Os cientistas ainda não têm uma explicação acabada para o que vem acontecendo. Mas há sinais evidentes de que algo está mudando na superfície terrestre. A temperatura média global esta subindo. Os cinco anos mais quentes do século XX foram registrados na década de 80. A maioria dos climatologistas concorda que conclusões definitivas só poderão ser tiradas daqui a alguns anos, mas, de todo modo, é virtualmente cerco que essas variações têm a ver com a ação do homem.
O
aquecimento do planeta parece estar diretamente relacionado ao efeito estufa,
causado pelo aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera. Isso
ocorre, principalmente por causa da queima maciça de combustíveis fósseis, os
derivados de petróleo. Além disso, os gases emitidos pela indústria estão aumentando
nas camadas altas da atmosfera, o que contribui para o acréscimo da
temperatura. Se, como preveem os estudos científicos, a concentração de dióxido
de carbono na atmosfera crescer duas vezes e meia até o ano 2075 e a emissão
dos gases afanosos continuarem no ritmo atual, a temperatura terrestre poderá
elevar-se entre 5 e 16 graus. Seria uma calamidade pior do que qualquer outra
já experimentada pela espécie humana desde seu aparecimento na face da Terra.
As secas, as ondas de calor e os furacões seriam mais frequentes e intensos,
talvez subvertendo radicalmente o clima do mundo.
Mas
é preciso cautela com essas hipóteses. Ainda não foi possível manter o
acompanhamento do que se passa com a atmosfera em todos os pontos ao redor do
planeta ao mesmo tempo. Será que somente a quantidade de gás carbônico que o
homem lança no ar teria realmente o poder de provocar tantas mudanças? Elas
podem ser parte de algum ciclo climático ainda desconhecido. Todas essas
circunstâncias só fazem aumentar o interesse pelas catástrofes naturais e o que
elas podem ensinar sobre as forças inerentes ao planeta. Por isso a atenção se
volta não apenas para as desgraças causadas por fenômenos climáticos— como
secas, inundações, incêndios florestais —mas também para aquelas que se relacionam com a
dinâmica íntima da Terra: terremotos,
erupções vulcânicas, erosões.
É
preciso considerar ainda a relação que pode existir entre os fenômenos da
natureza e os desastres que o homem desencadeia. As perdas que se devem a
catástrofes naturais estão crescendo como resultado do aumento da população e
de sua concentração em áreas urbanas vulneráveis. Não que a frequência dessas catástrofes tenha
aumentado nos últimos anos. A ocorrência dos desastres naturais parece ser
aproximadamente a mesma do passado. O que acontece é que agora causam danos
maiores por três motivos fundamentais: a explosão demográfica, a proliferação
de grandes edificações e a desestabilização do solo nas metrópoles. Tudo isto
aliado ao poder da comunicação do século XXI. Ficamos sabendo de tudo após
alguns minutos do acontecimento, em alguns casos, ao vivo.
Os terremotos,
como se sabe, têm suas origens nos movimentos das placas tectônicas —
imensos blocos de rocha rígida — que se deslocam sobre a astenosfera, a camada
menos rígida do manto, que fica
logo abaixo da superfície da Terra. É muito difícil saber com precisão quando
um sismo vai ocorrer. Um dos caminhos é observar continuamente os abalos que
ocorrem em determinada região, fazendo o que se chama monitoramento sísmico, estando-se
alerta a qualquer mudança na atividade desses abalos.
As
erupções vulcânicas têm a mesma origem dos
terremotos: os movimentos das placas tectônicas. Os efeitos, naturalmente,
variam. A erupção do Vulcão Kilauea no Havaí, em 1987, foi suave perto da
destruição causada pelo Nevado del Ruiz, na Colômbia, em 1985. A razão
principal da tragédia foi a mistura de lava, gelo e barro, que se transformou
em verdadeiro, arrasando os lugares por onde passava. Um rio de lava pode
alcançar velocidades de até 100 quilômetros por hora e percorrer centenas de
quilômetros. Ele se forma quando a erupção do vulcão derrete a neve em volta da
cratera. Tanto os terremotos quanto as erupções vulcânicas submarinas podem
provocar os tsunamis — gigantescas ondas de até 50 metros de altura que
se deslocam a cerca de 200 metros por segundo, o equivalente a 720 quilômetros
por hora, mais depressa do que um avião a hélice. A explosão do Krakatoa, na Indonésia, em 1883,
levantou tsunamis que arrasaram as ilhas de Java e Sumatra e três centenas de
aldeias e vilarejos.
Os
furacões ou tufões também são devastadores:
ventos com velocidades acima de 100 quilômetros horários se originam no mar,
devido ao encontro de duas massas de ar com temperaturas diferentes. Gera-se
então um ciclone, núcleo de baixa pressão, com fortes ventos que provocam
vagalhões, muralhas de água com mais de 10 metros de altura. Estas, muitas
vezes, chegam a alcançar a costa, espalhando destruição. A mesma queda de
pressão capaz de elevar violentamente o nível das águas do mar pode formar em
terra os tornados: ventos de até 500 quilômetros por hora, que arrancam árvores
e casas. Dependendo do lugar onde aparecem, esses fenômenos recebem nomes
diferentes:
- furacões, nos Estados Unidos, onde costumam ocorrer de julho a outubro;
- tufões, que surgem entre julho e outubro na China;
- ciclones, na Índia, de abril a junho e de setembro a dezembro;
- ciclones tropicais, entre dezembro e março nas Filipinas;
- willy-willies de dezembro a março na Austrália.
Os
deslizamentos de terra nas zonas montanhosas,
provocados pelas chuvas, são especialmente numerosos e destrutivos nas áreas
mais povoadas dos países do Terceiro Mundo, porque não se faz o planejamento do
uso do solo.
Além
da terra, do vento e da água, o fogo também pode se tornar um inimigo difícil
de ser combatido.
Os
incêndios florestais de origem natural atuam
como mecanismos de controle e de regulação das matas —
algo muito diverso dos efeitos do fogo ateado pelo homem. No Brasil,
as queimadas na Amazônia destinadas a incorporar à pecuária novas extensões de terra têm sido um escândalo
internacional. A capa vegetal do planeta, mais precisamente as selvas e
florestas, tem importante missão a cumprir, regulando o regime de chuvas e o
clima. Também mantém os solos compactos e firmes, favorecendo a circulação das
águas e impedindo a erosão, grande inimiga desses ecossistemas. Com os
incêndios, o equilíbrio se rompe, os solos se desnudam e ficam frágeis. Se essa
situação se prolongar, o ambiente fresco e úmido da floresta se tornará aos
poucos tórrido e seco. O Deserto do Saara foi há 70 milhões de anos uma
exuberante floresta. A desertificação é um fenômeno complexo no qual influem
alguns fatores como o clima e a atividade humana. Esse conjunto de interações
provoca a drástica diminuição das chuvas durante prolongados períodos de tempo.
A evaporação e a diminuição do fluxo das correntes de água acabam por
transformar a região em deserto.
Sobretudo
na África, as secas se intensificaram ao longo do século por causa do
desmatamento. As instituições internacionais deram o alarme desde o início do
processo, não só pelas consequências imediatas sobre o meio ambiente, mas
também porque as secas propiciam o aparecimento de um dos desastres naturais
mais temidos pelo homem: as pragas de insetos, sobretudo gafanhotos. Esses
vorazes devoradores de vegetais sobrevivem em áreas distantes e semidesérticas,
onde é muito difícil localizá-los e combatê-los.
Os
desastres naturais representam uma ameaça crescente para a população humana,
que não cessa de crescer, e para os bens materiais que ela produz. No início do
século, a Terra era habitada por 1,6 bilhão de pessoas. Hoje, esse número
cresceu para 7 bilhões e prevê-se que, daqui a cinquenta anos, a cifra se eleve
a 12 bilhões. Se as forças naturais seguirem atuando no mesmo ritmo, o risco de
perdas de vidas humanas pode duplicar. Essa é a principal motivação da campanha
da ONU para reduzir os efeitos dos desastres naturais. O planejamento do futuro
requer uma série de medidas que permitam identificar as zonas mais vulneráveis,
organizar melhor o uso do solo, aperfeiçoar o fornecimento de serviços
essenciais como água encanada, gás e eletricidade, fazer construções capazes de
resistir ao desgaste de seus componentes. E, sobretudo educar as populações
para torná-las aptas a se auto proteger e colaborar eficazmente nos trabalhos de
salvamento e reconstrução.
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fonte: super/uol/cienciashoje/
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