sexta-feira, 17 de março de 2017

LIVRO NEGRO - PORTA DO INFERNO.


Um buraco de 1 quilômetro de extensão e 85 metros de profundidade não para de crescer em uma remota região da Rússia e é chamado de "porta para o inferno" por pessoas que vivem na região, que preferem evitá-lo.  Cratera surgiu na década de 60 e não para de crescer.




Ela não é protegida por  Cérbero (na mitologia grega, era um monstruoso cão de três cabeças que guardava a entrada do mundo inferior, o reino subterrâneo dos mortos, deixando as almas entrarem, mas jamais saírem e despedaçando os mortais que por lá se aventurassem), Mas cientistas estudam estas curiosas paisagens.
Trata-se de uma cratera única, um registro detalhado de 200 mil anos de história da Terra. Batagaika, a gigantesca cratera, emerge de forma dramática na floresta boreal da Sibéria à medida que o permafrost - tipo de solo que está sempre congelado - derrete como efeito do aquecimento global.  A cratera tem crescido na média de 10 metros por ano. Mas em anos mais quentes, esse aumento chegou a 30 metros, conforme indicou estudo do Instituto Alfred Wegener em Potsdam, na Alemanha. A instituição vem monitorando o buraco há uma década. A cratera representa uma rara oportunidade de observar, ao mesmo tempo, o passado, o presente e o futuro.  As camadas de sedimento expostas revelam como era o clima na região há 200 mil anos. Resquícios de árvores, pólen e animais indicam que, no passado, a área foi uma densa floresta. Esse registro geológico pode ajudar a compreender como será, no futuro, a adaptação da região ao aquecimento global. E, ao mesmo tempo, o crescimento acelerado da cratera é um indicador imediato do impacto cada vez maior das mudanças climáticas no degelo do permafrost.

Desmatamento
A cratera apareceu na década de 60, de acordo com Julian Murton, professor da Universidade de Sussex, na Inglaterra.  O rápido desmatamento na região deixou o terreno sem a proteção das sombras das árvores nos meses de verão. Assim, os raios de sol aqueceram o solo e aceleraram o processo de degelo, uma vez que era a vegetação que mantinha o solo resfriado. "Esta combinação de menos sombra e transpiração levou a um aquecimento da superfície", explica Murton. Com o derretimento do permafrost, é possível que venham a surgir mais crateras como também lagos e bacias hidrográficas.  Para o professor, "à medida que o gelo derrete em novas profundidades, podemos ver o surgimento de paisagens novas". Direito de imagem Julian Murton Image caption Ao emergir, cratera revelou siknais de densa floresta que existiu no local há centenas de milhares de anos .
Reconstituição histórica
Cientistas ainda trabalham na análise de sedimentos e tentam decifrar a cronologia exata da cratera.  Aos poucos, informações sobre as mudanças climáticas durante a última Era do Gelo, são desvendadas, caracterizada por uma grande variabilidade, com períodos intercalados de aquecimento e esfriamento.  Isso é importante porque a história climática de grande parte da Sibéria ainda pode ser considerada um mistério. Ao reconstruir alterações ambientais do passado, cientistas esperam conseguir prever mudanças similares no futuro. Há 125 mil anos, por exemplo, houve um período interglacial, com temperaturas vários graus acima das registradas atualmente. Entender como era o ecossistema pode nos ajudar a entender como a região se adaptará ao atual aquecimento do clima.
O aquecimento acelera o derretimento
A cratera Batagaika pode oferecer lições cruciais, em especial sobre os mecanismos que aceleram o aquecimento em áreas de permafrost. À medida que o degelo avança, mais e mais carbono é exposto a micróbios. Estes micro-organismos consomem carbono e produzem dióxido de carbono e metano - gases causadores do efeito estufa. O metano é capaz de acumular 72 vezes mais calor que o dióxido de carbono num período de 20 anos. Além disso, os gases liberados pelos micróbios na atmosfera aceleram ainda mais o aquecimento. "É o que chamamos de 'feedback positivo'", explica Frank Gunther, do Instituto Alfred Wegener. O aquecimento acelera o aquecimento e, no futuro, poderemos ver mais estruturas como a cratera de Batagaika. Segundo o pesquisador, não há nenhuma obra de engenharia que possa conter o desenvolvimento dessas crateras.
Outras crateras. Batagaika não é a única cratera na Sibéria. A região tem pelo menos outras sete crateras na península de Taimyr, que também estão se expandindo. Antes de ser associado a mudanças climáticas, o surgimento das crateras foi atribuído à queda de meteoros ou à ação de extraterrestres na região. Em 2014, um artigo publicado na revista “Nature” explicou que a região tem alta concentração de metano.

Para saber mais 

Referência
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-39139050?ocid=socialflow_gplus 
http://www.otempo.com.br/interessa/cratera-na-r%C3%BAssia-tem-respostas-sobre-o-clima-1.1442757

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