De acordo com a Teoria de Gaia, a Terra é um organismo vivo assim como eu ou você. Além de ser residência de diversas formas de vida, ela mesma se comporta como um grande ser vivo, com mecanismos que ajudam a preservar os outros seres vivos que abriga.
Tudo começou em
1969, quando a Nasa pediu ao químico inglês James Lovelock que investigasse
Vênus e Marte para saber se eles possuíam alguma forma de vida. Após analisar
nossos vizinhos do sistema solar, Lovelock disse que não existia nada que
pudesse ser considerado vivo por lá. Mas, ao olhar para a própria Terra, ele
concluiu que, a biosfera do planeta é capaz de gerar, manter e regular as suas
próprias condições de meio ambiente, como um grande organismo vivo. E batizou
esse ser de Gaia, em homenagem à deusa grega da Terra. Inicialmente, a teoria foi rejeitada pela
comunidade científica, que achou a ideia com poucos fundamentos que a
comprovassem. Mas a partir dos anos 70 o lançamento de satélites trouxe dados sobre o planeta que ajudaram a reforçar
a tese central da Teoria de Gaia: o planeta tem uma capacidade de
controlar sua temperatura, atmosfera, salinidade e outras características que
mantêm o nosso lar, confortável e com condições ideais para a existência da
vida.
A metáfora do planeta vivo,
apresentado por Lovelock, é importante para visualizarmos Gaia como algo frágil
e que tem sofrido profundas agressões do ser humano, o qual quebrou o
equilíbrio do planeta. Para ele "o mundo já ultrapassou o ponto de não
retorno quanto às mudanças climáticas e a civilização como a conhecemos
dificilmente irá sobreviver".
Veja este artigo publicado no jornal inglês 'The Independent'.
Imagine uma jovem policial que se sente totalmente realizada na sua vocação. Então,
imagine-a tendo de dizer a uma família cujo filho estava desaparecido que ele
foi encontrado morto, assassinado, num bosque vizinho. Ou pense num jovem
médico que tem de lhe dizer que a sua biópsia revelou um tumor agressivo em
metástase. Médicos e policiais sabem que
muitos aceitam a verdade simples e horrenda com dignidade, mas muitos tentam em
vão negá-la. Nós livramos os juízes da terrível responsabilidade de aplicar a
pena de morte, mas ao menos eles tinham algum conforto em suas frequentes justificativas
morais. Médicos e policiais não têm como escapar de seu dever.
Este artigo é o mais difícil que
eu já escrevi, e pelas mesmas razões. Minha teoria de Gaia diz que Terra se
comporta como se estivesse viva, e qualquer coisa viva pode gozar de boa saúde
ou adoecer. Gaia me tornou um médico planetário e eu levo minha profissão a
sério. Agora, também devo trazer as más notícias.
Os centros de climatologia
espalhados pelo mundo, que são os equivalentes aos laboratórios de patologia
dos hospitais, têm relatado as condições físicas da Terra, e os climatologistas
acham que ela está gravemente doente, prestes a passar a um estado de febre
mórbida que pode durar até 100 mil anos. E eu preciso dizer a vocês, como
familiares da Terra e parte integrante dela, que vocês e a civilização em
especial estão em grave perigo.
Nosso planeta tem se mantido
saudável e apto à vida, assim como um animal, por mais de 3 bilhões de anos de
sua existência. Foi má sorte que nós tivéssemos começado a poluí-lo numa época
em que o Sol está quente demais. Nós causamos febre a Gaia e logo seu estado
irá piorar para algo parecido com um coma. Ela já esteve assim antes e se
recuperou, mas levou mais de 100 mil anos. Nós somos os responsáveis e nós
vamos sofrer as consequências: no decorrer deste século, a temperatura subirá
8C nas regiões temperadas e 5C nos trópicos. Boa parte das terras tropicais se
tornará caatinga e deserto, e não servirá mais para regulação do clima; isso se
soma aos 40% da superfície terrestre que nós já devastamos para produzir nosso
alimento. Curiosamente, a poluição por
aerossóis no hemisfério Norte reduz o aquecimento global ao refletir a radiação
solar de volta ao espaço. Esse "apagamento global" é transitório e
pode desaparecer em poucos dias junto com a fumaça que o carrega, deixando-nos
expostos ao calor da estufa global. Estamos num clima de loucos, resfriado
acidentalmente pela fumaça, e antes do fim deste século bilhões de nós
morreremos e os poucos casais férteis que sobreviverão estarão no Ártico, onde o
clima continuará tolerável.
Ao não perceber que a Terra
regula seu clima e sua composição, nós cometemos a trapalhada de tentar fazê-lo
nós mesmos, agindo como se estivéssemos no comando. Ao fazer isso, condenamos a
nós mesmos ao pior estado de escravidão. Se escolhermos ser os guardiões da
Terra, somos os responsáveis por manter a atmosfera, os oceanos e a superfície
terrestre aptos para a vida. Uma tarefa que logo acharíamos impossível e algo
que, antes de termos tratado Gaia tão mal, ela fazia para nós. Para entender o
quão impossível é a tarefa, pense sobre como você regularia a sua temperatura e
a composição do seu próprio sangue. Quem tem problemas renais conhece a dificuldade
diária inesgotável de ajustar sua ingestão de água, sal e proteínas. A muleta
tecnológica da diálise ajuda, mas não é substituto para rins saudáveis.
Meu novo livro, "A Vingança
de Gaia", expande essas ideias, mas você ainda pode perguntar por que a
ciência demorou tanto para reconhecer a verdadeira natureza da Terra. Eu acho
que é porque a visão de Darwin foi tão boa e tão clara que demorou até agora
para que ela fosse digerida. No tempo dele, pouco se sabia sobre a química da
atmosfera e dos oceanos, e teria havido pouca razão para que ele imaginasse que
os organismos modificavam seu ambiente além de se adaptarem a ele. Se fosse
sabido à época que a vida e o ambiente estão tão conjugados, Darwin teria visto
que a evolução não envolve apenas os organismos, mas toda a superfície do
planeta. Nós então poderíamos ter enxergado a Terra como um sistema vivo,
teríamos sabido que não podemos poluir o ar ou usar a pele da Terra -seus
oceanos e sistemas florestais- como uma mera fonte de produtos para nos
alimentar e mobiliar nossas casas. Teríamos sentido instintivamente que esses
ecossistemas devem ser deixados intocados porque eles são parte da Terra viva.
Então, o que fazer? Primeiro,
precisamos ter em mente a velocidade espantosa da mudança e nos dar conta do
quão pouco tempo resta para agir. Então, cada comunidade e nação precisará usar
da melhor forma os recursos que tem para sustentar a civilização o máximo que
puderem. A civilização usa energia intensamente, e não podemos desligá-la de
forma abrupta; é preciso ter a segurança de um pouso motorizado. Aqui, nas ilhas britânicas, nós
estamos acostumados a pensar em toda a humanidade e não apenas em nós; a
mudança ambiental é global, mas precisamos lidar com as consequências dela
aqui. Infelizmente nossa nação é tão urbanizada que se parece mais com uma grande
cidade, e temos apenas uma área pequena de agricultura e florestas. Dependemos
do mundo do comércio para o nosso sustento; e a mudança climática nos negará
suprimentos constantes de comida e combustível do exterior. Nós poderíamos produzir comida o
bastante para nos alimentar na dieta da 2ª Guerra, mas a noção de que há terras
sobrando para plantar biocombustíveis ou para abrigar usinas eólicas é
ridícula. Nós faremos o possível para sobreviver, mas infelizmente eu não
consigo ver os EUA ou as economias emergentes da China e da Índia voltando no
tempo e eles são as maiores fontes de emissões. O pior vai acontecer, e os
sobreviventes terão de se adaptar a um clima infernal.
Talvez o mais triste seja que
Gaia perderá tanto quanto ou mais do que nós. Não só a vida selvagem e
ecossistemas inteiros serão extintos, mas na civilização humana o planeta tem
um recurso precioso. Não somos meramente uma doença; somos, por meio da nossa
inteligência e comunicação, o sistema nervoso do planeta. Através de nós, Gaia
se viu do espaço, e começa a descobrir seu lugar no Universo. Nós deveríamos
ser o coração e a mente da Terra, não sua moléstia. Então, sejamos corajosos e
paremos de pensar somente nos direitos e necessidades da humanidade, e
enxerguemos que nós ferimos a Terra e precisamos fazer as pazes com Gaia.
Precisamos fazer isso enquanto somos fortes o bastante para negociar, e não uma
turba esfacelada liderada por senhores da guerra brutais. Acima de tudo,
precisamos lembrar que somos parte dela, e que ela é de fato nosso lar.
RESUMO
O que é
Teoria de Gaia, também conhecida como Hipótese de Gaia, é uma tese que afirma que o planeta Terra é um ser vivo. De acordo com esta teoria, nosso planeta possui a capacidade de auto sustentação, ou seja é capaz de gerar, manter e alterar suas condições ambientais.
Criação
A Teoria de Gaia foi criada pelo cientista e ambientalista inglês James Ephraim Lovelock, no ano de 1969. Contou com os estudos da bióloga norte-americana Lynn Margulis. O nome da teoria é uma homenagem a deusa Gaia, divindade que representava a Terra na mitologia grega.
A aceitação da teoria ontem e hoje
Quando foi lançada, esta teoria não conseguiu agradar a comunidade de cientistas tradicionais. Foi, primeiramente, aceita por ambientalistas e defensores da ecologia. Porém, atualmente, com o problema do aquecimento global, esta teoria está sendo revista e muitos cientistas tradicionais já aceitam algumas ideias da Teoria de Gaia.
FONTE: suapesquisa.com/ Wikipédia./ independent.co.uk/ healing-tao.com.br/artigos/teoriadegaia
Nenhum comentário:
Postar um comentário
CAROS LEITORES, SEJAM BEM VINDOS!