O NOSSO POKEMON E SUA POKEBOLA
Mascote da Copa do Mundo de 2014 classificado como espécie “vulnerável” em uma tabela internacional de animais em risco de extinção, o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus) será rebaixado para a categoria “em perigo de extinção”, um nível mais próximo da extinção. Poderá ser extinto em 50 anos.
Nome popular: Tatu-bola
Nome científico: Tolypeutes tricinctus
Quanto mede: 50 centímetros
Onde vive: Na caatinga do Nordeste brasileiro
O que come: Formigas, escorpiões, frutas, ovos
Filhotes: Um, no máximo dois filhotes
O tatu-bola é o menor tatu
brasileiro, o único tatu endêmico, isto é, que existe apenas no nosso Brasil e
o mais ameaçado, porque, como não cava bem como os outros tatus, é mais fácil
de ser caçado na região de seca, onde há pouca comida. Para se defender, esse
tatu se enrola completamente, formando uma bola, daí o nome popular. O rabo e a
cabeça se adaptam como num quebra-cabeça, protegendo o corpo do tatu, o que não
o defende do homem, porém, porque fica fácil pegar a bola que é o tatu e enfiar
num saco.
Por ser ainda muito caçado, o
tatu-bola desapareceu em Sergipe e no Ceará, mas ainda existe na Bahia,
Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, nas regiões ainda
despovoadas. Apesar de protegido por lei, esse animalzinho é caçado até dentro
do Parque Nacional da Serra da Capivara e da Estação Ecológica do Raso da
Catarina, áreas de conservação, onde no passado o tatu-bola existia em
quantidade. Para salvar essa espécie, os cientistas estão propondo estudos para
criação em cativeiro e principalmente programas de educação ambiental para a
população da área onde ainda sobrevive esse tatu. O problema é que esse bicho
vive justamente na região mais pobre e carente do Brasil e, sem educação, nunca
se conseguirá que um caboclo com fome deixe de pegar o tatu para comê-lo, se
tiver oportunidade.
A mudança de status do tatu-bola
deverá ser anunciada no início do ano que vem, quando o governo brasileiro fará
uma atualização da situação de espécies brasileiras na lista vermelha da União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Segundo o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o tatu-bola foi uma das 1.818
espécies brasileiras analisadas em levantamento concluído em outubro deste ano.
A mudança de status do animal aguarda a aprovação do Ministério do Meio Ambiente. De acordo com a escala usada pela
IUCN, o risco de extinção do mamífero, que já era considerado “alto”, passa a
ser considerado “muito alto”. A vice-presidente do grupo de pesquisa sobre
Xenartros (tatus, tamanduás e preguiças) da IUCN, a brasileira Flávia Miranda,
que participou do levantamento do ICMBio, disse à Agência Brasil que a espécie
perdeu mais de 50% de seu habitat nos últimos dez anos.
“Na última avaliação do Brasil,
esse status caiu. A situação ficou bem mais crítica. Conseguimos sentar com
alguns pesquisadores do Nordeste e vimos que está havendo declínio
populacional”, disse Flávia. Organização não-governamental
responsável pela campanha em prol da escolha do tatu-bola como mascote da Copa
do Mundo de 2014, a Associação Caatinga diz que a espécie é muito sensível à
destruição de seu habitat – a caatinga e o cerrado brasileiros – e só consegue
sobreviver em ambientes bem conservados.
“É uma espécie que sente as
alterações no ambiente. Se há desmatamento, queimada, expansão urbana ou de novas
áreas de agricultura, ele desaparece, porque não suporta alterações
ambientais”, explica o secretário-executivo da Associação Caatinga, Rodrigo
Castro. Segundo ele, o tatu-bola está em
perigo e, se nada for feito de imediato em termos de preservação, a espécie
poderá ser extinta em até 50 anos. Castro lembra que o mamífero também sofre
ameaça de caçadores, embora a caça venha diminuindo com o passar do tempo, já
tem sido mais difícil encontrar a espécie na natureza.
Com a escolha do animal como
mascote da Copa de 2014, Castro acredita que os olhos do mundo se voltarão para
a espécie e sua situação de ameaça poderá ser revertida. “A Associação Caatinga
se aliou à IUCN, em junho deste ano, e construiu um projeto de conservação do
tatu-bola, que pretende, em dez anos, reduzir o status de ameça dentro da lista
vermelha”, disse.Além de ações voltadas para a
pesquisa, a conservação das áreas onde há tatus-bola e a educação ambiental,
pretende-se usar eventos e jogos da Copa do Mundo para divulgar a espécie. “Estamos
buscando parceria com a Fifa [Federação Internacional de Futebol, que realiza o
mundial], com patrocinadores do evento e outras entidades preocupadas com
questões ambientais”, disse. Apesar disso, de acordo com o
coordenador-geral de Manejo para a Conservação ICMBio, Ugo Vercillo, o
tatu-bola não receberá nenhum tratamento especial do governo brasileiro por ter
sido escolhido mascote da Copa de 2014. “Não existe nenhuma mudança do nosso
planejamento em virtude da espécie ser mascote da Copa do Mundo. Está previsto,
no próximo ano, elaborarmos o Plano de Ação dos Xenartros, que incluirá o
tatu-bola”, informou por e-mail.
Pokemon voltando ao estágio pokebola
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Fonte: Agência Brasil /portal são francisco/
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