Países firmam acordo histórico que indica mudança no combate ao aquecimento
Aprovado por consenso, o Acordo de Paris indica uma virada decisiva em como o mundo encara a questão das mudanças climáticas
Ao aceitar
um objetivo ousado -- de limitar as emissões bem abaixo de 2ºC acima dos níveis
pré-industriais, e em direção a 1,5ºC--, os países assumem o compromisso de
adotar medidas para esse fim. O acordo deve começar a vigorar em 2020. Este é um acordo histórico: é a primeira vez que todos os
países do mundo se comprometem em reduzir suas emissões (o Protocolo de Kyoto
de 1997 era apenas para os países ricos), e com um objetivo que exige ações
drásticas e imediatas - já aquecemos 1ºC. E é aí que entram os entraves.
O documento não descreve quais ações os países devem fazer
para reduzir suas emissões e nem traz metas para isso - nem as tidas como
voluntárias -, ele apenas afirma que é necessário desenhar o caminho que deve
ser perseguido nos próximos anos. Espera-se que até 2020, essas informações já
estejam mais bem delineadas, já que os países reúnem-se ano a ano para discutir
mais detalhes do acordo. Revisões já estão marcadas para 2018 e 2019. Também foi acertado o fundo de US$ 100 bilhões ao ano
provido por países desenvolvidos para os países mais pobres reduzirem suas emissões
e se adaptarem às mudanças climáticas. Os países emergentes são convidados a
participar com doações. Este fundo deve ser revisto em 2025.
Com os objetivos claros no texto, a pressão por ações também
se torna mais embasada. O clima entre ONGs ambientalistas é de comemoração.
Para a maioria deles, o acordo é bom o suficiente para colocar o mundo no
caminho das renováveis: seria o início do fim dos combustíveis fósseis (carvão,
petróleo e derivados)? Mas, se por esse lado o acordo é bom, pensando no que já
deveríamos estar fazendo, a cena muda de figura. O texto traz muito mais
promessas e desejos do que ações concretas a serem realizadas. Para serem aprovados,
todos os pontos que obrigavam os países a reduzirem suas emissões e até a
aumentarem as metas (como é necessário para manter o aumento da temperatura em
1,5ºC) foram cortados.
A falta de garantia preocupa: "A grande preocupação é
que não há nenhuma garantia de assistência para aqueles que sofrem de os
impactos imediatos das mudanças climáticas, especialmente as populações mais
pobres e vulneráveis", afirma Tasneem Essop, chefe da delegação do WWF na
Conferência da ONU para o Clima.
Entenda os principais
pontos do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas
O Acordo de Paris foi firmado neste sábado (12/2015), entre
195 nações do mundo com objetivos para manter o aumento da temperatura bem
abaixo de 2ºC até 2100 frente às temperaturas da era pré-industrial,
perseguindo atingir 1,5ºC. Não foram dadas metas de redução de emissão de gases
do efeito estufa, mas uma intenção global em mudar para uma economia de baixo
carbono. A seguir os principais pontos do acordo.
Pontos principais
Trajetória à baixa
emissão com fluxo de financiamento
Manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de
2°C e perseguir esforços para limitar este aumento em 1.5 °C acima dos níveis
pré-industriais; promover um fluxo financeiro consistente com uma trajetória em
direção a baixas emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a um desenvolvimento
resiliente ao clima e aumentar a habilidade de adaptação aos impactos adversos
das mudanças climáticas.
Pico o mais rápido
possível
As partes deste acordo objetivam alcançar um pico de
emissões de GEE o mais rapidamente possível, reconhecendo que as nações em
desenvolvimento vão levar mais tempo para alcanças seu pico de emissões.
Metas de redução
Cada parte deve fazer sucessivas contribuições nacionalmente
determinadas (CND) para o acordo, mas no acordo não há um número a ser atingido
ou já inicialmente prometido
Diferenciação entre
ricos e pobres
As nações desenvolvidas devem continuar liderando por meio
da adoção de metas de redução de emissões absolutas a serem aplicadas a toda a
economia. Os países em desenvolvimento devem continuar a aumentar seus esforços
para reduzir as emissões, e são encorajados a moverem-se ao longo do tempo em
direção a metas de redução sobre toda a economia. As nações em desenvolvimento
devem ser apoiadas, reconhecendo que este apoio permitirá que estas ajam com
maior ambição.
Revisões a cada cinco
anos
Os países devem comunicar suas metas nacionais de redução a
cada período de 5 anos. Na próxima COP deve ser criado um calendário comum.
Então, nas próximas COPs, deve ocorrer um inventário da implantação deste
acordo para avaliar o progresso coletivo em direção aos propósitos do acordo e
de seus objetivos de longo prazo. O primeiro "global stocktake", ou
revisão, deverá ser feito em 2023 e a cada cinco anos a seguir desta data.
Financiamento
Os países desenvolvidos devem fornecer recursos financeiros
que ajudem as nações em desenvolvimento com a redução das emissões e adaptação;
países emergentes são encorajadas a fornecer ou continuar a fornecer
voluntariamente recursos para estas ações. As nações desenvolvidas devem
continuar a liderar a mobilização de recursos financeiros, em US$100 bilhões
por ano, com revisão em 2025
Transparência
A questão da transparência era essencial para o acordo, e
ele prevê a criação de um Quadro de Transparência para a Ação e o Apoio. Isso
quer dizer, transparência tanto para o dinheiro investido, quanto nas ações
feitas a partir do financiamento. Além disso, cada país será responsável por
suas metas, mas deve promover a integridade ambiental, transparência, acurácia,
completude, comparabilidade e consistência, e assegurar que não sejam feitas duplas
contagens.
Já está em vigor?
O Acordo de Paris deve entrar em vigor no trigésimo dia
depois que pelo menos 55 países que representem 55% das emissões globais tenham
ratificado.
Referencia : uol.com.br
/ otempo.com.br/
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