais e de fácil acesso.
Templo de Umbanda, Centro de umbanda ou ainda Casa de Umbanda se refere ao local onde ocorrem as reuniões dos devotos da religião umbandista bem como rituais e festas dessa religião.


CANDOMBLÉ

O Candomblé é uma religião originária da África, trazida ao Brasil pelos africanos escravizados na época da colonização brasileira (século XVI). Os Orixás são arquétipos de uma atividade ou função e representam as forças que controlam a natureza e seus fenômenos, tais como as águas, o vento, as florestas, os raios, etc. Cada Orixá tem um dia da semana a ele consagrado, por isso não se espante com a grande quantidade de baianos vestidos de branco nas sextas feiras, pois sexta-feira é dia de Oxalá, a divindade da Criação e branco é a sua cor. Oxalá é sincretizado com o Nosso Senhor do Bonfim, padroeiro da cidade do Salvador. O sincretismo entre o candomblé e a religião católica foi uma forma de defesa visando a preservação da religião proibida pelos escravocratas. É uma crença animista.
O templo em que são realizados os ritos  cerimônias e são feitas oferendas aos orixás é conhecido como Terreiro ou Candomblé. Embora nem sempre de terra batida, o nome permanece como referência aos barracões e quintais onde as celebrações eram realizadas.

A visita ao Terreiro ou Casa de Umbanda, como a qualquer outro templo religioso deve ser feita com seriedade e respeito, seguindo-se algumas regras básicas: não trajar bermuda ou roupa de banho; não tirar fotos, gravar ou filmar os cultos.

MACUMBA
É uma variação genérica atribuída aos cultos afro-brasileiros, sincretizados com influências da religião católica, do ocultismo, de cultos ameríndios e do espiritismo. Na "árvore genealógica" das religiões afro-brasileiras, a macumba é uma ramificação do candomblé​. A macumba também pode estar relacionada diretamente com os rituais que são praticados em alguns cultos afro-brasileiros, característicos pela manifestação mediúnica. Alguns consideram como macumba todo tipo de prática que envolva o trabalho de curandeiros, "pais de santo" ou mesmo charlatões, que abusam da fé das pessoas para extorquir dinheiro, dizendo serem capazes de se "comunicar com os espíritos" e fazer feitiços que beneficie ou atrapalhe a vida de determinado indivíduo. A prática da macumba é erroneamente associada com rituais satânicos ou de magia negra. Esta ideia preconceituosa surgiu e se intensificou em meados da década de 1920, quando as igrejas cristãs do país começaram a propagar discursos negativos sobre a macumba, considerando-a profana às leis de Deus. A designação "macumba" é mais popular no Rio de Janeiro, em outros locais do Brasil é conhecido como candomblé (na Bahia) e Xangô (no Recife).

ALGUNS TÓPICOS SOBRE AS DIFERENÇAS ENTRE O UMBANDA E O CANDOMBLÉ.

Sacerdotes - De Umbanda é chamado de Pai de Santo, Pai de Terreiro, Cacique, ou simplesmente Dirigente. O sacerdote de Candomblé é chamado de Babalorixá, alguns possuem o título de Babalaô. As mulheres são chamadas de Yalorixá. Só posem utilizar esses títulos que de fato teve iniciação no Candomblé e passou pelas raspagens, boris, etc. Contudo, em ambas as religiões são necessárias que o religioso passe por um processo de iniciação.

Divindades - A Umbanda trabalha com 9 Orixás, os quais estão distribuídos na chamada 7 Linhas de Umbanda. São eles: Oxalá, Ogum, Oxossi, Xangô, Iemanjá, Oxum, Iansã, Nana Burukê e Obaluaê/Omulú. Vale lembrar que na Umbanda não existe incorporação de Orixás, mas sim, de espíritos e falangeiros que trabalham na sua energia.  A Umbanda não possui qualidades de Orixás.
O Candomblé Ketu, reverencia no mínimo 16 Orixás, chegando alguns há 21 e até 72 Orixás. Na nação Jeje e na Angola, os Voduns e Nkises também passam de 20. Trabalha com as chamadas “qualidades” de Orixás, como por exemplo, Oxalá que possui as qualidades de Oxalufã (velho) e Oxaguiã (moço).

Culto - a Umbanda realiza cultos para orixás e falanges (entidades), há a incorporação das entidades, momento conhecido como transe mediúnico. O Candomblé resume-se aos cultos para orixás, ocorre a manifestação do orixá, quando a divindade aflora e se integra a personalidade da matéria.

Sacrifícios-  No candomblé ocorre sacralização dos animais equando na umbanda não há este tipo de procedimento.

Sincretismo - Alguns grupos de Umbanda assimilam mais elementos do espiritismo, dando origem ao Umbanda de mesa, na qual os adeptos costumam chamar de "Mesa Branca". Porém, a maior predominância é dos rituais, que são semelhantes aos do Candomblé. Essa predominância varia de terreiro para terreiro, dependendo da doutrina de cada pai ou mãe de santo. Se essa predominância for muito grande, chama-se de "Umbandomblé".   Apesar de alguns rituais e entidades serem as mesmas do Candomblé, existe ainda algumas particularidades que diferenciam a Umbanda do Candomblé.  - Por exemplo, os orixás no Candomblé não se comunicam diretamente com a assistência. Para que a assistência possa saber alguma coisa para melhorar sua vida, ela precisa falar com o babalorixá, que consultará os búzios. Só assim os orixás poderão orientar a pessoa sobre seus problemas. Na Umbanda, a assistência pode consultar as entidades diretamente, sem precisar do jogo de Búzios, uma vez que as entidades podem utilizar o corpo do médium para se comunicar. Essa consulta só pode acontecer nos dias de gira de trabalhos; e essa gira é especialmente para isso. Existem outras giras, como, por exemplo, a Gira de Desenvolvimento, onde os médiuns novatos praticam e se aperfeiçoam na comunicação com o orixá e entidades. [Além disso], na Umbanda, os orixás maiores ou santos (Iemanjá, Oxossi, Xangô, Ogum, Oxum, Iansã) não falam, quando eles "baixam" no terreiro (Só sua presença já é uma bênção). Os santos não têm a falange (linguajar) para que as pessoas possam entender. Eles já transcenderam da Terra [há] muitos anos e adquiriram muita luz, portanto aqui na Terra o máximo que fazem são emitir sons (ou mantras) como, por exemplo, o canto de Iemanjá, que para uns pode ser um canto e para outros um choro.  As consultas ficam por conta das entidades de cada linha como: os baianos, preto-velhos, boiadeiros, marinheiros, crianças etc; que por estarem mais próximos de nossa realidade (pois desencarnaram há apenas algumas décadas - como no caso dos preto-velhos), podem ajudar – por conhecerem bem mais de perto os problemas terrenos.

Altar-  Na umbanda o Congá - “altar sagrado” - normalmente situa-se no fundo do terreiro, de frente para o público. É composto por uma mesa onde ficam as imagens e outros apetrechos religiosos e tem relação estreita com o que está embaixo: os assentamentos ou os fundamentos do terreiro. Sua disposição é diversificada, podendo haver imagens de Jesus Cristo (nunca crucificado), de santos, de guias, de anjos, ou símbolos representativos destas entidades, além de flores, copos com água, velas, pedras e livros. Um ponto em comum é a ausência de imagens de exu e pomba-gira. O congá, muitas vezes, é chamado de altar, em referência ao altar cristão. 
Em terreiros de candomblé cada orixá tem seu lugar, um quartinho, onde ficam os objetos do orixá. Os médiuns também não precisam ficar o dia inteiro no terreiro nem dedicar todo o seu dia a ele, basta apenas ter a responsabilidade de estar nos dias de gira e cumprir sua missão com amor e caridade no coração. Os médiuns não incorporam cada um, um orixá. Os médiuns seguem a linha que os tabaqueiros e o Ogan (sabendo-se que ele só irá puxar um ponto quando o pai ou mãe de santo autorizar) puxam. Por exemplo, se estiverem cantando um ponto sobre Oxossi, os médiuns e a assistência já sabem que quem vem para trabalhar são os caboclos.

-  Incorporação( 1 )- Outra diferença básica é como os médiuns se preparam para incorporar. No Candomblé, eles dançam num círculo em movimento, rodopiando seus corpos ao som dos atabaques e outros instrumentos. Na Umbanda, o médium fica parado, acompanhando por palmas os pontos cantados e esperando o momento exato para a incorporação dos orixás ou das entidades.  Para os médiuns novatos, a mãe ou pai de santo “puxa" a linha dos orixás fazendo o sinal da cruz em sua testa e trazendo os orixás para que médium que ainda não tem experiência suficiente para incorporar o orixá sozinho, possa trabalhar (porém nesse estágio ainda não podem dar consultas nem passes).
- Incorporação(2) -  No Candomblé não existem incorporações de espíritos ou orixás. As entidades apenas oferecem energias naturais e puras, e as leituras das mensagens trazidas por eles são feitas através dos búzios. Já na Umbanda, a consulta é feita através de um médium “incorporado”, e os trabalhos são feitos pelo espírito ali incorporado com seus elementos rituais.

As cores -   Os Umbandistas lidam com as cores de uma maneira toda especial ,diferente de outras religiões .As cores possuem uma importância muito grande nos rituais. Encontra-se o uso das cores nas guias , nas roupas , nas velas e nas linhas de Umbanda. Para cada uma das linhas ( Orixás) existe uma cor correspondente: Branca/ Oxalá, Pretos-Velhos. almas. Azul / Iemanjá. Marrom / Xangô. Verde / Oxossi. Amarela / Iansã. Vermelha / Ogum. Rosa / Ibejis, crianças. Roxa / Nanã , Eguns. Branca e Preta / Omulú, Pretos-Velhos. Preta e Vermelha:/ Exús.
As cores básicas do Candomblé são: preto, vermelho e branco.

  • preto representa o silêncio e a resignação; 
  • vermelho a energia e a vida; 
  • branco o luto ‘pela morte que proporciona o renascimento e a continuidade, nada relacionados com paz ou coisas do tipo, como as pessoas pensam. 

Não são todos os adeptos que podem usar roupas coloridas. “As abyans (novatos no culto, não iniciados) usam somente roupas brancas. As iyawos (adeptos já iniciados na religião) do sexo feminino podem usar roupas coloridas, mas a camisa é sempre branca. Há cores que não podem ser usadas por  quem faz parte da religião. O uso de tais cores pelas pessoas, por força do Odu(padrões de energia) que determina a incompatibilidade, acarreta distonias de energia e a manifestação de problemas psico-físico-emocionais em face de vibrações antagônicas de tais cores. Os Orixás que usam cores claras, não podem, de modo algum, usar cores fortes. Entretanto, os Orixás que usam cores fortes, podem, se quiserem, vestir-se com cores claras. Usar preto em um funeral é desejar que aquela alma não tenha paz pela eternidade, por isso  a roupa de luto no Candomblé é o branco.

Os orixás - No Candomblé, os Orixás são considerados deuses, enquanto na Umbanda eles são considerados como espíritos ancestrais que se comunicam .

O canto - Na Umbanda, os toques de atabaque são realizados com as mãos e são acompanhados por cantos em português. O ponto cantado, nada mais é que uma oração cantada, devendo ser cantado com todo o respeito, sabendo o por que de cada palavra. São cantos de chamada, de reverência, de trabalho e de subida.
No Candomblé, os toques variam de acordo com a nação. Se for Ketu, os toques serão entoados com toques de varetas (Aguidavi), acompanhados por cantigas no dialeto Yorubá, língua daquelas divindades. Na nação Angola, o toque é realizado com as mãos, acompanhada por cantigas no dialeto Bantu. Na nação Jeje, os toques também são realizados com as mãos, e as cantigas são feitas em um de seus dialetos (Axantis, Gans, Agonis, Popós, Crus, etc.). São cantigas que fazem referencias aos itans, ou seja, lendas sobre os Orixás, Nkises e Voduns.

O culto a Exu, oferendas - No Candomblé, existe o culto a Exu, uma entidade ambivalente, positiva e negativa, bem e mal, suas virtudes e qualidades estão associadas às dos seres humanos. Para ele, são feitas oferendas – e em alguns terreiros, sacrifícios e usos de sangue animal. A Umbanda não cultua Exu e não realiza sacrifícios e oferendas.

Bebida e Fumo - Na Umbanda, quando o Orixá incorpora, alguns médiuns fazem uso do tabaco e da bebida, como vícios das próprias entidades. Mas não são todas as linhas da Umbanda que fazem uso dessas drogas, a Umbanda Branca, por exemplo, não faz. Já no Candomblé o uso de álcool e tabaco não é comum.

Passe -  Os passes são a movimentação das Vibrações Cósmicas, que circundam à tudo e à todos no Universo. Aplicados de modo geral em terreiros de Umbanda. O passe espiritual tem grande valor e importância na Umbanda caracterizando-se pela troca ativa de energia entre quem está dando o passe e aquele que recebe.  O médium que vai aplicar o passe espiritual precisa estar equilibrado emocional e espiritualmente e, se dedicar ao seu precioso dom com amor, o que é extremamente necessário para que o médium possa fazer contato com seres ou espíritos superiores e assim transmitir energias realmente benéficas a quem recebe o passe. Se a pessoa quer receber uma graça, ela deve estar receptiva para que isso aconteça.  No passe espiritual, geralmente feito com a imposição das mãos, e sendo a Umbanda muito rica em entidades, cada uma pode ter o seu modo próprio de dar o passe espiritual. Algumas entidades utilizam-se de ervas e plantas específicas, outras de tabaco, outras apenas da “varredura com as mãos”, que limpam e descarregam aqueles que tomam o passe espiritual.



A Umbanda reivindica propósitos sempre voltados para o bem, com um discurso claramente cristão. A Quimbanda, embora seus teóricos neguem, é fortemente associada à magia negra, aos trabalhos para o mal e, além de para espíritos humanos desencarnados, como na Umbanda, também se utiliza de seres não-humanos: larvas [criações da mente dos sacerdotes-magistas], demônios [Espíritos obcessores] e elementais. A Quimbanda é um culto mágico às Entidades malévolas, denominadas Exus, Quimbandeiros… Em geral, na Quimbanda só se trabalha para o mal de alguém ou então para submeter uma pessoa à vontade da outra”.

QUER SABER MAIS
https://bibocaambiental.blogspot.com/2017/10/religioes-afro-brasileiras-2-orixas.html


Referência bibliográfica
https://www.estudopratico.com.br/quais-diferencas-entre-candomble-e-umbanda/
https://umbandaead.blog.br/2016/09/02/umbanda-e-candomble-temos-semelhancas-mas-nao-somos-iguais-2/
https://papodeyawo.blogspot.com.br/2015/05/quais-diferencas-entre-candomble-e.html
http://umbanda-candomble.comunidades.net/diferencas-entre-umbanda-candomble-e-quimbanda
http://filhosdavovorita.blogspot.com.br/2011/07/diferencas-entre-religiao-de-umbanda-e.html

2 comentários:

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