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sábado, 25 de abril de 2020

VIDA DE GATO

Gato na área, peludos, preguiçosos, independentes, caçadores e muito fofos.  Existe uma superstição de que ao cruzar com um gato preto, você terá sete anos de azar. Mas, se um gato preto cruzar o seu caminho, significa que ele está indo para algum lugar. Ah, cuidado com dona Chica, ela atira pau no gato. Quem não gosta de gato, certamente foi rato em outra vida. Apesar de milênios de domesticação, os gatos ainda são caçadores selvagens dentro dos nossos lares. Entenda como eles se tornaram o bicho favorito do homem. 



A Origem dos Gatos 


De acordo com um estudo genético o gato doméstico é descendente do Felis Silvestris Lybica, o qual nasceu do cruzamento entre cinco espécies selvagens distintas, ocorrido há mais de 100 mil anos. Eles estão para os gatos de hoje assim como os lobos estão para os cachorros. A domesticação do gato pelos humanos apenas começou há cerca de 10 a 12 mil anos atrás, mais precisamente quando os agricultores começaram a cultivar as primeiras variedades de cereais. A adaptação dos gatos à caça dos roedores que invadiam os locais de armazenamento dos cereais foi uma evolução nascida da necessidade humana. 

O Valor dos gatos 

A importância dos gatos foi tal que o povo egípcio os considerava sagrados. Esses animais eram tão venerados que existiam leis a proibir que os gatos fossem levados para fora do Egito. Quem fosse apanhado a traficar um gato era punido com a pena de morte e quem matasse um gato recebia pena igual. Inclusive quando um gato morria de morte natural era mumificado e os seus donos eram obrigados a usar trajes de luto. 

Deusa-gato egípcia: Bastet, símbolo da fertilidade, maternidade e da sexualidade feminina. 

Apesar de todas as proibições, acredita-se que terá sido o povo Fenício a levar os gatos nas suas embarcações para a Europa, por volta de 900 a.C., mais precisamente para Itália. Quando os romanos invadiram o Egito, os gatos começaram a acompanhar os exércitos introduzindo-se assim por toda a Europa. Foi assim que chegaram à Inglaterra onde o príncipe de Gales promulgou várias leis de proteção a este pequeno animal. Uma das mais curiosas era a lei que determinava que a pena para quem matasse um gato era paga em trigo, da seguinte forma: o gato morto era segurado pela cauda na vertical, ficando com o focinho junto ao chão e era deitado trigo sobre ele até que a ponta da cauda ficasse coberta. 
Os gatos foram, durante muito tempo, acolhidos pelos humanos como um excelente animal doméstico, apreciado pela sua beleza e habilidade em caçar roedores. Aliás essa sua habilidade foi muito usada no combate aos ratos, enquanto transmissores da Peste Bubônica. 
Apesar disso, nem todos os tempos foram bons para os gatos. Durante a Idade Média surgiram vários cultos que eram considerados demoníacos e hereges. Como os gatos faziam parte desses cultos, passaram a ser vistos como seres ligados ao demônio e às bruxarias, principalmente os de cor preta. Qualquer pessoa que fosse que fosse vista a ajudar um gato arriscava-se a ser acusada de ser bruxa e a ser torturada e queimada viva. Esta mentalidade custou a vida a centenas de milhares de gatos, que foram cruelmente perseguidos, capturados e queimados em fogueiras.  Foi também desta onda de perseguição que nasceram as superstições relacionadas com gatos, que subsistiram até ao final do século XVIII, tal como a superstição de que passar por um gato preto dá azar. Felizmente este preconceito diminuiu e durante o século XIX os gatos recuperaram a sua aceitação no seio da população. 
Atualmente os gatos são o animal doméstico mais popular em todo o mundo, fazendo companhia à população de quase todas as culturas e continuando a ser utilizados pelos agricultores como um meio barato e altamente eficaz de controlar a população de determinados roedores.


Ao longo da relação, a humanidade amou e perseguiu o pequeno felino, em uma trama ao mesmo tempo sagrada e profana. 


O Sagrado

Os gatos entraram na história da humanidade para nos proteger dos ratos. Começava ali o jogo de gato e rato – e de gato e Homo sapiens.

Deusa Céltica Cerridwen
  • Do Egito para o mundo - Os primeiros registros históricos sobre a domesticação dos gatos vêm do Egito. Um deles é uma pintura de 2 mil a.C. A amizade virou adoração religiosa por volta de 600 a.C., quando os egípcios passaram a representar a deusa Bastet com a cabeça de um gato, em vez da de um leão. Essa obsessão incondicional aos gatos cultivada pelos egípcios. Começaram a conquistar o mundo cruzando o Mediterrâneo, por volta de 500 a.C. Ao longo dos séculos, foram ampliando seus domínios. 
  • Na Grécia antiga - Os felinos exerceram um magnetismo espiritual quase na mesma medida que no Egito. O culto à deusa-gato Bastet acabou importado pelo helênicos depois que Alexandre, o Grande, conquistou a terra dos faraós, em 332 a.C. Como gregos colecionavam divindades em sua mitologia, eles se encantaram com Ísis, a deusa-mãe dos egípcios, que representa o amor fraternal. Então reescreveram o mito com suas próprias palavras, e nos séculos seguintes Ísis foi associada a Bastet e ganhou outro nome: Bubastis. Ísis, inclusive, está na origem da mística do gato preto. Naquela época, o preto representava a noite, não tinha nada a ver com o demônio ou com o azar. E como foi Ísis quem criou a noite, o preto era a sua cor. 
  • Celtas - rituais macabros - Os gatos de verdade avançaram pela Europa junto com o Império Romano, que assimilou para si quase toda a mitologia grega. Tanto mito quanto bicho foram abraçados pelos celtas, que viviam na Europa desde bem antes do domínio de Roma. Curandeiras celtas, que mais tarde passariam a ser conhecidas como “bruxas”, passaram a viver rodeadas de gatos, dada a força mitológica do bichinho. os bichanos continuaram a ser sacrificados. Uma tradição celta dizia que matar os pequenos felinos trazia bom agouro. Enterrar um deles em um campo recém-semeado, por exemplo, podia assegurar a colheita, acreditavam. Essa fantasia cruel, inclusive, continua viva. Até hoje os moradores da cidade belga de Ypres comemoraram o Festival dos Gatos. E parte da festa consiste em atirar gatos de pelúcia de uma torre. Os brinquedos substituem os gatos de verdade, que foram usados até 1817 – os cidadãos de Ypres acreditavam que os gritos dos animais espantavam os maus espíritos. 
  • Idade Média e a Igreja - Os gatos eram valiosos na Idade Média também – ainda não havia forma mais eficiente de matar ratos, afinal. No País de Gales do século 10, um gato custava tão caro quanto uma ovelha ou uma cabra – animais valiosos, já que produzem comida e vestimenta. Em caso de divórcio, o marido podia levar um gato da casa, e o restante ficava com a mulher. Na Saxônia, Alemanha, a política sanitarista antirrato, e pró-gato, era clara: matar um gato dava multa de 60 alqueires de grãos (1,5 tonelada). Mas a relativa paz felina duraria pouco, porque eles estavam prestes a ganhar um inimigo mortal: a Igreja Católica. 

O Profano

  • A semente para o ódio contra os felinos, começou quando o cristianismo teve a ambição de se tornar a única religião da Europa. Mas no século 4, a Igreja Católica Apostólica Romana proibiu cultos pagãos e deu início a séculos de obscurantismo e perseguição, inclusive aos felinos. Em alguns lugares, principalmente nas áreas rurais, mais influenciadas pela pregação cristã, o gato passou a ser associado à má sorte e à bruxaria. A imagem da deusa céltica Cerridwen, que usava capas, fazia poções em caldeirões e se metamorfoseava em felinos, se tornava um arquétipo do mal. 


No dia 13 de junho de 1233, o papa Gregório 9º publicou a bula Vox in Rama, que associava o gato a Satã. Milhões de animais foram torturados e queimados na fogueira, junto com centenas de milhares de mulheres acusadas de serem bruxas. A radicalização pretendia eliminar de vez os cultos pagãos que ainda existiam. E também foi uma reação a um culto relativamente novo que a Igreja não bicava: o Islã, que amava os gatos. Maomé teve até uma gata malhada de estimação chamada Muezza, talvez uma angorá ou abissínia. 

  • Peste Negra - O felinicídio só não foi completo porque, cristãos ou pagãos, todos ainda dependiam dos gatos. Eles eram essenciais numa época em que não existia saneamento básico e as ruas cheiravam a lixo e fezes. Há quem diga que a brutal redução da população de gatos pode ter aberto caminho para a Peste Negra, a pandemia de peste bubônica que assolou o mundo no século 14 e dizimou 70 milhões de pessoas só na Europa. Com menos predadores, os roedores fizeram a festa e, como carregavam as pulgas transmissoras da doença, a peste se espalhou. Essa tese, porém, tem críticos. 

Uma coisa é certa: séculos de perseguição moldaram a maneira como a humanidade até hoje vê os gatos, ao menos no mundo ocidental. E o impacto no imaginário sobrevive até hoje. Ainda há quem se assuste com um gato preto atravessando a rua, e eles ainda são itens de decoração no Halloween. À noite todos os gatos são pardos 

O Pulo do Gato


A sorte do gato no Ocidente começa a mudar no século 18. na corte de Luís 15,  multiplicam-se as pinturas de damas da corte com seus peludos, graças a sua mulher, Maria Leszczynska que tinha vários gatos de estimação. Mas o pulo do gato doméstico só aconteceria mesmo no século 19, quando os ingleses surgiram com a ideia de criar profissionalmente os gatos, inclusive, desenvolvendo novas raças reforçando as características mais desejadas, físicas (como os pelos longos e alaranjados do gato persa) ou comportamentais, como a docilidade. A maior parte das raças contemporâneas surgiu no Reino Unido do século 19. 

Máquina Mortífera

Não parece, mas aquele lindo felpudo que passa o dia deitado no sofá é uma máquina mortífera, que enxerga qualquer apartamento como se fosse uma floresta. A violência instintiva revela-se nas brincadeiras. Por isso é tão recomendado que donos de gato brinquem com eles, a fim de liberar seus instintos e diminuir o stress. Esse comportamento assassino se manifesta em outros hábitos do gato doméstico. Um deles é a rotina noturna. Na natureza selvagem, o melhor horário para caça é quando há pouca luz. Por isso, o gato prefere ir à luta logo após o pôr do sol e pouco antes do nascer do sol. É quando a visão deles, 40% melhor que a dos humanos na semiescuridão, faz a diferença. Outra marca registrada é a dieta. Gatos são hipercarnívoros. Isso quer dizer que dependem de proteína animal para sobreviver. Eles tiram da carne a maior parte da energia e das vitaminas essenciais à vida, diferente de animais herbívoros ou onívoros, que também as obtêm de vegetais e carboidratos. Se os donos não os alimentarem direito, eles vão para a rua caçar – pássaros, roedores, qualquer coisa. Mas a tendência é que eles não precisem mais recorrer tanto aos seus instintos caçadores. 


NÃO COMENTE COM O SEU CACHORRO 


Mas os gatos estão voltando a virar deuses. Mais especificamente, divindades urbanas. Já os felinos são pequenos, perfeitos para dividir espaço em apartamentos que só diminuem de tamanho. Limpos e autossuficientes, não precisam de banho nem de serem treinados para fazer xixi no lugar certo – são praticamente programados para fazer na caixa de areia. Após um longo dia de trabalho, não é preciso levá-los para dar uma voltinha no quarteirão. Basta calçar o chinelo, sentar no sofá e relaxar afofando a bola de pelos. Com tudo isso, o gato tem um “custo de manutenção” menor, considerando alimentação, higiene e cuidados veterinários. 


CURIOSIDADES

  • Por que dizem que os gatos têm 7 vidas? - Os antigos egípcios tinham a convicção de que o gato era o animal que partilhava a capacidade de reencarnação com o homem, e que ao culminar a sua sexta vida, na sétima, passaria a reencarnar na forma humana. 
  • Os gatos como símbolos mágicos - Algumas pessoas acreditam que os gatos são criaturas mágicas que estão elevados espiritualmente e utilizam a frase "os gatos têm sete vidas" no sentido figurado, para expressar uma certa habilidade que os gatos têm, a nível sensorial, para perceber as alterações vibratórias em sete níveis diferentes ou para dizer que possuem sete níveis de consciência, capacidade com a que não contamos os seres humanos. 
  • Em muitas culturas acredita-se que os números têm um significado próprio e particular. O 7 é considerado como o número da sorte e como os felinos são animais sagrados, foi-lhes atribuído este dígito para que os represente dentro da numerologia. 
  • Por que no Brasil dizem que os gatos têm sete vidas e nos EUA, nove? A expressão, que simboliza a forte imunidade e a agilidade dos bichanos, vem da cultura árabe, que influenciou Portugal e parou aqui. As vidas extras dos gatos americanos também são coisa de colonizador. Um antigo mito de povos ancestrais dos ingleses refere-se a um gato que entrou numa casa com nove crianças e devorou nove peixes sobre a mesa. As crianças morreram de fome e o gato morreu por comer demais. Chegando ao paraíso, o gato foi punido: precisaria morrer nove vezes até poder entrar. 

Supergatos 

Estes fantásticos felinos têm habilidades quase sobrenaturais para sobreviverem a quedas extremas e a situações dramáticas. Contam com uma força, agilidade de resistência excepcional. Dados científicos explicam que os gatos podem cair de pé, quase 100% das vezes. Isto deve-se a um reflexo especial que têm que se chama "reflexo de endireitamento" que lhes permite girar muito rapidamente e se prepararem para a queda. 





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