domingo, 10 de março de 2019

RIO FERVENTE

Uma antiga lenda peruana conta que no meio da floresta amazônica se esconde um rio cheio de mistério. Seu nome indígena é Shanay-timpishka, que significa “fervido pelo calor do sol”. De fato, a água do rio teria uma característica muito especial: seria capaz de ferver.


Bem no coração da Amazônia, lendas falam de um rio tão quente que ferve a partir de baixo. É incrível pensar que existem maravilhas naturais do planeta ainda não conhecidas pela ciência, mas tal era o caso do rio em Mayantuyacu, Peru.


Depois que conquistadores espanhóis mataram o último imperador inca, eles se dirigiram para as profundezas da floresta amazônica em busca de ouro. Alguns homens jamais retornariam, e aqueles que voltaram mencionavam um pesadelo vivo: água envenenada, cobras que comiam pessoas, fome, doenças e um rio em ebulição, como se fervido por uma grande fogueira. 
O rio não era lenda, e sim o local sagrado de cura geotérmica de Mayantuyacu, escondido na floresta tropical peruana e protegido por um poderoso xamã.  Com 25 metros de largura e 6 metros de profundidade, o rio avança por mais 6 km em temperaturas quentes o suficiente para cozinhar todos os animais infelizes de caírem na água. E sim, uma pequena parte dele é tão quente que realmente ferve. Há fontes termais documentadas na Amazônia, mas nada tão grande como este rio. O nome indígena do rio, Shanay-timpishka, significa 'fervido com o calor do sol'. 


Então, por que ele ferve? 
Assim como nós temos sangue quente correndo por nossas veias e artérias, a Terra tem água quente correndo por suas rachaduras e falhas. Quando chegam à superfície, produzem manifestações geotérmicas: torres de vapor, águas termais ou, neste caso, um rio fervente. 
O que realmente é incrível, no entanto, é a escala do local. O rio flui quente por 6,24 km e, ao longo da maioria desse percurso, é mais largo que uma rodovia. Tem piscinas termais e cascatas de mais de seis metros de altura... tudo com água quase fervendo. 


A cordilheira dos Andes é exatamente o local do encontro das placas tectônicas de Nazca com a placa Sul-americana, o que faz com que o local seja, dentre outras coisas, o de surgimento de muitos vulcões, e essa corrente de água quente com certeza vem do calor do fundo da terra (manto terrestre) e sobe entre as fendas das rochas até a superfície. 
Em todo o mundo, existem muitas nascentes de água quente e rios em ebulição, como o Parque Nacional Yosemite, nos Estados Unidos, e na Islândia. No entanto, a energia geotérmica desempenha um papel crucial no aquecimento da água nestes lugares, principalmente devido à existência de algum vulcão nas proximidades. No caso do rio, o mistério permanece, já que as primeiras formações vulcânicas ficam a mais de 700 quilômetros de distância. 


O processo exato ainda é desconhecido, mas acredita-se que uma vez precipitada, a água se infiltra no solo. Em seguida, ela seria aquecida por energia geotérmica terrestre antes de aflorar, em ebulição, nesse rio. Este curso d'água poderia, então, sugerir a existência de um vasto sistema hidrotermal subterrâneo. 


Ainda há o perigo de algum abalo sísmico fazer com que os gêiseres de água quente subam até superfície com a temperatura extremamente escaldante em questão de segundos! 




Referências 
https://www.bbc.com
https://www.terra.com.br
http://g1.globo.com


2 comentários:

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