Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Agressiva, dominante, come todo tipo de alimento, predadora voraz. Alta adaptabilidade preocupa cientistas.
Foi introduzida no Brasil em 1971, para
aquicultura. Espécie oportunista adapta-se facilmente a todo tipo de ambiente. Tolerando
grandes variações de temperatura e águas degradadas, com baixos níveis de oxigênio.
Agressiva, come todo tipo de alimento e é predadora de inúmeras espécies
nativas, com as quais compete por espaço. Já foi registrada sua presença até no
mar do Caribe, na Ilha de Margarita (Venezuela). O sequenciamento genético da Tilápia do Nilo -
revelou os mecanismos genômicos que estão por trás da incrível capacidade de
adaptação desses animais aos mais variados tipos de ambientes. O trabalho,
realizado por uma equipe de mais de 70 cientistas sob liderança do Broad
Institute do MIT e Harvard, foi publicado na revista Nature. Segundo o artigo
da Nature, peixes como a tilápia são verdadeiros “mutantes naturais”, por isso
conseguiram se diversificar amplamente em um tempo relativamente curto nos rios
e lagos africanos. A tilápia tem
capacidade para se adaptar nos mais variados ambientes, mesmo em águas
extremamente degradadas. A tilápia é extremamente agressiva e domina os
ambientes onde se estabelece. A tilápia
deveria ser cultivada apenas em tanques escavados. Nos tanques-rede é
praticamente impossível impedir que os peixes escapem e se espalhem pelos
biomas.
Projeto
polêmico
O Projeto de Lei 5989/09, do deputado Nelson Meurer
(PP-PR), modifica a lei da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da
Aquicultura e da Pesca, determinando que as espécies exóticas de peixes criadas
em tanques-rede, instalados em reservatórios de águas continentais, podem ser
equiparadas às espécies nativas. O texto prevê também a obrigatoriedade de
proprietários de represas protegerem a fauna, por meio do repovoamento anual
dos reservatórios hídricos com espécies presentes no meio ambiente local.
Para Orsi, o projeto de lei "naturaliza"
as espécies invasoras como a tilápia e a carpa. A comunidade científica internacional está
estarrecida com esse projeto. É inacreditável que o Brasil, com mais de 8 mil
espécies nativas, queira naturalizar a tilápia, uma espécie africana exótica
sabidamente invasora. O cientista explica que a tilápia se prolifera
rapidamente, em águas com diversas temperaturas, e é bem-sucedida em ambientes
alterados e pobres em recursos alimentares, como os represamentos de
hidrelétricas. Segundo ele, a alta capacidade de adaptação desses animais é uma
ameaça à biodiversidade nos biomas brasileiros. "É um animal rústico, com
uma capacidade zootécnica muito grande: produz carne rapidamente. Mas a tilápia
entra em competição direta com as espécies nativas e promovem o fenômeno da
exclusão competitiva. Ela é territorialista, com sua capacidade adaptativa, ela
sempre ganha a competição por espaço e alimento. Além disso, é predadora das
larvas e ovos de espécies nativas". Mesmo do ponto de vista econômico, a
naturalização da espécie trará riscos, segundo o pesquisador. "Houve casos
em Barra Bonita e em Minas Gerais nos quais as tilápias escaparam dos
tanques-rede com tal intensidade que invadiram toda a represa. Os pescadores
artesanais tiveram acesso a grandes quantidades do peixe, derrubando o
preço". Segundo ele, nenhum cientista é contra a criação de tilápias, mas
é preciso evitar os tanques-rede. "É preciso produzir profissionalmente,
em tanque escavado", disse. De acordo com Orsi, a tilápia traz ainda problemas
para a qualidade da água. Vários artigos científicos mostraram que ela piora a
qualidade de água dos reservatórios. O cultivo feito à base de ração rica em
fósforo, causa poluição e altera o ambiente aquático para as espécies nativas. A
qualidade da água fica tão ruim que só a tilápia é capaz de sobreviver em tal
ambiente.
Invasoras. Espécies invasoras, ou exóticas, são
aquelas que se proliferam sem controle e passam a representar ameaça para
espécies nativas e para o equilíbrio de ecossistemas. De acordo com Michele
Dechoum, bióloga do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental,
o Brasil tem hoje mais de 700 espécies invasoras de plantas, peixes e animais
vertebrados e invertebrados.
fonte: http://sustentabilidade.estadao.com.br
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