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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

TILÁPIA DO NILO


Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Agressiva, dominante, come todo tipo de alimento, predadora voraz. Alta adaptabilidade preocupa cientistas.



Foi introduzida no Brasil em 1971, para aquicultura. Espécie oportunista adapta-se facilmente a todo tipo de ambiente. Tolerando grandes variações de temperatura e águas degradadas, com baixos níveis de oxigênio. Agressiva, come todo tipo de alimento e é predadora de inúmeras espécies nativas, com as quais compete por espaço. Já foi registrada sua presença até no mar do Caribe, na Ilha de Margarita (Venezuela). O sequenciamento genético da Tilápia do Nilo - revelou os mecanismos genômicos que estão por trás da incrível capacidade de adaptação desses animais aos mais variados tipos de ambientes. O trabalho, realizado por uma equipe de mais de 70 cientistas sob liderança do Broad Institute do MIT e Harvard, foi publicado na revista Nature. Segundo o artigo da Nature, peixes como a tilápia são verdadeiros “mutantes naturais”, por isso conseguiram se diversificar amplamente em um tempo relativamente curto nos rios e lagos africanos.  A tilápia tem capacidade para se adaptar nos mais variados ambientes, mesmo em águas extremamente degradadas. A tilápia é extremamente agressiva e domina os ambientes onde se estabelece.  A tilápia deveria ser cultivada apenas em tanques escavados. Nos tanques-rede é praticamente impossível impedir que os peixes escapem e se espalhem pelos biomas.
Projeto polêmico
O Projeto de Lei 5989/09, do deputado Nelson Meurer (PP-PR), modifica a lei da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, determinando que as espécies exóticas de peixes criadas em tanques-rede, instalados em reservatórios de águas continentais, podem ser equiparadas às espécies nativas. O texto prevê também a obrigatoriedade de proprietários de represas protegerem a fauna, por meio do repovoamento anual dos reservatórios hídricos com espécies presentes no meio ambiente local.
Para Orsi, o projeto de lei "naturaliza" as espécies invasoras como a tilápia e a carpa.  A comunidade científica internacional está estarrecida com esse projeto. É inacreditável que o Brasil, com mais de 8 mil espécies nativas, queira naturalizar a tilápia, uma espécie africana exótica sabidamente invasora. O cientista explica que a tilápia se prolifera rapidamente, em águas com diversas temperaturas, e é bem-sucedida em ambientes alterados e pobres em recursos alimentares, como os represamentos de hidrelétricas. Segundo ele, a alta capacidade de adaptação desses animais é uma ameaça à biodiversidade nos biomas brasileiros. "É um animal rústico, com uma capacidade zootécnica muito grande: produz carne rapidamente. Mas a tilápia entra em competição direta com as espécies nativas e promovem o fenômeno da exclusão competitiva. Ela é territorialista, com sua capacidade adaptativa, ela sempre ganha a competição por espaço e alimento. Além disso, é predadora das larvas e ovos de espécies nativas". Mesmo do ponto de vista econômico, a naturalização da espécie trará riscos, segundo o pesquisador. "Houve casos em Barra Bonita e em Minas Gerais nos quais as tilápias escaparam dos tanques-rede com tal intensidade que invadiram toda a represa. Os pescadores artesanais tiveram acesso a grandes quantidades do peixe, derrubando o preço". Segundo ele, nenhum cientista é contra a criação de tilápias, mas é preciso evitar os tanques-rede. "É preciso produzir profissionalmente, em tanque escavado", disse. De acordo com Orsi, a tilápia traz ainda problemas para a qualidade da água. Vários artigos científicos mostraram que ela piora a qualidade de água dos reservatórios. O cultivo feito à base de ração rica em fósforo, causa poluição e altera o ambiente aquático para as espécies nativas. A qualidade da água fica tão ruim que só a tilápia é capaz de sobreviver em tal ambiente.
Invasoras. Espécies invasoras, ou exóticas, são aquelas que se proliferam sem controle e passam a representar ameaça para espécies nativas e para o equilíbrio de ecossistemas. De acordo com Michele Dechoum, bióloga do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, o Brasil tem hoje mais de 700 espécies invasoras de plantas, peixes e animais vertebrados e invertebrados. 


fonte: http://sustentabilidade.estadao.com.br

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