sexta-feira, 31 de maio de 2019

ILHAS DAS FLORES - DOCUMENTÁRIO

O cineasta gaúcho Jorge Furtado traçou a lógica do sistema capitalista a partir da trajetória de um simples tomate. Em Ilha das Flores, ele expõe como a economia gera relações desiguais entre os seres humanos. O curta foi produzido em 1988/89.



Embora tenha um leve cunho humorístico e irônico, a mensagem que o filme transmite ao espectador sobre como os seres humanos tratam uns aos outros é mostrada de forma séria. Em apenas 13 minutos, o curta narra o caminho do tomate do campo de cultivo até o aterro sanitário. Mas faz isso com acidez para mostrar um passo a passo de como as relações entre seres humanos é desigual no sistema capitalista. Um tomate é plantado, colhido, transportado e vendido num supermercado, mas apodrece e acaba no lixo. O filme segue-o até seu verdadeiro final e então fica clara a diferença que existe entre tomates, porcos e seres humanos. A ideia do filme é mostrar o absurdo desta situação: seres humanos que, numa escala de prioridade, se encontram depois dos porcos. Todas as informações do texto serão ilustradas, da maneira mais didática possível.

Entenda a história:
  • Um agricultor de Belém Novo, bairro de Porto Alegre, planta, colhe e vende seus tomates para um supermercado. Ele, assim como todos os outros seres humanos, se diferencia de animais por duas características: possuir um telencéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor, o que permite, entre outros, realizar atividades como a agricultura.
  • No mercado, uma mulher compra porco e tomate para o almoço da família. Ela pode comprá-los graças ao dinheiro obtido com a revenda de perfumes, produto feito a partir de flores. Um dos tomates, porém, está estragado e é jogado no lixo.
  • Do lixo, segue para o aterro sanitário, onde o material orgânico é separado. Os itens em melhor estado servem de alimento a porcos em um terreno na Ilha das Flores, que só tem flores — como as usadas nos perfumes vendidos pela mulher que comprou o tomate — no nome.
  • O que os porcos não comem é então dado a famílias pobres que, embora também sejam seres humanos com telencéfalo altamente desenvolvido e polegar opositor, estão abaixo dos porcos na escala de preferência simplesmente por não terem nenhum dinheiro.



Em maio de 2019 o filme foi eleito pela Abraccine o melhor curta-metragem brasileiro da história.

Um comentário:

  1. Este é o melhor documentário que já vi sobre o sistema capitalista. O homem vale quanto tem $$$. Todo mundo tem de assistir. São poucos minutos de conhecimento que vale para a vida toda.

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