quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS

A acidez dos oceanos inicia a partir da absorção do dióxido de carbono pela água dos oceanos, na água marinha surge o ácido carbônico, diminuindo a quantidade de carbonato, substância essencial para a constituição de estruturas duras de organismos marinhos.


Desde a Revolução Industrial, a acidez tem avançado no meio marinho, mas, nos últimos anos, segundo pesquisadores do Laboratório de Oceanografia de Villefranche, na França, as condições dos oceanos têm mudado de maneira mais rápida. As mudanças climáticas provocam acidez e elevação de temperatura nos mares.  Chaminés, fornos e tubos de escape de carros são algumas fontes que liberam dióxido de carbono para o ar. Parte desse dióxido acaba dissolvido na água do mar, como ácido carbônico. Como o dióxido de carbono na atmosfera hoje em dia chega a 380 partes por milhão (ppm), enquanto os últimos milhões de anos viram oscilações entre cerca de 180 e 280 ppm, não é nenhuma surpresa que a água do mar esteja mais ácida do que durante este período recente da história da Terra. Como sempre, não é só a dimensão dessa mudança que é importante, mas sua velocidade.


Um novo estudo tentou medir a taxa atual dessa mudança, contra o que aconteceu em épocas pré-industriais, mas ficou dependente de modelos de computador para fornecer estimativas históricas.  Apesar dessa ressalva, os números da pesquisa são surpreendentes, sugerindo que a atual taxa de acidificação é duas ordens de magnitude maior do que o que aconteceu no final da última Era Glacial.
Será que animais marinhos, plantas e ecossistemas podem viver com isso? Como os oceanos ficarão no futuro? Será que ainda vão ser capazes de nos fornecer os alimentos que precisamos?
Alguns experimentos em laboratório sugerem problemas. Por exemplo, na semana passada, uma equipe de pesquisadores australianos descobriu que níveis aumentados de CO2 na água do mar afetam a química do cérebro de peixes alterando seu comportamento.  Algumas pessoas podem dizer que o que está acontecendo não é um aumento da acidez, e sim uma queda na alcalinidade, portanto, não se pode chamar isso de acidificação. De uma certa forma, isso está correto. Com o pH de 8,1 e caindo, a água do mar está a caminho de alcalina para neutra.
Mas isso é irrelevante. Os organismos e ecossistemas se adaptam a qualquer acidez ou alcalinidade que encontram, mas precisam de tempo para fazê-lo e, em alguns casos, por exemplo, para animais que precisam formar conchas, essa adaptação pode ser impossível.
De qualquer forma, há uma riqueza de evidências de que a acidificação dos oceanos é motivo de preocupação – talvez até mais do que os efeitos climáticos das emissões de CO2.


Algumas convenções climáticas já mencionam os problemas da acidificação. A Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) oferece uma maneira de colocar a questão sobre as mesas de presidentes e primeiros-ministros, e é um movimento a ser ativamente prosseguido. A Comissão Oceanográfica Internacional da Unesco é um dos organismos das Nações Unidas dedicado a falar sobre a acidificação na agenda Rio. Tal como acontece com os impactos do clima, há uma agenda preocupada com lidar com os impactos da acidificação, bem como uma agenda preocupada com a redução da tendência em si.
Alguns anos atrás, por exemplo, os cientistas mostraram que manter a população de peixes equilibrada e saudável em um recife oferece proteção contra impactos de temperatura e acidez. Uma solução pode ser encontrada, mas o problema precisa ser reconhecido.
A questão da acidificação dos oceanos tem vindo a ser estudada desde 2008 de uma forma mais ampla pela comunidade científica europeia através do projecto EPOCA (European Project on OCean Acidification) da União Europeia e tem merecido o acompanhamento de um consórcio de organizações internacionais que engloba a ONU. Este consórcio reunido sob o nome Ocean Acidification publicou em 2009 um importante documento de informação e orientação política para combater as consequências da acidificação dos oceanos. 

Fonte: BBC/ terra/ 

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