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quinta-feira, 7 de junho de 2018

ÁRVORES DE FLORESTAS TROPICAIS ÚMIDAS ESTÃO MORRENDO MAIS RÁPIDO

Como se o desmatamento já não fosse suficientemente ruim, uma série de outras ameaças mata, num ritmo cada vez mais intenso, as árvores da Amazônia e de outras florestas tropicais úmidas da Terra. 




Uma revisão de artigos científicos feita por especialistas no tema, IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), indica que a taxa de mortalidade dessas árvores mostra sinais de aceleração nos últimos anos. Os motivos são o aumento da temperatura, secas longas e piores, ventos mais fortes, incêndios mais extensos, mais cipós e até, a abundância de gás carbônico na atmosfera – uma das causas do efeito estufa e elemento fundamental da fotossíntese. 
As mudanças climáticas estão relacionadas a todos os problemas apontados. O trabalho mostra que há indícios fortes que relacionam a mortalidade das árvores de florestas tropicais úmidas às alterações esperadas para essas regiões, em escalas global e regional. O foco do estudo foram as florestas intactas, primárias ou antigas, na América do Sul, África e Sudeste Asiático.
a Amazônia, todas essas causas de mortalidade de árvores estão presentes. Mas é difícil dizer que uma é mais relevante do que outra, porque todas têm um papel. Secas causam picos de mortalidade, enquanto o aumento de CO2 provoca mudanças de fundo. Já eventos de tempestades de vento impactam mais áreas fragmentadas, e o fogo causa muitos danos no sudeste da Amazônia. 

A equação da morte 
É impossível estabelecer qual desses ataques é pior. As secas, por exemplo. Elas têm se tornado cada vez mais longas e severas – na Amazônia, episódios anômalos ocorreram em 1997, 2005, 2010 e 2015. Como defesa imediata, as árvores tomam atitudes extremas, como fechar os estômatos (células por onde ocorre a respiração das plantas) e perder mais folhas. Essas folhas, por sua vez, se acumulam em abundância no solo e servem de combustível para incêndios florestais, que se alastram facilmente e por mais tempo. 
Secas e temperaturas mais altas ainda podem levar as árvores a definharem de fome, também num mecanismo de defesa que acaba se tornando um algoz. Ao fechar os estômatos para salvar água em seu interior, ela deixa de capturar o gás carbônico do ar, sua fonte de alimentação, enquanto consome o que tem dentro.
O regime forçado as deixa mais suscetíveis a ataques de pestes, como insetos, ou à competição por comida com os cipós – que por sua vez têm se proliferado ainda nesses ambientes. E, mesmo que a dieta não aconteça, o excesso de gás carbônico no ar também não significa que as florestas crescerão abundantemente. 
Quando há muito gás carbônico, algumas árvores podem dominar o pedaço e roubar os recursos dos vizinhos. Assim, há um aumento esperado na mortalidade de árvores, mas não necessariamente mudanças drásticas nos estoques de carbono. A floresta se torna mais dinâmica com mais CO2; cresce mais rapidamente e morre mais rapidamente, tanto pelo metabolismo quanto por mudanças na estrutura da floresta. 
Tampouco o fato de estarem próximas à linha do Equador traz vantagem para as florestas tropicais úmidas num planeta mais quente: um novo regime de temperatura, esperado para os próximos anos devido às mudanças climáticas, pode mudar o metabolismo das árvores. Os autores do estudo abrem uma discussão sobre cenários que possam reverter o quadro, como um aumento da precipitação anual, mas não entram na discussão sobre como a ação humana pode reverter o quadro.
Reduzir a taxa de mudança no clima e estabilizar o processo o quanto antes, que envolve derrubar os níveis de emissão de CO2, mas também do desmatamento, são fatores essenciais para manter as florestas tropicais do mundo. Quanto menor a área de borda de floresta, comum em paisagens fragmentadas, menor o impacto da seca, fogo e ventos. 
Precisamos saber o que realmente está acontecendo, para fechar buracos nas observações que ainda existem e nos preparar para os efeitos das mudanças climáticas.


A revisão foi liderada por Nate McDowell, do Laboratório Nacional do Noroeste Pacífico (EUA), e publicada na revista científica especializada New Phytologist. 

Texto  original no site do Observatório do Clima

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