terça-feira, 22 de novembro de 2016

É VERDADE QUE CULTIVAR EUCALIPTOS PREJUDICA AS RESERVAS DE ÁGUA SUBTERRÂNEAS?

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Originário da Austrália e da Indonésia, o eucalipto é hoje uma das principais fontes de matéria-prima para produzir papel. Pertence ao gênero Eucalyptus, que reúne mais de 600 diferentes espécies. Em território brasileiro, o eucalipto encontrou ótimas condições de clima e solo para se desenvolver, com crescimento mais rápido que nos demais países e alto índice de produtividade.
  


Depende da maneira como a árvore é plantada. O eucalipto exige muita água para sua sobrevivência – por isso, se cultivado de maneira inadequada, pode não apenas secar as reservas de água subterrâneas mais próximas da superfície, os chamados lençóis freáticos, como inutilizar o solo. Isso não ocorre se for seguida a legislação ambiental. Numa plantação bem manejada, as raízes retiram os nutrientes do solo e os devolvem como matéria orgânica: as folhas secas. Isso recupera a fertilidade da terra, fazendo com que absorva mais água e contribua para o lençol freático.
Nas décadas de 70 e 80, plantou-se, no Brasil, muito eucalipto de forma desordenada e ele ganhou má reputação, apelidado de “deserto verde”. “Mas não existem espécies malditas, apenas manejo malfeito. O eucalipto não prejudica as reservas de água mais do que outras monoculturas, como cana-de-açúcar ou soja”, diz a engenheira florestal Maria José Zakia, do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, também em Piracicaba.

Por que eucalipto é chamado de deserto verde?
Porque eles não são nativos do Brasil e, nas regiões onde foram plantados, reduzem parte da biodiversidade. Como as florestas de eucaliptos têm fins comerciais (para indústria de móveis ou da celulose, por exemplo), muitas áreas são de monocultura, ou seja, grandes terrenos repletos de eucaliptos. Nessas plantações, poucas espécies nativas do Brasil conseguem crescer, o que também afasta muitos animais (que ficam sem ter o que comer). Ou seja, é um “deserto” porque a biodiversidade e a fauna diminuem. Essas florestas de plantas exóticas não são utilizadas pela nossa fauna da mesma maneira que as florestas nativas. Nelas, a diversidade é muito baixa, em nada se comparando com a biodiversidade presente no Cerrado e na Mata Atlântica.
O manejo intenso dos eucaliptos e as substâncias químicas que resultam da decomposição das folhas acabam modificando o ambiente, impedindo que a floresta nativa se recupere. O eucalipto capta muito gás carbônico e, por isso, cresce rapidamente. Ele também retira muita água do solo, gerando impacto negativo nos recursos hídricos.
Claro que nem todas as partes envolvidas concordam com isso. A Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) alega que a sombra das copas das árvores de eucalipto promovem redução na temperatura do solo e incorporam matéria orgânica ao ambiente constantemente (o que acontece com toda espécie de árvore).  Outro ponto defendido pela Bracelpa são os benefícios agregados com a técnica do mosaico florestal (que intercala as florestas plantadas e as naturais). Essa prática ajudaria a biodiversidade e a produtividade, já que as florestas plantadas ocupariam espaços que não seriam adequados à agricultura. De acordo com Fernandes (professor de ecologia da UFMG.), a estratégia diminui os impactos das florestas de eucaliptos, mas é preciso que haja monitoramento, considerando que as espécies de eucalipto podem invadir e destruir o que sobrou de mata nativa.



Mitos e verdades sobre o Eucalipto
Desde a década de 60, muitos mitos foram construídos em torno do eucalipto. O insucesso das primeiras experiências de reflorestamento foi o bastante para que surgissem afirmações sem fundamento a respeito do cultivo de eucalipto. Tais afirmações foram sendo difundidas e conseguiram espaço até na mídia. O que não se comentava é que os resultados pouco animadores obtidos nas primeiras florestas plantadas não tinham relação com aquelas teorias infundadas, mas resultavam da falta de conhecimento técnico, que era natural, considerando-se que naquele momento a atividade era nova.
Entretanto, mais de 50 anos depois, muita gente ainda acredita naquelas afirmações negativas a respeito do eucalipto, e a sociedade ainda guarda uma certa desconfiança em relação às florestas plantadas. Para esclarecer os principais mitos construídos em torno do assunto, confrontamos as inverdades mais frequentemente comentadas e a verdadeira explicação.

MITO: O eucalipto consome muita água. A VERDADE: O eucalipto tem a capacidade de absorver mais água no período de chuvas e reduzir a transpiração durante a época de estiagem, havendo espécies que chegam a perder as folhas no fim desse período. As raízes dele não ultrapassam 2,5 m de profundidade, por isso não alcançam os lençóis freáticos e retiram do solo uma quantidade de água muito próxima à consumida por árvores de florestas nativas.Além disso, o eucalipto faz um aproveitamento muito eficiente da água que absorve, o que pode ser claramente percebido quando comparamos a produtividade dele e de outras culturas agrícolas a partir do mesmo volume de água. Cada litro de água consumido por uma floresta de eucalipto produz 2,9 g de madeira. Com o mesmo volume se produz apenas 1,8 g de açúcar, 0,9 g de grãos de trigo e 0,5 g de grãos de feijão. As florestas de eucalipto também retêm menos água da chuva que as matas nativas, cujas árvores possuem copas amplas. Nas matas, a água que fica retida na folhagem evapora, enquanto nas áreas de plantação de eucalipto a maior parte do volume de chuva cai direto no solo.

MITO: O eucalipto prejudica o solo. A VERDADE: Comparado com a agricultura, que tem ciclos anuais, o cultivo de eucalipto tem longa duração, com ciclos de aproximadamente sete anos. Durante esse tempo, ele atua em benefício do solo, protegendo-o e contribuindo para a melhoria de sua drenagem, aeração e capacidade de armazenamento de água.Quando o eucalipto é colhido para aproveitamento da madeira, sua casca, galhos e folhas -- partes da árvore que concentram cerca de 70% dos nutrientes dela -- são deixados na própria floresta, onde vão se decompor. Esse material forma uma espessa cobertura de matéria orgânica que protege a superfície do solo da erosão. Quando decompostas, as partes da árvores são incorporadas à terra e seus nutrientes são aproveitados pelos outros eucaliptos que se desenvolvem ali.

MITO: O eucalipto prejudica a biodiversidade. A VERDADE: Ao contrário do que é amplamente divulgado, o setor de florestas plantadas tem um compromisso muito sério com a preservação da biodiversidade. As florestas de eucalipto são plantadas em consórcio com reservas nativas. Parte da área da propriedade é estabelecida como área de proteção permanente. Isso torna possível a formação de verdadeiros corredores ecológicos, que favorecem a presença de fauna e flora diversificada.
A questão da biodiversidade está relacionada também às condições prévias da região onde a floresta é estabelecida. Em uma área que já foi floresta nativa um dia, mas que agora está desmatada, a implantação de uma floresta de eucalipto resultará em um aumento considerável da biodiversidade.

MITO: As florestas de eucalipto prejudicam as comunidades vizinhas. A VERDADE: Engana-se quem acredita que a implantação de uma floresta de eucalipto ameaça as comunidades que vivem perto dela e prejudica a economia da região. Muito pelo contrário. As florestas de eucalipto geram dezenas de empregos de forma direta e indireta. Tanto os viveiros, onde são produzidas as mudas quanto a manutenção da própria floresta em desenvolvimento requerem mão de obra qualificada, e nada melhor do que contratar gente dos arredores para suprir essa demanda. Ao mesmo tempo, essas pessoas têm a oportunidade de aprender uma profissão.
Além disso, na localidade em que uma floresta plantada se estabelece há investimento em infraestrutura, pois necessita-se, por exemplo, que as estradas por onde passarão as carretas com carregamento de madeira estejam em boas condições. Com isso, todos que utilizam aquela estrada também são diretamente beneficiados. Esse é só um exemplo de como uma floresta de eucalipto pode contribuir para a região onde está.

 Respeito à terra
Cuidados ecológicos são essenciais no cultivo
Plantação mal manejada
1. As árvores são plantadas todas com a mesma idade
2. Estrada em terreno inclinado. Ela não absorve a água da chuva e ainda faz com que detritos escorram para o rio
3. Maquinário pesado usado para deixar a terra fofa
4. Plantações à beira do rio ou em áreas onde a raiz pode alcançar o lençol de água

Plantação bem manejada
1. As árvores devem ser plantadas em idades diferentes, intercalando as mudas com árvores de 4 e 7 anos, idade ideal para o corte
2. Vegetação de gramas e arbustos que gostam da sombra da copa das árvores. São fundamentais para a preservação da fauna
3. O lençol de água deve estar fora do alcance da raiz (em média 3 m de profundidade)
4. Reserva exigida por lei: 35% das plantas devem ser nativas
5. Segundo o Código Florestal, os 50 m de raio ao redor das nascentes dos rios e os 30 m próximos aos cursos de água são área de preservação permanente e não podem ser plantados

* A Bracelpa citada no texto não existe mais. Desde 2014 a Ibá reúne as empresas que participavam da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa), da Associação Brasileira da Indústria de Piso Laminado de Alta Resistência (Abiplar), da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF) e da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa).

PARA SABER MAIS.


 Referências
venturoli.com.br/  bracelpa.org.br/  super.abril.com.br/ pt.wikipedia.org/ iba.org / embrapa.br

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