A decisão do governo brasileiro em agosto de 2017 de extinguir a
Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), abrindo uma área na Amazônia do
tamanho do território da Dinamarca para exploração mineral, recebeu críticas
acirradas não só de ambientalistas, mas também repercutiu fortemente na mídia
internacional antes de ser suspensa pela Justiça Federal.
O desmatamento e a mineração estão destruindo a floresta num ritmo impressionante. Mas, afinal, por que a preservação da Floresta Amazônica interessa tanto ao mundo? O fato é que a Amazônia influencia o equilíbrio ambiental de todo o planeta e tem papel fundamental na economia do Brasil.
Regime de chuvas
A área da Floresta Amazônica, ao contrário de ser improdutiva, produz imensas quantidades de água para o restante do país. Os chamados “rios voadores”, formados por massas de ar carregadas de vapor de água gerados pela evapotranspiração na Amazônia, levam umidade da Bacia Amazônica para o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Esses rios voadores também influenciam chuvas na Bolívia, no Paraguai, na Argentina, no Uruguai e até no extremo sul do Chile. A umidade vinda da Amazônia e os rios da região alimentam regiões da América do Sul. Segundo estudos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, uma árvore com copa de 10 metros de diâmetro pode bombear para a atmosfera mais de 300 litros de água em forma de vapor por dia – mais que o dobro da água usada diariamente por um brasileiro. Uma árvore maior, com copa de 20 metros de diâmetro, pode evapotranspirar mais de 1.000 litros por dia, bombeando água e levando chuva para irrigar lavouras, encher rios e as represas que alimentam hidrelétricas no resto do país. Assim, preservar a Amazônia é essencial para o agronegócio – o mesmo que devasta a floresta -, para a produção de alimentos e para gerar energia no Brasil. O desmatamento prejudica a evapotranspiração e, por consequência, a rota desses rios, podendo afetar assim o regime de chuvas no restante do país e diversas atividades econômicas. Como resultado do desmatamento, até 65% da Amazônia corre o risco de se transformar em savana ao longo dos próximos 50 anos. Além disso, o Rio Amazonas é responsável por quase um quinto das águas doces levadas aos oceanos no mundo.
Mudanças climáticas
A Amazônia e as florestas tropicais, que armazenam até 140 bilhões de toneladas métricas de carbono, ajudam a estabilizar o clima em todo o mundo. Só a Floresta Amazônica representa 10% de toda a biomassa do planeta. Já as florestas que foram degradadas ou desmatadas são as maiores fontes de emissões de gases do efeito estufa depois da queima de combustíveis fósseis. Isso porque as florestas saudáveis têm uma imensa capacidade de reter e armazenar carbono, mas o desmatamento para o uso agrícola ou extração de madeira libera gases do efeito estufa para a atmosfera e desestabiliza o clima.
Equilíbrio ambiental
Como a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia possui a maior biodiversidade, com uma em cada dez espécies conhecidas. Também há uma grande quantidade de espécies desconhecidas por cientistas, principalmente nas áreas mais remotas. Assegurar a biodiversidade é importante porque ela garante maior sustentabilidade natural para todas as formas de vida, e ecossistemas saudáveis e diversos podem se recuperar melhor de desastres, como queimadas. Preservar a biodiversidade amazônica, portanto, quer dizer contribuir para estabilizar outros ecossistemas na região. O recife dos corais da Amazônia, por exemplo, um corredor de biodiversidade entre a foz do Amazonas e o Caribe, é um refúgio para corais ameaçados pelo aquecimento global por estar em uma região mais profunda. A biodiversidade também tem sua função na agricultura: áreas agrícolas com florestas preservadas em seu entorno têm maior riqueza de polinizadores, dos quais depende a produção de alimentos, como café, milho e soja.
Produtos da floresta
As espécies da Amazônia também são importantes pelo seu uso para produzir medicamentos, alimentos e outros produtos. Mais de 10 mil espécies de plantas da área possuem princípios ativos para uso medicinal, cosmético e controle biológico de pragas. Produtos da floresta são comercializados em todo o Brasil, como açaí, guaraná, frutas tropicais, palmito, fitoterápicos, fitocosméticos, couro vegetal, artesanato de capim dourado e artesanato indígena. Produtos não-madeireiros também têm grande valor de exportação: castanha do Brasil, jarina (o marfim vegetal), rutila e jaborandi (princípios ativos), pau-rosa (essência de perfume), resinas e óleos.
Referências Bibliográficas.
http://noticias.ambientebrasil.com.br/
www.sosamazonia.org.br
www.greenpeace.org/Desmatamento/Amazonia
veja.abril.com.br/
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