Do total da Mata Atlântica, 23.548 hectares ou 235 Km² de vegetação foram suprimidos. Hoje, com o mapeamento de toda a área de aplicação da Lei da Mata Atlântica, o que resta do bioma original é mais ou menos 8% - sendo o bioma mais ameaçado do Brasil.
Em 2012, houve o maior desmatamento desde 2008. Os dados foram divulgados pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nesta terça-feira (4), com o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica no período de 2011 a 2012.
Neste levantamento foi incluído o Estado do Piauí, que fez a
taxa de preservação da floresta subir de 7,9% para 8,5%. Se forem
considerados todos os pequenos fragmentos de floresta natural acima de 3
hectares (ha), o índice chega a 12,5%. Do total, 21.977 ha correspondem a
desflorestamentos, 1.554 ha a supressão de
vegetação de restinga e 17 ha a supressão de
vegetação de mangue. Assim, o Brasil perdeu cerca de 23 mil campos de futebol
do bioma.
Minas Gerais, Bahia, Piauí e Paraná são os Estados com
situação mais crítica. Minas é o campeão do desmatamento pela quarta vez
consecutiva, sendo responsável pela metade da destruição da Mata
Atlântica no período analisado, com total de 10.752 hectares do bioma
perdidos – o aumento na taxa de desmate no Estado foi de 70% comparado com o
período anterior. Já os destaques positivos são Espírito Santo e Mato
Grosso do Sul, que tiveram redução de desmatamento de 93% e 92%
respectivamente.
Na comparação dos 10 Estados avaliados em todos os períodos
(BA, ES, GO, MG, MS, PR, RJ, RS, SC e SP), o aumento do desmatamento foi de 29%
em relação ao período anterior (2010-2011) e de 23% em
relação aos três últimos anos (2008-2011). A taxa anual de desmatamento é
a maior desde 2008. No período 2008 a 2010, a taxa média anual foi de
15.183 hectares. No levantamento de 2010 a 2011, a taxa anual ficou em 14.090
ha.
O levantamento apresenta, pela primeira
vez, os remanescentes florestais do Piauí, que totalizam 34% da
área original no Estado protegida pelo Mapa da Área da
Aplicação da Lei da Mata Atlântica (11428/2006). As
áreas do Piauí abrangidas pelo Mapa da
Aplicação da Lei possuem formações florestais naturais
características do bioma em bom estado de conservação, mas a pressão das
carvoarias, silvicultura e agora também da soja é grande no Estado.
A maior parte do que resta da Mata Atlântica são
propriedades particulares, então é necessário atuar com políticas públicas
neste sentido. É necessária a criação de Unidades de Conservação públicas ou
privadas, e aumentar a conscientização da população para que visitem essas
áreas. Além de pressão do governo na criação de parques e todo o esforço para
que tudo o que temos hoje seja de fato preservado e grande esforço para regenerar.
Manguezal e Restinga
Pernambuco foi o único Estado que perdeu área de manguezal:
17 hectares. Os manguezais funcionam como
berçários marinhos e são áreas
muito importantes para atividades como a
pesca. Na Mata Atlântica, o total
de vegetação de mangue corresponde a 224.954 ha, sendo que
Bahia (61.478 ha), Paraná (33.422 ha), São Paulo (24.891 ha) e
Sergipe (22.959 ha) são os Estados que possuem as maiores extensões. Já
o maior desmatamento na vegetação de restinga (observada ao longo
do litoral) aconteceu em São João da Barra (RJ),
com 937 hectares, para implantação do Superporto do Açu. O
município foi também o campeão de desmatamento no período.A vegetação
de restinga na Mata Atlântica equivale a 570.690 ha. São
Paulo possui a maior extensão (206.308 ha),
seguido do Paraná (100.335 ha) e Santa Catarina (77.336 ha).
Além do Rio de Janeiro, também foi observada a supressão de restinga na
Bahia (32 ha), no Ceará (319 ha), em Santa Catarina (257 ha)
e em Sergipe (10 ha). No país todo
a restinga sofre com os empreendimentos, obras de
infraestrutura e especulação imobiliária –
as construções de casas, hotéis e
resorts acabam retirando a vegetação para poder
ficar com o "pé na areia".
Agora, os municípios com maior porcentagem de vegetação
nativa estão no Piauí: Tamboril do Piauí e Guaribas mantêm 96% da
área original de Mata Atlântica. Guaribas também é o município com a
maior área de vegetação nativa: 176.794 hectares.
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