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domingo, 23 de fevereiro de 2020

300 ANOS DE MINAS GERAIS

Batista Queiroz em sua poesia afirma que ser mineiro é não dizer o que faz, nem o que vai fazer. Ser diferente, ter marca registrada e história. É falar pouco e escutar muito. Frei Betto diz que Mineiro a gente não entende - interpreta. É desconfiar até dos próprios pensamentos,  é fazer a pergunta já sabendo a resposta. "Minas Gerais é muitas", como disse Guimarães Rosa. Mineiro sai de Minas sem que Minas saia dele. Minas é saborosamente mágica. E você caro leitor, conhece Minas?



ASPECTOS HISTÓRICOS

Minas Gerais completa 300 anos no dia 2 de dezembro e o ano de aniversário será celebrado ao longo de 2020.

Até meados do século XVII, a presença luso-brasileira no atual território mineiro limitava-se a algumas fazendas de gado estabelecidas por grupos que, vindos da Bahia, haviam avançado pelo vale do São Francisco. Já no final do século, os bandeirantes descobriram as primeiras jazidas auríferas, iniciou-se então a ocupação territorial intensificada no século posterior, com o encontro de diamantes e ouro que eram encaminhados a Portugal pelos portos de Parati e do Rio de Janeiro. Em 1720, a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro foi dividida em Capitania de São Paulo e Capitania de Minas Gerais. sendo sua capital  Vila Rica (atual Ouro Preto).  Em 28 de fevereiro de 182, foi levada a Província  do Império do Brasil. Após a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, transformou-se no Estado de Minas Gerais.

Os caminhos do ouro e dos diamantes no século XVIII 
A corrida pelo ouro atraiu, para a região, milhares de pessoas que fervilhavam à beira dos rios e caminhos, nos sertões distantes e inóspitos. Este novo contingente populacional, gerou inúmeros conflitos pela posse das minas. Um dos mais significativos foi a Guerra dos Emboabas, que durou de 1707 a 1709. Consistiu num confronto pelo controle das regiões auríferas entre os desbravadores vicentinos, bandeirantes paulistas, que haviam descoberto as jazidas e, por isso, consideravam-se seus legítimos donos, e os emboabas, um grupo heterogêneo composto de portugueses provenientes da Europa e migrantes das demais partes do Brasil. Os paulistas saíram derrotados e buscaram novas regiões de prospecção. A Coroa portuguesa iniciou então o controle sobre o metal extraído, com a cobrança de impostos e maior vigilância sobre as lavras. 
Os arraiais brotavam como erva daninha nas regiões de garimpo e logo foram elevados à categoria de vilas. As mais importantes foram Sabará, Vila Rica (atual Ouro Preto) e Ribeirão do Carmo (atual Mariana). Esta última foi sede da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, criada em 1709. Depois de 11 anos da subordinação dos sertões auríferos a São Paulo, a metrópole criou a Capitania das Minas Gerais. 
Portugal criou formas rígidas de cobrar mais impostos dos minérios, além de dificultar o desenvolvimento de outras atividades que pudessem garantir mais renda à província, como a exportação de alimentos, fumo, algodão e açúcar. 

Inconfidência Mineira 

Coletânea de Entrevistas Virtuais - Minas Gerais. Gente que fez História. Autor Rogério Alvarenga

O descaso da coroa portuguesa acabou suscitando em um dos principais movimentos anticoloniais do século XVIII: a Inconfidência Mineira. Inspirados pela Revolução Francesa de 1789, diversos intelectuais, religiosos e proprietários rurais se reuniram com a intenção de livrar o estado do domínio português. O alastramento dos ideais republicanos deixou a monarquia lusitana em alerta, principalmente com a suspeita de conspirações que ameaçassem a estabilidade do governo. Nas décadas seguintes, cresceu nas vilas mineiras a revolta contra os altos tributos cobrados por Portugal sobre o ouro extraído.
Descoberta devido à traição de um de seus membros, a conspiração foi duramente reprimida. Seus líderes foram sentenciados ao exílio ou à morte. O mais famoso deles, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, foi assassinado em frente à multidão por enforcamento no dia 21 de abril de 1792, no antigo Largo da Lampadosa, centro da então capital colonial do Brasil, a cidade do Rio de Janeiro. No dia seguinte seu corpo foi esquartejado, salgado e enviado para diversas paragens do caminho entre Minas e o Rio. 
A produção de ouro após o fim da guerra aumenta de tal modo que Minas Gerais torna-se a região mais rica do Brasil entre 1740 (auge da produção) e 1760 (auge da arrecadação) com ápice médio de Vila Rica em 1750, mas como o grosso do ouro era desviado pelo São Francisco. 
Ainda no final do século XVIII, o ouro começou a se esgotar e o território mergulhou num processo de estagnação econômica. O quadro só começaria a se reverter no século XX, com a pecuária e a exploração de jazidas de minério de ferro. No entanto, o chamado ciclo do ouro deslocou definitivamente o eixo econômico brasileiro do Nordeste para o Sudeste. Esgotadas as lavras, muitos mineiros foram os pioneiros no cultivo de café no Rio de Janeiro e em São Paulo. Com os embargos em torno do minério, o estado de Minas Gerais só conseguiu estabilizar sua economia com a comercialização do café, que deu gás para o investimento maciço em transportes e a exportação do produto em outras regiões. 
O café foi o primeiro passo para a industrialização do estado. Desta forma, as empresas que injetavam capital privado na região deram impulso para a criação de pequenas e microempresas nos setores alimentícios, têxteis e siderúrgicos. No início do século XX, o café era o principal produto do país, fazendo com que o estado se tornasse uma das maiores potências. Com o Regime Militar, a capital, Belo Horizonte e sua região metropolitana ganhou um grande volume de investimento, o que acabou desestruturando as cidades interioranas, que se tornaram dependentes de polos industriais. 

Bandeira
A bandeira de Minas Gerais traz escrito o lema da Inconfidência Mineira: “Liberdade ainda que tardia”, extraído de um verso em latim do poeta romano Virgílio. O triângulo simboliza a Santíssima Trindade. 

Mineirês 

Minas Gerais é conhecida e admirada pela simpatia e hospitalidade de seus habitantes, pela culinária, monumentos históricos e por ter um dialeto próprio. Historicamente, as características deste dialeto surgiram durante o século XIX após a decadência da mineração quando o estado sofreu influência do linguajar, que passaram a mesclar o dialeto caipira com o mineiro. Mas é difícil definir o mineirês como algo absoluto, já que o estado é bastante diversificado e isso também reflete na forma de falar do povo mineiro. Em cada ponta do Estado, é possível ouvir novas expressões e diferenças na fala. O sul do estado recebe uma influência do falar paulista, o norte já se assemelha mais ao jeito baiano. Na Zona da Mata no sudeste, características cariocas. A região central mantém o autêntico mineirês. A fala mansa e cheia de trejeitos dos mineiros é reconhecida nacionalmente. Um jeitinho tão único de falar.

Será que “ocê” sabe “intendê” “direitim”,  uai?  

- Mermão, que qui cê tá arrumano, uai ? 
- Cêbêsta sô! Nada não, uai.
- Isipia só. Me juda arredá as trenheira pra ruditrás? Tô na rôia. 
- Eu não, cadiquê cê deu o trem lá prus otros, uai. 
- Cê é mó Zé dendágua. Disgramô foi tudo. 
- Dá trabai dimais! Cêmês quifaiz, uai. 
- Uai, nada, sô. Tem base não, trapaiou tudo uai. Fingi di égua não! Tô lascado. Quebrô minha bicicreta.
-  É divera! Vai ficá de ispinhela caída, uai! Rachei os bicus.
- Fica de butuca ligada. 
- Xô tifalá! Vô cascá fora. 
- Tábão intão, pica a mula.





2 comentários:

  1. 300 anos de exploração mineral, 300 anos de destruição e corrupção

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  2. Minas Gerais, um estado explorado, explorável e deplorável. So serve para votar. um ladrão atrás do outro.Desde FHC o maior inimigo de MG. Ele secou MG.

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CAROS LEITORES, SEJAM BEM VINDOS!

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