Estamos elevando a demanda por alimentos, por água e por recursos não renováveis. Estamos sendo levados a destruir florestas, não só nas áreas tropicais, mas em outras partes do mundo.
Algo profundamente diferente está acontecendo a nossa volta
e é possível perceber porque estamos todos a tudo conectados. Somos testemunhas
de um novo momento global, onde a nossa civilização parece não se ajustar mais aos
limites impostos pela natureza. Estamos superando sim, todos os limites e a
forma mais evidentes do nosso descompasso na relação com a natureza é o aumento
da população global.
No período final da segunda guerra mundial a população
humana ultrapassava os 2,3 bilhões e hoje beira a incrível marca dos 6,5
bilhões, porém se reproduzida as expectativas de crescimento estimadas para
2050 a população humana deve chegar a 9 bilhões. Isso quer dizer que estamos
colocando mais pressão sobre a Terra, sendo a maior parte nos ambientes das
nações com menor desenvolvimento.
Estamos elevando a demanda por alimentos, por água e por
recursos não renováveis. Estamos sendo levados a destruir florestas, não só nas
áreas tropicais, mas em outras partes do mundo. A ocupar áreas úmidas e invadir
ambientes raros como o Cerrado brasileiro. A fragmentar paisagens campestres,
algumas na Europa e outras no sul da América do Sul. Mas há uma mensagem nisso,
a tecnologia, que institui o nosso poder de transformar o espaço. Temos que
repensar o uso das nossas tecnologias, pois adquirimos um poder tão grande de
transformar as “coisas” que não podemos continuar com os velhos métodos.
Desde a descoberta da agricultura ocupamos o espaço e
cultivamos a terra da mesma forma, mas agora a nossa habilidade de
transformação precisa acompanhar a demanda e as consequências podem ser
desastrosas. Outra importante evidência de que estamos equivocados é a nossa
forma de pensar sobre o ambiente natural. Temos uma impressão errada da
disponibilidade dos recursos e serviços prestados pela natureza. Acreditamos
que a terra é infinita, o que não passa de uma ilusão, e que podemos explorar
os recursos, produzir bens e consumir indefinidamente, uma ilusão ainda maior.
Os Estados Unidos, por exemplo, é responsável por 30% das
emissões anuais de carbono na atmosfera e isso é mais do que toda a America do
Sul (3,8%), toda a África (2,5%), todo o Oriente Médio (2,6%) e toda a Ásia
(12%), juntos. No entanto, diante da pressão e do movimento mundial para a
redução das emissões de carbono e outros gases do aquecimento global, os norte
americanos se mostram resistentes aos tratados e compromissos internacionais.
No Brasil o desmatamento dos biomas da Amazônia para a criação de gado
e produção de carne bovina ganha repercussão internacional com o boicote das
redes supermercadistas que prometem não comercializar carne procedente de área
de corte ilegal, no entanto a redução do desmatamento ainda é muito tímida e é
preciso uma posição mais firme e fiscalizadora. Na região do Cerrado, o cultivo
de soja vem reduzindo e descaracterizando a paisagem de uma das mais
importantes expressões da biodiversidade brasileira.
No sul do Brasil, a redução das áreas naturais campestres se
deve ao avanço dos monocultivos de eucalipto, algo que precisa melhor
compreendido por todas as pessoas. A fragmentação, sem controle, dessas áreas
com a introdução de elementos arbóreos pode reproduzir na paisagem prejuízos
que só poderão ser medidos na escala de tempo. Por enquanto, o que se pode
esperar é uma mudança no comportamento da biodiversidade, expectativa já
confirmada em alguns locais profundamente alterados, onde o campo foi
completamente substituído por algum tipo de atividade. No entanto, algo parece
interferir em nossa capacidade de perceber o problema.
A Mata Atlântica abrangia uma área equivalente a 1.315.460
km² e estendia-se originalmente ao longo de 17 Estados. Hoje, restam 8,5 % de remanescentes florestais.
É um Hotspot mundial, ou seja, uma das áreas mais ricas em biodiversidade e
mais ameaçadas do planeta. A composição original da Mata Atlântica é um mosaico
de vegetações definidas como florestas ombrófilas densa, aberta e mista;
florestas estacionais decidual e semidecidual; campos de altitude, mangues e
restingas.
Ao tempo que escolhemos derrubar a Amazônia para produzir
carne, estamos expulsando a pecuária do campo nativo para cultivar árvores e
produzir celulose. E se é preciso tempo para se imprimir esse triste resultado,
então estamos decidindo hoje o futuro que queremos para os nossos netos.
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