sexta-feira, 15 de maio de 2015

RIO PERUAÇU ESTA MORRENDO


As veredas estão secando no norte e no noroeste mineiro. Ano após ano, elas vêm perdendo a capacidade de ser a caixa d'água do grande sertão de Minas. Quando se mata um rio, não se mata só o fluxo de água, mas toda a biodiversidade.


Afluente do rio São Francisco, o rio Peruaçu [foto], no Norte de Minas Gerais, vem secando nos últimos anos, o que ameaça patrimônios naturais, como cavernas, e as comunidades que vivem às suas margens. A redução do fluxo de água tem sido observada inclusive nos períodos de precipitações pluviométricas normais, afirma a professora Cristina Helena Ribeiro Rocha Augustin, do Departamento de Geografia do Instituto de Geociências (IGC) da UFMG. Com cerca de 100 quilômetros de extensão, o vale do rio Peruaçu possui trechos protegidos por dois parques – na parte alta, domínio dos arenitos, fica o parque estadual Veredas do Peruaçu, ligado ao Instituto Estadual de Florestas. Já o parque nacional Cavernas do Peruaçu, é ligado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e abriga inúmeras cavernas, localizadas em zona de calcário. Segundo Cristina Augustin, ao delimitar o parque estadual, na parte mais alta, apenas um lado da bacia foi protegida. "Enquanto na parte preservada o cerrado já está alto e recuperado, pois há 25 anos não há queimadas, a outra continua com gado, queimadas e todo tipo de impacto", relata. A bacia do Peruaçu abrange os municípios de Bonito de Minas, Januária e Cônego Marinho, distantes cerca de 700 quilômetros de Belo Horizonte. 
As veredas são as fontes de água dos municípios de Januária, Bonito de Minas, Urucuia, Riachinho e Arinos, no sertão de Minas Gerais, uma região de clima semiárido. Veredas são áreas alagadas do cerrado, cercadas de vegetação nativa, principalmente o buriti. A presença da palmeira indica a existência de água, formando um oásis no meio do sertão. Mas a paisagem está desaparecendo

Infiltração prejudicada
A presença da palmeira buriti [foto] ao longo de rios é marca registrada das veredas, ecossistemas específicos do Cerrado, nos quais se localiza o Peruaçu. Para que um rio tenha água perene, é preciso estimular a infiltração. Experiências realizadas no âmbito do projeto demonstram que a infiltração da água de escoamento é lenta.  A água pode até, inicialmente, encher reservatórios e os rios, mas estes secam rapidamente. Quando as primeiras chuvas encontram o solo descoberto, a água leva sedimentos que aceleram o processo de assoreamento das represas e rios. De acordo com a pesquisadora, há três maneiras de um rio secar: pela mudança climática, pelo uso excessivo da água do freático, mesmo mantida a reposição natural, e pela diminuição do volume. Não é preciso uma tragédia para secar um sistema. As ações que estão sendo levadas a cabo há vários anos nessas bacias e que estimulam as enxurradas, como a retirada de cobertura vegetal, o plantio indiscriminado de eucalipto, a criação de gado e o uso excessivo da água do lençol freático.
Segundo o biólogo Walter Neves, o  solo arenoso do cerrado facilita a passagem da água das chuvas, que escoaria rapidamente se não fosse a vereda. A água infiltra no solo até atingir o lençol freático, que abastece os rios na época da seca. A capacidade de reter a água é graças ao solo turfoso da vereda. O buriti tem um papel essencial nesse processo. “Quem mais contribui para essa matéria orgânica é o buriti. A quantidade enorme de palha que cai vai decompondo e formando essa esponja”,

Medidas mitigadoras

A primeira medida para reduzir o impacto antrópico é o estímulo ao replantio. Além disso, a professora sugere o planejamento das atividades agropecuárias. “Não falta conhecimento, o que falta é uma gestão integrada, pois em cada lugar o morador se sente o dono da água. E ainda tem os que acham que rio é local de despejo de lixo”.


Para saber mais. 


Referencias.
www.ufmg.br/online/arquivos/   www.wwf.org.br/wwf_brasil/   sites.uai.com.br/ www.em.com.br/

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