segunda-feira, 28 de agosto de 2017

PIRACEMA - É PROIBIDO PESCAR

A piracema, palavra de origem indígena (pira=peixe e cema=subida). Os índios, com sua sabedoria primitiva, já observavam o movimento dos peixes em cardumes rio acima, para se acasalarem e se reproduzirem.


A piracema é um fenômeno que ocorre com diversas espécies de peixes ao redor do mundo. A palavra vem do tupi e significa “subida do peixe”. O processo recebe esse nome porque, todos os anos, eles nadam rio acima para realizar a desova. Os peixes de piracema, conhecidos também como migradores, necessitam fazer um esforço físico intenso para a subida ao rio. Eles sabem que é hora de ir para os locais de desova. Alguns chegam a nadar centenas de quilômetros em poucos dias. Cansados da jornada, os adultos se tornam presa fácil de predadores. Muitos pescadores se aproveitam desta fragilidade para pescá-los com grande facilidade, contribuindo para a redução drástica dos estoques pesqueiros futuros.
Durante este período, os peixes nadam contra a correnteza. Esse processo é extremamente importante para o sucesso reprodutivo, uma vez que o esforço físico aumenta a produção de hormônios e causa a queima de gordura. Os testículos dos peixes machos nesse período aumentam de tamanho, ficando repletos de sêmen. No momento da fecundação, que ocorre externamente, a fêmea lança óvulos na água, enquanto o macho lança os espermatozoides diretamente sobre eles. Após esse momento, os peixes descem novamente o rio. Vale destacar que ovos e larvas também fazem a viagem no sentido contrário ao da piracema enquanto amadurecem. 
No nosso país, esse processo ocorre nas épocas de chuvas de verão, que causam o aumento do nível dos rios. Nessa época também ocorre um aumento da temperatura da água e do ar.
Um grande obstáculo à piracema é a presença de barragem. Os peixes, ao tentarem subir o rio, encontram esse obstáculo e, muitas vezes, ferem-se gravemente, além de ficarem muito exaustos. É nesse momento que muitos predadores se fartam de alimento. Mesmo quando os peixes conseguem se reproduzir, as larvas e ovos não conseguem sobreviver nos reservatórios. Além disso, há as turbinas que podem causar a morte tanto dos peixes quanto dos ovos e larvas. Vale destacar que, geralmente, as barragens apresentam sistemas para a transposição de peixes com a finalidade de diminuir os impactos relatados. Esses sistemas consistem normalmente em uma espécie de escada que facilita a subida e descida dos peixes. Essa escada foi bastante útil nos países do Hemisfério Norte, entretanto, nos países da América do Sul, não teve tanto sucesso.
Pesquisas sugerem que a escada para peixes poderia favorecer a extinção desses animais, pois cardumes inteiros seriam atraídos para locais relativamente pobres. Alguns pesquisadores concluíram que, em algumas dessas barragens, os peixes sobem o rio, porém não descem. Isso porque o ambiente pós-barragem não é adequado para desova e nem para o desenvolvimento de alevinos.
Durante a piracema, só é permitida a modalidade de pesca de subsistência, praticada artesanalmente por populações ribeirinhas e/ou tradicionais, como garantia de alimentação familiar. A modalidade "pesque e solte" ou "pesca por amadores" também é proibida. O período da Piracema vai depender da bacia hidrográfica onde você pesca. A Piracema tem durações diferentes para diferentes espécies de peixe, porém normalmente acontece entre os meses de novembro e fevereiro. Para saber qual é o período de restrição da sua bacia hidrográfica, você pode consultar os informativos disponíveis pelo Ministério da Pesca brasileiro.


Importante! Durante o fenômeno da piracema, a pesca é geralmente proibida por lei, uma vez que os grandes cardumes encontram-se no seu período de reprodução. A captura de grande quantidade desses peixes nesse período pode ocasionar uma diminuição da população de uma determinada espécie. Vale lembrar que o desrespeito à lei pode ocasionar multa e apreensão do material pescado, portanto, antes de arrumar seus apetrechos e curtir uma pescaria, informe-se a respeito das espécies que podem ser capturadas, certificando-se de que não estão em fase reprodutiva.



Durante a cheia, algumas espécies de peixes migram nadando contra a corrente até as cabeceiras dos rios para desovar (piracema). Durante esse percurso exaustivo é intensificada a produção de hormônios. Ao chegar na cabeceira,  as fêmeas liberam ovos na água e os machos derramam o sêmen para acontecer a fecundação. Esses ovos fecundados são então levados pela correnteza até eclodirem em larvas que chegariam naturalmente em várzeas e lagoas marginais para se desenvolverem. Só que com as barragens em rios, o caminho natural dessa luta pela vida tem obstáculos tanto para os peixes adultos que têm dificuldades para subir “escadarias” para chegar à cabeceira, quanto para os filhotes que ficam em situação desprotegida e morrem antes de chegar até as áreas de várzea.
Referência
http://www.ief.mg.gov.br/pesca/piracema
http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2016/09/piracema-se-inicia-neste-sabado-em-mt-e-vai-ate-janeiro-de-2017.html
http://brasilescola.uol.com.br/biologia/piracema.htm
https://agua-sua-linda.tumblr.com/

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