sexta-feira, 26 de abril de 2013

NOVAS ESPÉCIES DE PEIXES SÃO DESCOBERTA


Uma equipe formada por três pesquisadores brasileiros e um alemão conseguiu descobrir uma nova espécie de peixe na Amazônia. Um peixe transparente denominado Cyanogaster noctivaga. Com dois centímetros de comprimento, o animal nunca havia sido identificado na literatura científica.



Em meados de novembro de 2011, uma expedição de 15 dias, na região do município de Santa Isabel do Rio Negro, a 846 quilômetros de Manaus, possibilitou a captura de um peixe transparente denominado Cyanogaster noctivaga. Com dois centímetros de comprimento, o animal nunca havia sido identificado na literatura científica, de acordo com a líder da expedição, a bióloga Manoela Marinho.  O objetivo do grupo era capturar peixes de pequeno porte. Durante três turnos diários, os pesquisadores se deslocavam a diferentes áreas do Rio Negro, no município de Santa Isabel (AM). Marinho, que atua no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), contou que o tamanho, a cor e a transparência do pequeno peixe chamaram atenção. “Em diferentes momentos da expedição, a espécie nova só foi capturada à noite. Daí concluímos que se trata de um peixe de hábitos noturnos”. A denominação Cyanogaster noctivaga faz referência à coloração e aos hábitos do peixe. Enquanto o primeiro nome “Cyanogaster” significa “estômago azul”, “noctivaga” faz menção ao “vaguear noturno” da espécie.  Para capturar um peixe com 2 centímetros de comprimento e corpo transparente, o quarteto coletou amostras em diferentes locais e habitats nos arredores de Santa Isabel. Segundo o alemão, uma noite os pesquisadores jogaram uma rede perto de uma praia rochosa e notaram um número de pequenos peixes transparentes nadando rápido. “A luz das nossas lanternas foi refletida pelos peixes e fez com que os seus corpos ganhassem uma cor azul brilhante. Naquele momento, vimos que tínhamos encontrado algo diferente”, lembrou.

 “O Cyanogaster é extremamente frágil e morreu segundos depois de ser transferido para um tanque específico para fotos.. E como uma descoberta desse porte influencia o campo da ciência? Na opinião do pesquisador, a equipe conseguiu encontrar uma nova peça no quebra-cabeça da evolução dos peixes. “Nós fornecemos uma descrição detalhada da espécie, incluindo a sua anatomia, para usufruto de todos os estudiosos dessa classe. Descobrir algo assim é emocionante, até pela beleza e a sutil combinação do corpo transparente e do abdômen que reflete a cor azul do Cyanogaster”. Já a bióloga Manoela Marinho considerou a possibilidade de outras espécies de peixe de pequeno porte entrar em extinção antes mesmo de serem descobertas. “A quantidade de peixes encontrada no Rio Amazonas é única no mundo, e ainda há muito que descobrir. É importante que essa biodiversidade seja conhecida e preservada, visto que o futuro do planeta é extremamente dependente das relações humanas com o meio ambiente”, frisou.

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) descobriram uma nova espécie de peixe que mede 20,8 milímetros e é natural da bacia do Rio São Francisco, em Minas Gerais. Chamado de Hisonotus bocaiuva, o animal foi descrito na última edição da revista científica “Ichthyological Exploration of Freshwaters”, publicada em março. O peixe é pequeno em comparação com a maioria das espécies da qual é “parente”, cujos tamanhos variam de 30 a 40 milímetros, diz o pesquisador da Unesp Fábio Roxo, um dos autores do estudo. Uma das características mais marcantes do peixe recém-descrito é a crista no topo da cabeça. A crista foi uma das coisas que permitiu que os cientistas diferenciassem a espécie de outras do mesmo gênero, explica Roxo. Cascudo – A nova espécie pertence à família Loricariidae, cujos animais são chamados popularmente de cascudos, diz o pesquisador. “Esta é uma das maiores famílias de peixes e atualmente tem 862 espécies, sendo que nos últimos dez anos foram descritas 192, um aumento de 22%”, ressalta. 
O Hisonotus bocaiuva vive na vegetação marginal de pequenos e grandes riachos, afirma o pesquisador. Exemplares do peixe foram coletados na região da cidade mineira de Bocaiúva, por isso o nome escolhido. As primeiras amostras foram encontradas em maio de 2010. Só agora, no entanto, a nova espécie foi identificada e descrita pelos pesquisadores da Unesp de Botucatu. Espécie abundante – “Acreditamos que seja uma espécie de peixe abundante. Recentemente fizemos uma nova coleta em riachos do Rio São Francisco e pegamos mais [exemplares] dessa espécie em outra localidade que não está no trabalho”, informa Roxo. O pesquisador ressalta que ainda não há informações sobre alimentação, comportamento e ecologia do peixe descoberto. “Esse tipo de trabalho normalmente é feito posteriormente à descrição, uma vez que só agora sabemos que a espécie é nova. Antes nem sabíamos que ela existia”, diz Roxo. Outros exemplares de peixes coletados pela Unesp pertencentes à mesma família podem ser descritos no futuro e dar origem a novas espécies. “O Rio São Francisco é riquíssimo em número de espécies”, diz Roxo. “Só na nossa coleção tenho mais duas espécies novas do gênero Hisonotus, do Rio São Francisco”, esperando para serem identificadas, informa o pesquisador. 

Fonte: Ambiente Brasil

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