As veredas estão secando no norte e no noroeste mineiro. Ano após ano, elas vêm perdendo a capacidade de ser a caixa d'água do grande sertão de Minas. Quando se mata um rio, não se mata só o fluxo de água, mas toda a biodiversidade.
Afluente do rio São Francisco, o rio Peruaçu [foto], no Norte de Minas
Gerais, vem secando nos últimos anos, o que ameaça patrimônios naturais, como
cavernas, e as comunidades que vivem às suas margens. A redução do fluxo de
água tem sido observada inclusive nos períodos de precipitações pluviométricas
normais, afirma a professora Cristina Helena Ribeiro Rocha Augustin, do
Departamento de Geografia do Instituto de Geociências (IGC) da UFMG. Com cerca de 100 quilômetros de extensão, o vale do rio Peruaçu possui
trechos protegidos por dois parques – na parte alta, domínio dos arenitos, fica
o parque estadual Veredas do Peruaçu, ligado ao Instituto Estadual de
Florestas. Já o parque nacional Cavernas do Peruaçu, é ligado ao Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e
abriga inúmeras cavernas, localizadas em zona de calcário. Segundo Cristina Augustin, ao delimitar o parque estadual, na parte
mais alta, apenas um lado da bacia foi protegida. "Enquanto na parte
preservada o cerrado já está alto e recuperado, pois há 25 anos não há
queimadas, a outra continua com gado, queimadas e todo tipo de impacto",
relata. A bacia do Peruaçu abrange os municípios de Bonito de Minas, Januária e
Cônego Marinho, distantes cerca de 700 quilômetros de Belo Horizonte.
As veredas são as fontes de água dos municípios de Januária, Bonito de
Minas, Urucuia, Riachinho e Arinos, no sertão de Minas Gerais, uma região de
clima semiárido. Veredas são áreas alagadas do cerrado, cercadas de vegetação
nativa, principalmente o buriti. A presença da palmeira indica a existência de
água, formando um oásis no meio do sertão. Mas a paisagem está desaparecendo
Infiltração prejudicada
A presença da palmeira buriti [foto] ao longo de rios é marca
registrada das veredas, ecossistemas específicos do Cerrado, nos quais se
localiza o Peruaçu. Para que um rio tenha água perene, é preciso estimular a
infiltração. Experiências realizadas no âmbito do projeto demonstram que a
infiltração da água de escoamento é lenta. A água pode até, inicialmente, encher
reservatórios e os rios, mas estes secam rapidamente. Quando as primeiras
chuvas encontram o solo descoberto, a água leva sedimentos que aceleram o
processo de assoreamento das represas e rios. De acordo com a pesquisadora, há três maneiras de um rio secar: pela
mudança climática, pelo uso excessivo da água do freático, mesmo mantida a
reposição natural, e pela diminuição do volume. Não é preciso uma tragédia para secar um sistema. As ações que estão
sendo levadas a cabo há vários anos nessas bacias e que estimulam as
enxurradas, como a retirada de cobertura vegetal, o plantio indiscriminado de
eucalipto, a criação de gado e o uso excessivo da água do lençol freático.
Segundo o biólogo Walter
Neves, o solo arenoso do cerrado
facilita a passagem da água das chuvas, que escoaria rapidamente se não fosse a
vereda. A água infiltra no solo até atingir o lençol freático, que abastece os
rios na época da seca. A capacidade de reter a água é graças ao solo turfoso da
vereda. O buriti tem um papel essencial nesse processo. “Quem mais contribui
para essa matéria orgânica é o buriti. A quantidade enorme de palha que cai vai
decompondo e formando essa esponja”,
Medidas mitigadoras
A primeira medida para reduzir o impacto antrópico é o estímulo ao
replantio. Além disso, a professora sugere o planejamento das atividades
agropecuárias. “Não falta conhecimento, o que falta é uma gestão integrada,
pois em cada lugar o morador se sente o dono da água. E ainda tem os que acham
que rio é local de despejo de lixo”.
Para saber mais.
Referencias.
www.ufmg.br/online/arquivos/ www.wwf.org.br/wwf_brasil/ sites.uai.com.br/ www.em.com.br/
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