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quinta-feira, 19 de abril de 2018

O PROBLEMA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL

O Saneamento básico é ainda um grande problema no Brasil. Apesar de ser um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei n° 11.445/2007, os dados comprovam que o país ainda tem um longo caminho para ter uma saúde pública adequada. 


Há uma célebre frase do escritor peruano e Prêmio Nobel de literatura de 2010, Mario Vargas Llosa, segundo a qual “o objeto que representa a civilização e o progresso não é o livro, o telefone, a internet ou a bomba atômica. É a privada 
A carência de abastecimento de água e tratamento e coleta de esgoto são um dos fatores que deixam o Brasil em atraso no índice de desenvolvimento humano.  Por este critério o Brasil anda patinando no caminho da civilização. O saneamento constitui um dos segmentos mais atrasados da infraestrutura brasileira. Trata-se de atraso histórico, que infelizmente não vem sendo diminuído no no período recente.

Como é o acesso ao Saneamento Básico no Brasil? 
Para se ter uma ideia, o número de brasileiros que não tem acesso a água tratada chega a 35 milhões, segundo o Instituto Trata Brasil. E pior: mais de 100 milhões de pessoas não tem as suas casas ligadas a redes de esgoto no Brasil. E apenas 40% dos esgotos são tratados – a região norte é a que mais sofre, com apenas 14% do esgoto sendo tratados.   Estima-se que o país demoraria cerca de 20 a 30 anos para universalizar o saneamento básico, e gastaria 500 bilhões de reais na empreitada. São números inaceitáveis para um país com o potencial de crescimento do Brasil. Mas é preciso começar de algum lugar e rápido. Os benefícios de se ter água tratada e coleta e tratamento de esgoto são inúmeros e é essencial para o bem-estar da população. 
Eles trazem melhorias na educação, expansão do turismo, valorização de imóveis, preservação dos recursos hídricos e o principal: traz saúde e qualidade de vida para as pessoas. Infelizmente o que a realidade nos mostra é a existência de doenças e uma taxa de mortalidade infantil que poderiam ser erradicados com atitudes do governo. 
Ainda segundo estudo do Instituto Trata Brasil, o Brasil apresenta milhares de casos de internação por diarreias todos os anos, a maioria devido à falta de saneamento. Os números são assustadores: 400 mil casos em 2011, sendo mais da metade de crianças entre 0 a 5 anos. É estimado que 65% das internações em hospitais de crianças com menos de 10 anos sejam devido a deficiência ou ausência de esgoto e água tratada. Isso afeta o indivíduo em todas as áreas da sua vida. 
A prioridade de um país devia ser suas necessidades básicas, como saúde e bem-estar, mas as prioridades e a corrupção do Brasil só resultam em estatísticas de saúde pública iguais de um país com pobreza extrema. Os dados ainda mostram que a desigualdade está viva e forte. Apesar da carência de saneamento acontecer em todo país, o maior impacto ainda é sentido pela população mais vulnerável, e que reside em áreas irregulares onde a infraestrutura sanitária é precária ou inexistente. Essas pessoas são obrigadas a conviver com doenças como hepatite A, problemas de pele, dengue, e com acúmulo de lixo e poluição extrema. Isso acontece tanto por desleixo das autoridades em carregadas quanto pelo difícil acesso a lugares não urbanizados ou improvisados que não apresentam estrutura adequada. 

A pior situação do Brasil

É a região norte, com apenas 14,36% de esgoto tratado e o índice de atendimento total é de 7,88%. No Nordeste, 28,8% do esgoto é tratado; no Sudeste 43,9% é tratado e o índice de atendimento total é de 78,33%; e a região Sul apresenta 43,9% de esgoto tratado. A região Centro-oeste tem o melhor desempenho com 46,7% de esgoto tratado, mas a média não atinge nem metade da população.  Os dados são do Instituto Trata Brasil que ainda conclui: 4 milhões de brasileiros não tem acesso a banheiro. E do total, 48,6% da população tem acesso à coleta de esgoto, isto é, não chega a metade. 
A realidade é que ninguém pode viver sem saneamento, e a falta de investimento põe toda população em risco. O Brasil passa por epidemias frequentes de dengue e outras doenças, que precisam de prevenção urgente. Mesmo que a universalização do serviço esteja distante, esperamos ver melhorias consistentes que melhorem a saúde dos brasileiros. 
Não bastasse tal crime contra a saúde e o meio ambiente, as perdas de água são obscenas. Não seria exagero afirmar que o maior manancial que o Brasil dispõe não está na Bacia Amazônica. Reside na nossa ineficiência. A redução das perdas de água constitui a fonte mais óbvia e abundante do insumo mais precioso do planeta. A perda média, envolvendo perdas físicas (vazamentos) e comerciais (como furto), chega a uma média de 38% para o Brasil e de 39% para as 100 maiores cidades.
O saneamento deveria ser uma das principais prioridades da política pública. Sua relação direta com a saúde e o meio ambiente precisa ser entendida pela sociedade e seus governantes. Eis uma questão que deveria ser cobrada dos presidenciáveis: colocar o saneamento no centro da agenda da política pública.

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