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sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

CONHEÇA A CRIATURA MAIS SOLITÁRIA DO PLANETA

Isolado no Buraco do Diabo, um peixinho ostenta um dos apelidos mais incríveis de todas as criaturas da Terra. O Cyprinodon diabolis, conhecido como peixinho-do-buraco-do-diabo.




Sobrevive em um dos lugares mais secos do mundo, o Deserto de Mojave, nos Estados Unidos. Estas criaturas não medem mais que 2,5 cm e estima-se que existam apenas 50 delas. Mas talvez o mais surpreendente seja que, desde seu aparecimento no mundo, milhares de anos atrás, a existência desta espécie se resumiu a um espaço equivalente à da sala de uma casa. Isto faz desses peixinhos os mais raros vertebrados aquáticos do mundo. Uma espécie isolada e solitária na Terra.
Agora os cientistas dizem finalmente ter desvendado de onde eles vêm.

Isolados
  • O C. diabolis vive em uma caverna de pedra calcária conhecida como o Buraco do Diabo, no Estado americano de Nevada.
  • Embora a caverna tenha uma abertura para o ar livre, a água que está dentro não se conecta com nenhuma outra fonte aquática.
  • A 15 metros de profundidade, encontra-se a piscina na qual vivem esta espécie específica de peixes da família Cyprinodontidae.
  • No fim dessa piscina, há uma placa de calcário de cerca de 3 m x 6 m. É a única fonte conhecida de alimento e desova destes peixes - a espécie com a menor área de distribuição geográfica do mundo.
  • O animal também sobrevive sob condições continuamente difíceis, com temperaturas constantes de 32º C a 33º C, baixos níveis de oxigênio e mudanças esporádicas no nível de água.
De onde veio?
  • Estas características ajudaram a transformar os peixinho-do-buraco-do-diabo em verdadeiros ícones científicos e conservacionistas.
  • Em 1966, por sua raridade, estiveram entre as primeiras espécies incluídas na Lei de Proteção das Espécies Ameaçadas dos Estados Unidos.
  • Duas vezes, a Suprema Corte americana tomou decisões a favor da sua conservação, proibindo o bombeamento de água subterrânea nas imediações da caverna, o que poderia ameaçar o seu habitat e existência.
  • A decisão favoreceu jurisprudência posterior protegendo a proteção de outras espécias em risco de extinção.
As raras condições em que vive o C . diabolis levanta uma questão fundamental: como chegaram ao Buraco do Diabo?
  • Os estudiosos sempre acreditaram que a espécie chegou ao local há milhares de anos e aí evoluiu até se transformar no que é agora.
  • Estudos mais recentes sobre a geologia da caverna e a aparência da espécie sugeriram que foram os indígenas desta zona que introduziram este animal ao seu habitat relativamente pouco tempo atrás.
  • Outras hipóteses indicam que espécies da mesma família, que também viviam no Vale da Morte, no Deserto de Mojave, colonizaram a caverna, talvez transportados por pássaros ou através de rotas subterrâneas.
  • Se se confirmar uma destas hipóteses, então os peixinho-do-buraco-do-diabo perderiam sua reputação de espécie excepcional.
Nova teoria

Agora, um estudo feito por pesquisadores americanos e publicado na revistaMolecular Ecology oferece uma resposta sobre a origem deste peixe.
A equipe, coordenada por Ismail Saglam e Michael Miller, da Universidade da Califórnia-Davis, examinou a história genética do C. diabolis e a comparou com a de outras duas espécies da mesma família - C. radiosus e C. nevadensis mionectes -para determinar em que momento se bifurcaram.
  • A surpresa foi descobrir que o peixinho-do-buraco-do-diabo se separou de seus primos entre 50 mil e 80 mil anos atrás - mais de 40 mil anos antes do que se pensava.
  • O período coincide com o aparecimento do próprio Buraco do Diabo, entre 50 mil e 60 mil anos atrás.
  • Para os pesquisadores, isto sugere que a espécie colonizou e sobreviveu no Buraco do Diabo desde o aparecimento da caverna, na superfície do deserto.
  • "Os dois eventos, a colonização e o colapso do teto da caverna, podem ter uma causa comum que ainda não identificamos. Um evento geológico", escrevem.
  • Conservando um ícone
  • O estudo confirma a raridade deste animal icônico, que sobrevive em completo isolamento há 60 milênios. E as conclusões vão dar mais peso aos esforços para conservá-lo.
  • "O destino dos peixinho-do-buraco-do-diabo está longe de seguro", notam os cientistas.
  • "Hoje, a população está à beira da extinção, tendo decrescido para 30 no seu nível mais baixo, de cerca de 400 nos anos 1970."
A demanda humana por água na região e a mudança climática são fatores que ameaçam o seu habitat.

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