Muitos insetos voadores são bichinhos que incomodam. Eles esvoaçam em torno das pessoas, zunem, dão picadas e um grande número deles pode causar ou transmitir doenças. Mas já reparou que alguns deles estão desaparecidos?
Há quanto tempo você não vê um gafanhoto no seu passeio de domingo no campo, ouve os grilos da varanda ou vê um vaga-lume numa caminhada noturna em uma estrada rural? A sensação de estar perdendo essa fauna que tantas gerações associam à sua infância é mais do que isso, é uma realidade. E o que é pior, juntamente com esses animais também está desaparecendo elementos básicos para o sustento de muitos ecossistemas dos quais todos os seres vivos dependem.
De todas as espécies de animais conhecidas, mais da metade são desses invertebrados. Só por isso já seriam importantes, mas eles são ainda responsáveis pela polinização das plantas silvestres e das culturas agrícolas, e servem de comida para dos pássaros, além de alimentarem pequenos mamíferos, répteis, anfíbios e até peixes. Há menos gafanhotos, grilos, abelhas, borboletas, pirilampos, joaninhas, libélulas, louva-a-deus, esperanças, etc. Entre as principais causas relacionadas à diminuição dos insetos ao redor do mundo estão a transformação e a destruição dos seus habitats.
É praticamente impossível imaginar vida humana sem os insetos. Além da polinização e de servirem de alimentos para outros animais, como herbívoros, eles são cruciais na dinâmica das populações de vegetais. Desempenham um papel muito importante na formação e manutenção da estrutura do solo e na decomposição de matéria orgânica, permitindo que os nutrientes voltem a terra e sejam aproveitados pelas plantas. Esses invertebrados também são fundamentais para a produção de alimentos para as pessoas, já que a maioria das nossas culturas depende deles para a polinização, para produção de frutos e sementes. Eles viveriam sem problemas na ausência da humanidade, mas nós não sobreviveríamos sem eles.
Dentre todos os insetos cujas populações estão diminuindo, os que mais preocupam são as abelhas. Elas são muito mais do que meras produtoras de mel. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), elas são responsáveis pela polinização de 73% das plantas cultivadas para alimentação humana. As devoradoras joaninhas, os tatuzinhos de jardins, são outros invertebrados que preocupam muito pelos seus desaparecimentos.
Na minha infância, os vaga-lumes ou pirilampos pareciam existir aos montes. Adorava tentar caçá-los. Agora, eu já não faço ideia de quando foi a última vez que vi um desses insetos. Por onde eles andam? As razões exatas para isso não são muito claras, mas as possibilidades podem ser perda do habitat natural, produtos químicos tóxicos e poluição luminosa. A maioria das espécies de vaga-lumes cresce como larvas em madeiras e detritos às margens de lagos e riachos. Normalmente eles permanecem próximos à área onde nasceram, como pântanos, florestas e campos. Como os seres humanos estão evoluindo cada vez mais, regiões naturais são substituídas por plantações ou até mesmo urbanização. Isso diminui drasticamente os lugares propícios para eles nascerem e brilharem. Além disso, a poluição luminosa dificulta a comunicação entre o macho e a fêmea, que utilizam suas luzinhas para se encontrarem.
É necessário pensar que a fauna de invertebrados também atua como controle de pragas e é fonte de alimento essencial para o resto dos animais. Muitas aves se alimentam das lagartas de borboletas que estão precisamente em declínio e numerosas vespas e moscas também dependem da fase larval e de crisálida dos lepidópteros. Mas a destruição do habitat (urbanização, agricultura intensiva, turismo...) não age sozinha como elemento de distorção, mas também o abandono da zona rural e a mudança climática contribuem para essa situação perigosa.
Não só os insetos andam sumindo, se repararem, as taruíras ou lagartixas doméstica, os pardais, os anuros. Toda a cadeia alimentar esta sofrendo consequências.
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