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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

A CONTA AMBIENTAL E ECONÔMICA DO DESPERDÍCIO DE ALIMENTOS.


Por todo o mundo, o desperdício de alimentos é cada vez mais visto como um assunto econômico e ambiental sério.




O desperdício se refere aos alimentos que foram descartados por serem mantidos além do prazo de validade, por terem estragado ou simplesmente por não terem sido consumidos.  No Brasil, há estimativas da produção de mais de 180 mil toneladas de resíduos sólidos por dia, dos quais mais da metade é de resíduos orgânicos, compreendendo principalmente as perdas e desperdícios de alimentos. Estes resíduos, além dos aspectos econômicos envolvidos, causam sérios danos ambientais e, portanto, requerem  atenção.
É preciso incentivar uma mudança comportamental; o consumo sustentável de alimentos. Adotar uma postura ecológica e economicamente sustentável que privilegie o aproveitamento dos alimentos por seus aspectos nutricionais, e não apenas estéticos. As mudanças no comportamento dos consumidores não são rápidas, e geralmente requerem incentivos.

O papel do Estado como regulador de mercados e ente garantidor de preços e qualidade dos produtos consumidos.
Segundo a Food and Agriculture Organization (FAO), uma Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura,  as perdas de alimentos dizem respeito à diminuição da massa disponível de alimentos para o consumo humano nas fases de produção, pós-colheita, armazenamento e transporte. Já os desperdícios de alimentos são as perdas derivadas da decisão de descartar alimentos que ainda têm um valor nutricional, e estão associados principalmente ao comportamento dos vendedores atacadistas e varejistas, serviços de venda de comida e consumidores. Perdas se referem à diminuição da massa (quantidade) ou do valor nutricional (qualidade) dos alimentos. 
Há uma necessidade emergente de redução destes resíduos gerados por perdas ou desperdício nesta cadeia de produção. É preciso adotar políticas públicas capazes de impor restrições a estas práticas e facilitar a distribuição de alimentos que seriam descartados. Se você olhar para a cadeia de valor, da fazenda à mesa, os supermercados estão  bem no meio dela. Os varejistas podem influenciar os fornecedores tanto quanto os consumidores. A questão do preço também tem muito a ver; muitas vezes, se o preço está ruim, o produtor não colhe, mas algumas empresas podem imaginar que se o produto for colhido e for colocado no mercado, o preço pode cair ainda mais, porque aí vai se atender uma demanda em situação de preço elevado. Então, tem de ter política para isso também.
Nos países em desenvolvimento, o desperdício de alimento começa a acontecer logo depois da colheita, enquanto as safras são armazenadas ou transportadas, por causa de falta de refrigeração e boas estradas, o que faz com que estraguem antes de chegar ao mercado. Nos países mais ricos, o desperdício frequentemente começa com os varejistas descartando itens que acham que não terão apelo aos consumidores. Mas a maior fonte individual de desperdício está nos lares, onde cerca da metade de todo o alimento não comido é descartado. Se você olhar para a história humana, fora os muito ricos, as famílias sempre aproveitavam ao máximo a comida. O desperdício no consumo é baixo, porque a população pobre não joga fora a comida; come tudo, tenta aproveitar tudo, até resto de alimentos para uma nova refeição. Porém a medida que ficamos mais prósperos, nós deixamos de nos preocupar com isso.
O consumidor valoriza o aspecto cosmético da fruta, da verdura. Se ela está com uma manchinha, ou feia, enrugada, ou se a cenoura não tem aquele tamanho ou formato exato, ela já não serve para o consumo. Então, como o consumidor rejeita, o varejo acaba rejeitando, e o produtor nem colhe.  Cabe ressaltar que o valor nutricional não se altera pelo simples dos  hortifrutis,  serem tortos, enrugados, com manchinhas...  Se as pessoas são diferentes, por que os vegetais têm de serem iguais, todos exatamente iguais? O consumo é ditado pelo mercado, sim, porém o mercado se move em função da consciência das pessoas. Por isso, tem de conscientizar as pessoas para o consumo diferenciado, valorizar a produção e o consumo de alimentos locais através de sistemas adaptados de distribuição.
   
O desperdício de alimentos não agrava apenas a fome, os prejuízos econômicos e ambientais são igualmente graves.

 As consequências ambientais do desperdício são enormes, com vastas quantidades de água, fertilizantes e terras usadas para produção de alimentos que nunca são comidos, além da energia usada para processá-los, refrigerá-los e transportá-los. Os alimentos descartados que decompõem no aterro sanitário, sem a presença de oxigênio, emitem metano, um potente gás do efeito estufa.
A pegada ecológica do desperdício alimentar impacta sobre os recursos naturais trás nas suas consequências ao nível do clima, do uso da água e do solo e da biodiversidade. A pegada hídrica da Agricultura aumenta por conta desses alimentos jogados fora, e ela é responsável por utilizar 70% da água doce consumida no mundo. A cada etapa, o custo ambiental do início da produção de comida aumenta ao incorporar custos de processamento, transporte, armazenamento e utilização.

Referências

fao.org.br/ 
ecodebate.com
bancodealimentos.org.br

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