quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

REDUZIR ALAGAMENTOS, INUNDAÇÕES E ENCHENTES É POSSÍVEL?

Cenas como a mostrada na imagem acima(jan/2020- BH) são eventualmente exibidas nos noticiários, descrevendo prejuízos e transtornos, principalmente em períodos de chuvas fortes e contínuas. Tratam-se de enchentes (cheias), inundações e/ou alagamentos, processos cíclicos e naturais de rios e canais, que nem sempre trazem malefícios à população. No entanto, embora oriundas da ação das chuvas e do crescimento desorganizado das cidades, é comum nesta época do ano que as chuvas comecem a cair e consequentemente com ela, surgem os perigos. 



Há uma linha tênue que diferencia enchente, inundação e alagamento. Entenda melhor a diferença entre esses termos e qual seu processo de formação e possíveis consequências: 
  • Enchente (ou Cheia) – é o transbordamento natural do nível de água de rios e canais devido a chuvas muito intensas. 
  • Inundação – A inundação é o transbordamento de água num determinado território. As inundações são subdivididas em 3 tipos;
      • Inundação fluvial: quando ocorrem fortes chuvas que causam o transbordamento da água de rios e lagos; 
      • Inundação marítima: originada por grandes ondas e ressacas; 
      • Inundação artificial: causada por falhas humanas, como rompimento de barragens, acidentes na operação de comportas etc. 
  • Alagamento – Acúmulo de água em determinada região. 
Frequentemente pode ocorrer uma sequência de eventos da seguinte forma: Uma enchente que provoca uma inundação que, por sua vez, gera um alagamento. As causas naturais das inundações estão relacionadas à forma da bacia hidrográfica, à forma do vale, da altura da topografia, do tipo de vegetação vizinha e dos índices de pluviosidade do local. 
Geralmente as inundações são prejudiciais quando existe ocupação populacional próximas às regiões afetadas pela água. Ou seja, a origem dos danos é causada por ações e, geralmente, irresponsáveis ou sem conhecimento técnico. A grande quantidade de asfalto e pavimentação nas grandes cidades, por exemplo, impede o escoamento natural da água da chuva pelo solo, tornando essas áreas impermeáveis e promovendo o processo de acúmulo de água (alagamento); além do que, os grandes centros urbanos, que, além da extensa pavimentação, concentram altos índices de poluição, facilitam a formação de ilhas de calor (regiões muito aquecidas nas grandes cidades causadas pela intensa urbanização), o que consequentemente altera a pluviosidade da região, desde que as ilhas de calor estimulam a formação de tempestades nos grandes centros urbanos. 
A proporção dos danos de uma inundação está intimamente ligada à ocupação populacional desorganizada da região. Quando não há interferência antrópica irresponsável, tais transbordamentos são absorvidos gradativamente pela própria natureza. Caso contrário, atividades irresponsáveis como o desmatamento não planejado, construções em encostas, e o despejo irracional de lixo e esgoto em áreas fluviais causam um grande impacto em todo o processo de absorção dessas águas. 
As boas práticas humanas em relação ao meio ambiente em que vive devem ser sempre cultivadas, preservando o ambiente para manter a qualidade de vida das gerações futuras. 

REDUZIR ALAGAMENTOS, INUNDAÇÕES E ENCHENTES É POSSÍVEL? 

Não existe fórmula mágica para evitar os alagamentos, mas algumas mudanças na estrutura dos grandes centros urbanos podem minimizar o efeito do excesso de água. O desafio principal é encontrar alternativas para evitar a impermeabilização do solo e o assoreamento dos rios (acúmulo de detritos que causa a redução da profundidade e da vazão). Afinal, reduzir o volume de chuvas não é possível, nem desejável. 

Lixo não!

Não precisa nem falar que jogar lixo nos rios polui a água e acaba com qualquer tipo de vida que exista por ali. Mas o mau costume causa ainda o assoreamento dos rios, ou seja, o lixo se acumula nas bordas e no fundo dos rios, deixando-os mais rasos e estreitos. Assim, transbordam facilmente 

Várzea, carro ou barco?

Usar avenidas vizinhas a rios como vias de grande circulação é uma péssima ideia. Quando chove muito e o nível do rio sobe, essas áreas são as primeiras a sofrer e comprometem o trânsito da cidade inteira 

Respirar para sobreviver!

É necessária uma política de ocupação do solo que não agrave a questão da impermeabilização. Áreas cobertas com asfalto e cimento ficam totalmente impermeáveis. Além de impossibilitar a absorção da água da chuva, o solo impermeabilizado faz a água correr mais rápido e tomar conta da cidade rapidamente 

Abrindo uma brecha

O uso de pavimentos mais permeáveis à água é uma alternativa ao asfalto. Blocos intertravados – como os usados em calçadões e em ruas de cidades menores – assentados sobre areia permitem que a água penetre no solo e escoe sob o piso das ruas e avenidas 

Avenida vegetal

Nas margens dos rios, o ideal seria ter faixas cobertas por vegetação natural. Em casos de transbordamento, a água seria absorvida pelo solo livre de calçamento. As vias de tráfego intenso ficariam o mais longe possível das áreas facilmente alagáveis 

Verde pra que te quero

Quanto mais espaço coberto por vegetação, melhor. Solo não pavimentado absorve até 90% da água da chuva. As cidades deveriam ter 12 m² de área verde por habitante.

Bacia de retenção de águas pluviais

Algumas cidades já têm piscinões, reservatório de contenção de água pluvial, para receber a água das chuvas, mas outra solução possível é a construção de mini piscinões em casas e edifícios. Além de evitar inundações, os reservatórios permitiriam usar a água da chuva em serviços domésticos.


Chuva é fenômeno natural

O problema das enchentes passou a ser algo comum na vida das populações de algumas cidades, todo o ano é a mesma coisa: entre os meses de dezembro e fevereiro, os noticiários são tomados por problemas relacionados com a elevação dos cursos d´água e a inundação de casas e ruas, desencadeando uma série de tragédias que, quase sempre, poderia ser evitada. Uma cidade deve estar preparada para ocorrências de chuvas finas, bem como fortes tempestades. O que resolve essas catástrofes em áreas urbanas são eficientes obras pluviais de engenharia, gestão politica e uma população educada, para não invadir e construir em áreas de risco, encostas(taludes) e não entupir a canalização de drenagem das águas pluviais com lixo. Conversas de políticos não resolvem problemas, debate do poder publico, muito menos. 
Um problema que parece não ter uma solução rápida é o elevado índice de poluição, causado tanto pela ausência de consciência por parte da população quanto por sistemas ineficientes de coleta de lixo. Além do mais, há problemas causados pela poluição gerada por empresas e outros órgãos. Com isso, ocorre o entupimento dos bueiros que seriam responsáveis por conter parte da água que eleva o nível dos rios. Além disso, o lixo gerado é levado pelas enxurradas e contribui ainda mais para elevar o volume das águas.
A ocorrência de enchentes nas cidades também pode estar relacionada com problemas nos sistemas de drenagem. Às vezes, não há bueiros ou outras construções que seriam responsáveis pela contenção ou desvio da água que corre para os rios, provocando a cheia deles. Além disso, somente a construção de bueiros e sistemas de drenagem pode não ser suficiente, isso porque as demais ações antrópicas podem elevar gradualmente a vazão das enxurradas ao longo dos anos, fazendo com que as drenagens existentes não consigam atender toda a demanda.
Outra questão é a ocupação irregular ou desordenada do espaço geográfico. Algumas áreas correspondem ao leito maior de um rio que, esporadicamente, inunda. Com a ocupação irregular dessas áreas – muitas vezes causada pela ausência de planejamento adequado –, as pessoas estão sujeitas à ocorrência de inundações. Além disso, a remoção da vegetação que compõe o entorno do rio pode intensificar o processo, pois ela teria a função de reter parte dos sedimentos que vão para o leito e aumentam o nível das águas. Apesar de todos os problemas mencionados, a causa considerada principal para as enchentes é, sem dúvida, a impermeabilização do solo. Com a pavimentação das ruas e a cimentação de quintais e calçadas, a maior parte da água, que deveria infiltrar no solo, escorre na superfície, provocando o aumento das enxurradas e a elevação dos rios. Além disso, a impermeabilização contribui para a elevação da velocidade desse escoamento, provocando erosões e causando outros tipos de desastres ambientais urbanos.




3 comentários:

  1. Muito bom a explicação... Minha belo Horizonte esta um caos, destruída pela força da natureza. É uma resposta ao desmazelo do homem.

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  2. o homem e sua ganancia, não da outra coisa. agora é hora da natureza cobrar. a incompetência politica, a corrupção, o desrespeito. só cristo salva

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  3. Para sobrevivência da humanidade precisamos manter e defender os espaços naturais. Há necessidade de educadores ambientais práticos e eficientes. Parabéns professor por esclarecer muito bem esta polêmica.

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