Poucas catástrofes naturais são tão devastadoras quanto os terremotos. Mas o que mata não é o tremor do chão, e sim as coisas que o homem constrói em cima dele.
Você pensa que está pisando em terra firme?
Provavelmente, nunca passou por um terremoto. É assustadora a sensação de que o
chão onde seus pés se apoiam se voltou, de repente, contra você. Charles Darwin,
foi pego por um tremor violentíssimo durante suas pesquisas no Chile, em 1835.
“Um terremoto destrói, em apenas um segundo, a mais arraigada de nossas
convicções, a de que caminhamos sobre terreno sólido”, comentou. “Isso gera um
sentimento de insegurança que só pode ser entendido plenamente por quem passou
por essa experiência.” O terremoto acontece, quase sempre, sem aviso prévio.
Primeiro, surge um barulho abafado, como o de um trem se movimentando debaixo
da terra. Depois, o chão começa a sacudir. Na maioria das vezes, a turbulência
dura poucos segundos e causa, no máximo, um susto. A tragédia ocorre quando o
tremor é prolongado ou intenso. O mundo vem abaixo, literalmente. Prédios,
pontes e viadutos desmoronam. O solo se racha e, em alguns casos, passa para o
estado líquido, afundando tudo o que existe em cima dele.
Da ira divina ao movimento das
placas
A Terra chacoalha muito mais do que a
maioria das pessoas imagina. Todo ano, acontecem 50.000 terremotos, dos quais
uns 100 são fortes a ponto de provocar danos em áreas povoadas. Os abalos que
arrasam cidades inteiras, como esses que você vê nas fotos ao lado, ocorrem com
uma frequência de um por ano, em média. Os gregos antigos atribuíam os
terremotos à fúria dos deuses. Já os chineses acreditavam que o mundo repousava
sobre o lombo de um boi – de vez em
quando, o animal trocava seu ponto de apoio de uma pata para a outra, fazendo a
terra balançar. Na tradição japonesa, quem sustentava o peso do planeta era um
peixe gigantesco, mergulhado na lama das profundezas e vigiado de perto por um deus, Kashima, que
o mantinha quieto. Quando Tóquio foi destruída por um terremoto, em 1855, não
foi difícil entender a causa da tragédia. Kashima tinha saído de viagem, em
peregrinação a um templo distante. O peixe aproveitou para cometer uma de suas
travessuras. O primeiro a explicar os terremotos sem
recorrer a deuses ou bichos mitológicos foi o filósofo grego Aristóteles. O
subsolo estaria repleto de “vapores” que, ao emergir para a superfície, sacodem
o chão. A teoria de Aristóteles é furada, mas valeu pelo esforço de
objetividade. Hoje se sabe que os terremotos são causados pelo movimento das
gigantescas placas que formam a superfície terrestre, as placas tectônicas.
O prodigioso bailado dos
continentes
A humanidade já percebeu, há milênios, que
os terremotos costumam ocorrer com muito mais frequência em alguns lugares do
que em outros. A explicação só surgiu em 1912, quando o geólogo alemão Alfred
Wegener (1880-1930) anunciou a sua revolucionária teoria do movimento dos continentes.
Wegener descobriu que a superfície do nosso planeta está parada só na
aparência. Na realidade, estamos instalados sobre uma casquinha bem fina, a
crosta terrestre, que flutua sobre uma enorme bola de rochas e metais
quentíssimos, num estado quase líquido. Mais tarde, descobriu-se que os
continentes e o fundo dos oceanos repousam sobre as placas tectônicas – gigantescos blocos de rocha, de aproximadamente
100 quilômetros de espessura, que flutuam sobre uma imensidão de matéria
fundida. O calor das profundezas
da Terra mantém essas placas em permanente movimento. Quando duas placas se
chocam ou se raspam, elas geram um acúmulo de pressão que acabará por provocar
um movimento brusco. Esse movimento fará vibrar tudo o que existe ao redor do
ponto de atrito, o epicentro. É por isso que os terremotos costumam acontecer
nas bordas das placas tectônicas. O Japão, a Turquia e os países dos Andes
estão na zona do perigo. Já o Brasil ocupa uma posição bem mais confortável, no
centro da Placa Sul-Americana. Isso o torna um dos lugares do mundo menos
sujeitos a terremotos.
Como se mede a força de um
tremor
A primeira escala para medir terremotos foi
desenvolvida na Itália, no final do século XVIII. Os tremores eram
classificados em “leves”, “moderados”, “fortes” e “muito fortes”. Atualmente se
usam duas escalas: a Richter e a Mercalli. A escolha depende daquilo que se
quer dimensionar. A Escala Richter, criada pelo físico americano Charles Richter
(1900-1985), registra a amplitude do movimento do solo, sem considerar o seu
impacto na superfície. A força do abalo se expressa em números que crescem em
progressão logarítmica. Um terremoto de 5 pontos é 32 vezes mais poderoso do
que um de 4 pontos, e assim por diante. Os tremores mais fortes já registrados
atingiram 8,9 pontos na Escala Richter. Já a Escala Mercalli, inventada em 1902
pelo sismólogo italiano Giuseppe Mercalli, classifica os terremotos pelos seus
efeitos.
A Califórnia à espera do Big
One
Quem tem pavor de terremoto deve evitar a
Califórnia. O reduto do cinema, dos místicos e da indústria dos chips está
situada bem na fronteira entre duas placas tectônicas, a do Pacífico e a
Norte-Americana. O ponto de encontro entre as placas já virou atração
turística. É a Falha de San Andreas, uma espécie de cicatriz que se estende por
1350 quilômetros. Toda vez que a falha se mexe, o chão balança. O que os moradores da Califórnia mais temem
é o grande terremoto, apelidado de Big One, que, segundo os sismólogos,
arrasará a região nos próximos vinte anos. O Big One será bem mais violento do
que o terremoto que destruiu boa parte de San Francisco, em 1906. Milhões de
dólares são investidos a cada ano em obras de prevenção. Mas a natureza é
caprichosa. Com todos os cuidados, em 1989, um tremor de média intensidade
virou uma tragédia que matou 250 pessoas em San Francisco.
Um país que convive com a
tragédia
Um em cada 10 terremotos acontece no Japão.
É que o país está localizado à beira de uma fossa submarina, com 6 quilômetros
de profundidade. Lá, a Placa do Pacífico afunda para o interior do planeta,
empurrada para baixo pela Placa da Ásia. O atrito entre as duas placas faz o
chão tremer. Escaldados pelo cataclismo que destruiu Tóquio e Yokohama em 1923,
os japoneses se tornaram mestres na prevenção de terremotos. O país possui 120
estações sismológicas, atentas às mínimas vibrações do solo. Do transporte
ferroviário às redes elétricas, tudo é projetado de modo a aumentar a segurança
em caso de tremores de terra. Mas a perfeição é impossível. Em 1993 um
terremoto arrasou boa parte da cidade de Kobe, apesar de todas as precauções.
Turquia, 1992: Tragédia no
encontro das placas
O terremoto que destruiu Erzican e
matou 560 pessoas tem a ver com a localização do país, sobre a pequena Placa
Turco-Egeia, espremida entre duas placas maiores que se chocam, a Eurasiana e a
Africana.
Egito, 1992: Construções
precárias agravam a destruição
Um abalo leve, de 5,3 graus na Escala
Richter, derrubou 140 edifícios no Cairo, capital do Egito, e matou mais de 500
pessoas. As Pirâmides resistiram sem sofrer danos
Cidade do México, 1985: A
falta que faz um chão firme
Construído sobre um lago aterrado, o centro
da capital mexicana veio abaixo, enquanto os subúrbios e regiões vizinhas
passavam praticamente ilesas pelo tremor
Filipinas, 1990: A morte, num
hotel cinco estrelas
Quase a metade dos 400 mortos neste
terremoto eram hóspedes de quatro hotéis cinco estrelas, no luxuoso balneário
de Banguio. Na capital, Manila, um cinema lotado desabou
Itália, 1980: O maior desastre
desde a II Guerra Mundial
O sul da Itália está situado numa área
muito propensa a terremotos. Em novembro de 1990, um abalo atingiu 627
municípios, matando mais de 5 000 pessoas.
OS PIORES CHACOALHÕES
·
O
terremoto mais mortífero da História ocorreu na China, em 1556, com 830 000
mortos. No século XX, a lista dos mais famosos inclui os seguintes:
·
1906: San
Francisco (EUA). O tremor, causado por um escorregão na Falha de San Andreas,
provocou um incêndio que destruiu a cidade e matou 700 pessoas.
·
1920: Província
de Kansu (China). Dez cidades foram arrasadas, com um total de 200 000 mortes.
·
1923: Tóquio
(Japão). Milhares de edifícios desabaram e uma onda de 11 metros de altura
varreu o litoral. A maioria das 140 000 mortes se deve ao incêndio que se
seguiu ao tremor.
·
1960: Agadir
(Marrocos). Doze mil mortos e uma destruição tão grande que o governo desistiu
de reconstruir a cidade. A área foi abandonada.
·
1976: Tangshan
(China). O terremoto mais devastador deste século, com 250 000 mortos.
·
1985: Cidade
do México. A área central, erguida sobre um lago seco, veio abaixo. Dez
mil mortos.
·
1988: Armênia.
A precariedade dos prédios e a ineficiência do regime soviético agravaram a
tragédia, que matou 25 000 pessoas.
·
1993: Kobe
(Japão). Apesar dos cuidados de prevenção, os estragos foram enormes e os
mortos, 4 000.
Algumas das vibrações causadas por um
terremoto se deslocam por dentro da Terra. Outras, pela superfície. Elas são de
quatro tipos:
- Onda Primária - A mais veloz, move-se através das rochas, a 6 km por segundo. Comprime e estica as rochas, como uma sanfona.
- Onda Secundária - Move-se para cima e para baixo, por dentro da Terra. No trajeto, sacode as rochas, que vibram como as cordas um violão.
- Onda Amorosa - A mais perigosa, apesar do nome. Faz a superfície chacoalhar de um lado para o outro, como uma cascavel.
- Onda Rayleigh - Produz ondulações na superfície, como os vagalhões no oceano. Sua força diminui com a profundidade.
A casca do mundo
Entenda o movimento das
placas tectônicas
A superfície da Terra é formada por placas
semelhantes aos gomos de uma bola de futebol. São imensos blocos de rocha
sólida, com aproximadamente 100 quilômetros de espessura, que boiam sobre um
oceano de magma – material
viscoso
e incandescente de que é formada a maior parte do planeta. As placas tectônicas
são 15, entre as grandes e as pequenas, e estão em permanente movimento. A
palavra tectônica vem do grego. Significa “em construção”.Os continentes estão
sempre mudando de lugar, acompanhando as placas, mas sua velocidade é lenta, de
apenas 5 a 10 centímetros por ano. O Brasil e a África já dançaram de rosto
colado, quando formavam o mesmo continente. Note como o litoral do Nordeste se
encaixa na grande curvatura do oeste africano. A Índia nem sempre fez parte da
Ásia. Ela era uma ilha e, ao se acoplar ao continente asiático, o impacto fez
as rochas se empilharem. Daí resultou o Himalaia.
Encontro de gigantes
As fronteiras entre as placas tectônicas
são conhecidas como falhas. É lá que ocorre a maioria dos terremotos e também
onde se concentram os vulcões. Existem três tipos mais importantes de falhas.
Falhas transcorrentes, as placas
deslizam lateralmente, uma ao lado da outra, sem se chocar de frente. O
movimento horizontal produz na superfície cicatrizes visíveis a olho nu, que
assinalam a fronteira entre uma placa e outra. A mais famosa delas é a Falha de
San Andreas, de 1 350 km de extensão, na Califórnia, responsável pela alta
incidência de terremotos na região.
Zona de subducção, uma das placas sobe na outra, dobrando-a para baixo. A placa que sofre a subducção mergulha em direção às profundezas da Terra, onde é derretida até virar magma. O movimento ocorre aos solavancos, fazendo a superfície sacudir.
Zona de subducção, uma das placas sobe na outra, dobrando-a para baixo. A placa que sofre a subducção mergulha em direção às profundezas da Terra, onde é derretida até virar magma. O movimento ocorre aos solavancos, fazendo a superfície sacudir.
Zona de colisão ou falha
normal é
a mais simples de todas. Duas placas que estão viajando em sentidos opostos se
chocam de frente. O encontro dos continentes espalha uma grande quantidade de
rochas que não têm onde se encaixar. Elas se empilham, então, sobre a
superfície, dando origem às montanhas e às cordilheiras como o Himalaia, entre
a Índia e a China.
A máquina de tremer
Sismógrafo é o aparelho que registra os
tremores de terra. A maneira de fazer isso mudou muito com o progresso
tecnológico, mas o princípio fundamental continua o mesmo. Qualquer sismógrafo
possui uma base firmemente ancorada no chão e uma espécie de caneta, presa por
fios, que oscila de acordo com o abalo. Os riscos no papel dão aos sismólogos
as informações necessárias para medir a intensidade do terremoto e a quantidade
de energia liberada em seu ponto de origem. O sismógrafo foi inventado no final
do século passado pelo geólogo inglês John Milne (1850-1913). Na sua primeira
noite no Japão, onde foi dar aulas, Milne foi saudado por um violento
terremoto. Impressionado, dedicou o resto da sua vida ao estudo dos abalos
sísmicos. Em poucos anos, ele conseguiu instalar sismógrafos em 40 pontos
diferentes do planeta.
Na ponta de uma agulha, todos
os movimentos do planeta
Assim como o eletrocardiograma acompanha as
batidas do coração, o sismógrafo registra os tremores mais sutis da crosta
terrestre, para estudar e prevenir terremotos.
Da calmaria ao apocalipse
Em 1902 o sismologista italiano Giuseppe
Mercalli inventou um sistema que classifica os tremores de terra de acordo com
os efeitos que uma testemunha pode observar. A Escala Mercalli, como ficou
conhecida, é composta por 12 estágios:
1. O tremor não é percebido pelos seres
humanos.
2. Pessoas mais sensíveis captam um leve
estremecimento, principalmente nos andares mais altos. Objetos delicados
suspensos por fios balançam um pouco.
3. Percebe-se um leve tremor dentro das
casas e prédios. É uma vibração semelhante ao efeito de um caminhão pesado
passando pela rua.
4. O tremor é sentido com força nos locais
fechados. Quem está dormindo, acorda. As janelas chacoalham. Ouve-se um barulho
de paredes rachando.
5. Todos percebem o tremor. O reboco das
paredes se solta em alguns lugares. Pratos e janelas caem no chão.
6. As pessoas se assustam com o tremor. Os
móveis saem do lugar. É difícil caminhar.
7. Todo mundo corre para a rua. O tremor é
sentido até nos carros em movimento. Danos moderados. Soam os sinos.
8. Alarma geral. As estruturas mais fracas
são danificadas. Estátuas, chaminés e muros despencam no chão.
9. Início de pânico. Construções mais
precárias desabam. Rachaduras no chão. Canalizações subterrâneas se rompem.
10. Pânico. Só os edifícios mais sólidos
ficam de pé. Algumas fissuras no chão. Os trilhos saem do lugar.
Desmoronamentos nos morros.
11. Pânico incontrolável. Poucos edifícios
resistem. Abrem-se grandes fendas no chão. Pontes, viadutos e vias elevadas vêm
abaixo.
12. Destruição total. Ondas no chão.
Objetos são jogados para o ar. É o apocalipse.
COMO AGIR EM UM TERREMOTO
• O mais seguro é ficar em campo aberto, longe de árvores, postes,
prédios e qualquer coisa que possa desabar em cima de você.
• Em casa ou no escritório, evite a proximidade de janelas ou chaminés.
Deixe o orgulho para outra hora e se jogue debaixo do móvel mais pesado que
encontrar – uma mesa,
uma cama ou uma escrivaninha. Só saia para a rua em caso de incêndio.
• Se você estiver num estacionamento, agache-se junto a uma coluna ou
parede sólida. Cuidado com os carros que podem começar a mover-se com a
inclinação do chão.
• Caso esteja ao ar livre, permaneça onde está. Fique de olho nos fios
que podem cair sobre você.
• Mesmo depois que o tremor tiver cessado, ainda será arriscado sair à rua.
Você pode ser atingido pela queda de vidros e tijolos.
• Não use elevadores. Se estiver dentro de um, aperte todos os botões
e tente sair por algum andar.
• Se estiver de carro, estacione imediatamente, longe de pontes, viadutos,
passarelas e edifícios. Desligue o motor, mas não saia.
• Dentro de um shopping center, entre na loja mais próxima e procure
ficar longe de vitrines e de prateleiras com objetos pesados.
• Fique num local protegido até acabar o terremoto. Esteja preparado
para novos abalos, que costumam ocorrer minutos depois do tremor inicial.
Em câmera lenta
O oeste da Califórnia viaja ao longo da
Falha de San Andreas
O litoral californiano faz parte da Placa
do Pacífico, que está lentamente deslizando ao longo da Placa Norte-Americana,
onde se situa o grosso dos Estados Unidos. Esse movimento fará com que, daqui a
10 milhões de anos, a parte da Califórnia onde estão Los Angeles e San
Francisco se separe do continente, virando uma ilha no Oceano Pacífico.
1. Há 40 milhões de anos, a Placa de
Farallon afundou embaixo da Placa Norte-Americana, que se aproximou da Placa do
Pacífico, em movimento para o leste.
2. O atrito entre as placas formou a Falha
de San Andreas, há 25 milhões de anos. O Golfo da Califórnia se alargou e a
região onde se situa Los Angeles começou a se deslocar para o norte.
3. No mapa atual, a faixa litorânea
prossegue seu movimento para o norte. Note a posição de San Francisco e Los Angeles
em relação à Serra Nevada, na Placa Norte-Americana.
Uma cicatriz rasga a paisagem
A Falha de San Andreas corta a Califórnia
ao longo de 1350 quilômetros. Ela assinala a área na qual a Placa do Pacífico
raspa na Placa Norte-Americana, causando terremotos.
Tipo de terreno faz a
diferença
Quando um terremoto derrubou centenas de
prédios na Cidade do México, no dia 19 de setembro de 1985, matando 10.000
pessoas, os estragos se concentraram na área central, erguida sobre o leito
seco de um lago. Os subúrbios da cidade e as regiões vizinhas praticamente não
sofreram os efeitos do tremor, cujo epicentro se localizou no litoral, a 400
quilômetros de distância. Veja no infográfico como isto aconteceu.
Uma viagem pelas rochas
A causa do tremor foi um deslocamento da
Placa de Cocos, que está afundando lentamente debaixo da Placa Norte-Americana,
perto da costa do Pacífico. As ondas sísmicas se propagaram pelo subsolo. Na
superfície, o efeito se limitou a uma leve vibração. Já a terra mole da capital
chacoalhou como gelatina.
Um escorregão no Pacífico sacudiu a Cidade
do México,
a 400 quilômetros de distância.
A aposta na prevenção
Uma vez por ano, em 1º de setembro, os
japoneses suspendem o trabalho, mas não descansam. É o Dia da Prevenção, quando
a população participa de exercícios que ensinam os procedimentos mais seguros
em caso de terremoto. Nos edifícios, os moradores praticam as instruções de
evacuação rápida. Nas escolas, os alunos aprendem a se proteger embaixo das
mesas quando não há tempo de deixar o prédio. Bombeiros percorrem as aldeias
com os “caminhões-terremoto”. Na carroceria, um mecanismo especial simula
abalos de 7 graus na Escala Richter.
Para quando o mundo balançar
Se existe um povo que se pode dizer
preparado para enfrentar os terremotos, é o japonês. Desde a tenra infância,
cada um aprende o que fazer quando a terra treme.
Ensaio geral: O Japão se
apronta para o pior
No Dia da Prevenção, os bombeiros instruem
a população sobre o abandono de prédios. Nas escolas, as crianças são
orientadas a vestir capuzes e se abrigar em baixo das mesas. Nas cidades de
maior risco sísmico, os engenheiros construíram prédios especialmente
projetados para suportar os piores terremotos. A ligação entre as partes é bem
mais firme do que nos prédios normais e a estrutura é toda de aço, que num abalo
forte curva mas não quebra, como o concreto. Um modelo desse tipo de
arquitetura é o edifício da Transamerica Corporation, em San Francisco. O
prédio se comportou bem no terremoto de 1989, quando casas e vias elevadas
vieram abaixo.
O dia em que o Brasil tremeu
Quem disse que no Brasil não tem terremoto?
Na madrugada de 30 de novembro de 1986, um tremor de 5,3 graus na Escala
Richter colocou em pânico os 23.000 habitantes de João Câmara, no Rio Grande do
Norte. Das 4 500 casas da zona urbana, 3.000 ficaram inabitáveis. Só por
milagre ninguém morreu. Os sismólogos explicaram o terremoto pela existência,
na região, de fissuras geológicas que se agitam de vez em quando. Não foi o
primeiro abalo nem o mais forte a se registrar no Brasil. Em 1955, houve um terremoto
de 6,6 graus na Serra do Tombador, no Mato Grosso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
CAROS LEITORES, SEJAM BEM VINDOS!