O termo biodiversidade - ou diversidade biológica - descreve a riqueza e a variedade do mundo natural. As plantas, os animais e os microrganismos fornecem alimentos, remédios e boa parte da matéria-prima industrial consumida pelo ser humano.
ECOSSISTEMAS TERRESTRES
As
mudanças no uso da terra continuam a ser a principal ameaça de curto prazo, com
as mudanças climáticas e as interações entre estas duas causas tornando-se progressivamente importantes. As florestas tropicais continuam a ser
derrubadas, abrindo caminho para as plantações e para os biocombustíveis.
Extinções de espécies, muitas vezes mais frequentes do que a “taxa de extinção
de fundo” histórica, e perda de habitats continuam a ocorrer ao longo do século
21. As populações de espécies silvestres diminuem rapidamente, com enormes
impactos especialmente para a África equatorial e partes do sul e sudeste da
Ásia. As mudanças climáticas fazem com que as florestas boreais se estendam em
direção ao norte para dentro da tundra, deixando de existir nas suas margens ao
sul, dando lugar às espécies de clima temperado. Por sua vez, as florestas temperadas
deverão desaparecer na parte sul e na margem de baixa latitude de sua extensão.
Muitas espécies sofrem reduções nas suas áreas de distribuição e/ou chegam
perto da extinção, à medida que suas áreas de ocorrência se movem várias
centenas de quilômetros em direção aos polos. A expansão urbana e agrícola
limita ainda mais as oportunidades para as espécies migrarem para novas áreas,
em resposta às mudanças climáticas.
IMPACTOS
SOBRE AS PESSOAS
A
conversão em larga escala de habitats naturais em terras de cultivo ou
florestas manejadas ocorrerá às custas da degradação da biodiversidade
e dos serviços dos ecossistemas que ela sustenta, tais como a retenção de nutrientes,
suprimento de água limpa, controle de erosão do solo e armazenamento de
carbono, a menos que práticas sustentáveis sejam usadas para prevenir ou
reduzir essas perdas. Mudanças induzidas pelo clima na distribuição de espécies
e tipos de vegetação terão impactos importantes sobre os serviços disponíveis
para as pessoas, tais como a redução no fornecimento de madeira e as
oportunidades de recreação.
ALÉM
DISSO, existe um alto risco de perda dramática
de biodiversidade e degradação dos serviços ecossistêmicos terrestres se
certos limiares forem ultrapassados. Os cenários plausíveis incluem:
A FLORESTA AMAZÔNICA, devido à
interação de desmatamentos,
incêndios e mudanças climáticas, sofre uma ampla retração, mudando de floresta
tropical para floresta de cerrado ou floresta estacional em vastas áreas,
especialmente no leste e no sul do Bioma. A floresta poderia mover-se para um ciclo
vicioso de incêndios mais frequentes, secas mais intensas e morte florestal periférica
mais acelerada. A retração da Amazônia terá impactos globais, por meio do
aumento das emissões de carbono, acelerando as mudanças climáticas. Ela também
irá conduzir à uma redução das precipitações regionais, que poderiam comprometer
a sustentabilidade da agricultura regional.
O
SAHEL, na África, sob pressão das mudanças climáticas e sobrexplotação (superexploração
da extração ou obtenção de recursos naturais, geralmente não renováveis, para
fins de aproveitamento econômico) impactos
sobre a iodiversidade e a produtividade agrícola. A contínua degradação do
Sahel causou e poderá continuar a causar perda de biodiversidade e escassez de
alimentos, fibras e água na África Ocidental.
OS ECOSSISTEMAS INSULARES são
afligidos por uma
verdadeira cascata de extinções e instabilidades dos ecossistemas, devido ao
impacto de espécies exóticas invasoras. As ilhas são particularmente vulneráveis
a invasões, já que as comunidades de espécies evoluíram de forma isolada e,
muitas vezes, carecem de defesa contra predadores e patógenos. À medida que as
comunidades invadidas se tornam cada vez mais alteradas e empobrecidas, sua
vulnerabilidade a novas invasões pode aumentar.
SOLUÇÕES
ALTERNATIVAS
Aliviar
a pressão das mudanças do uso da terra nos trópicos é essencial para que os impactos
negativos da perda de biodiversidade terrestre e de serviços ecossistêmicos
associados possam ser minimizados. Isso envolve um conjunto de medidas,
incluindo um aumento na produtividade das culturas e pastagens existentes,
reduzindo as perdas pós-colheitas, o manejo florestal sustentável e a redução
do consumo excessivo de carne. Devem
ser levadas em conta as emissões de gases de efeito estufa associadas à
conversão em larga escala de florestas e outros ecossistemas em áreas
agrícolas. Isso impedirá incentivos impróprios pela destruição da
biodiversidade, por meio do remanejamento em larga escala das culturas de biocombustíveis,
em nome da mitigação das mudanças climáticas . Quando são consideradas as
emissões advindas das mudanças no uso da terra, ao invés de apenas a emissão
por fonte energética, surgem vias de desenvolvimento plausíveis para combater
as mudanças climáticas sem o uso generalizado de biocombustíveis. A utilização
de pagamentos por serviços ambientais, mecanismos como a Redução de Emissões
por Desmatamento e Degradação (REDD), podem ajudar a alinhar os objetivos de
combate à perda de biodiversidade e às mudanças climáticas. No entanto, esses
sistemas devem ser cuidadosamente concebidos, visto que conservar áreas com elevado
valor de carbono não significa necessariamente conservar áreas de elevada importância
para a conservação.
ECOSSISTEMAS
DE ÁGUAS INTERIORES
Os
ecossistemas de águas interiores continuam a ser submetidos a enormes mudanças,
como resultado de múltiplas pressões, e a biodiversidade continua a se perder
mais rapidamente do que em outros tipos de ecossistemas. Os desafios
relacionados à disponibilidade e à qualidade da água se multiplicam no mundo
todo, com crescentes demandas de água agravadas por uma combinação de causas:
mudanças climáticas, introdução de espécies exóticas, poluição e construção de barragens,
colocando mais pressão sobre a
biodiversidade
da água doce e os serviços que ela presta. Represas, açudes, reservatórios de
abastecimento de água e desvios para irrigação e para fins industriais criam,
cada vez mais, barreiras físicas que bloqueiam a movimentação as migrações dos
peixes, colocando em perigo ou causando a extinção de muitas espécies de água
doce. Espécies
endêmicas de peixes de uma única bacia tornam-se especialmente vulneráveis às mudanças
climáticas. Uma projeção sugere menos espécies de peixes em cerca de 15% dos
rios até 2100, somente por causa das alterações climáticas e do aumento das
retiradas de água. As bacias hidrográficas dos países em desenvolvimento
enfrentam a introdução de um número crescente de organismos não nativos como um
resultado direto da atividade econômica, aumentando o risco de perda de
biodiversidade por espécies invasoras.
IMPACTOS
SOBRE AS PESSOAS
A
degradação total projetada das águas interiores e dos serviços que prestam,
lança incerteza sobre as perspectivas para a produção alimentar dos
ecossistemas de água doce. Isso é importante, porque cerca de 10% da pesca na
natureza são relativos às de águas interiores, e muitas vezes compõem grandes
frações de proteína dietética para as comunidades ribeirinhas ou de lagos.
ALÉM
DISSO, existe um alto risco de perda dramática de biodiversidade e degradação dos
serviços ecossistêmicos de água doce se certos limites forem ultrapassados. Os cenários
plausíveis incluem:
EUTROFIZAÇÃO DA ÁGUA DOCE CAUSADA por acúmulo de fosfatos e nitratos de
fertilizantes agrícolas, esgotos de águas pluviais e o escoamento de efluentes
urbanos transformam os corpos de água doce, especialmente lagos, em um estado
dominado por algas (eutrófico). À medida que as algas apodrecem, os níveis de
oxigênio na água se esgotam e ocorre uma falência generalizada das outras vidas
aquáticas, incluindo os peixes. Um mecanismo de reciclagem é ativado, o que
pode manter o sistema eutrófico mesmo depois que os níveis de nutrientes forem
substancialmente reduzidos. A eutrofização dos sistemas de água doce, agravada
em algumas regiões pela diminuição das chuvas e aumento de demanda hídrica,
pode levar ao declínio da disponibilidade de peixes, com implicações para a
alimentação em muitos países em desenvolvimento. Também ocorrerá perda de
oportunidades de lazer e rendado turismo e, em alguns casos, riscos para a
saúde de pessoas e animais, causados pelo crescimento explosivo de algas
tóxicas.
MUDANÇAS DOS PADRÕES DE DERRETIMENTO DE NEVE E DE GLACIARES nas regiões
montanhosas, devido às mudanças climáticas, provocam alterações irreversíveis
para alguns ecossistemas de água doce. O aumento da temperatura da água, um
maior escoamento durante uma temporada mais curta de derretimento e o aumento dos
períodos de estiagem, perturbam a dinâmica natural dos rios e dos processos
ecológicos que dependem do sincronismo, duração e volume dos fluxos. Os impactos
irão abranger, entre muitos outros, perda de habitat, alterações nas variações
e respostas sazonais (fenologia) e mudanças na química da água.
SOLUÇÕES
ALTERNATIVAS
Há
grande potencial para minimizar os impactos na qualidade da água e reduzir o
risco de eutrofização, por meio do investimento em tratamento de esgotos,
proteção e restauração de zonas úmidas e controle do escoamento agrícola,
especialmente no mundo em desenvolvimento. Existem também oportunidades muito
difundidas para melhorar a eficiência do uso da água, especialmente na
agricultura e na indústria. Isso ajudará a minimizar as compensações entre a
crescente demanda por água potável e a proteção dos muitos serviços prestados
pelos ecossistemas saudáveis de água doce. Uma gestão mais integrada de
ecossistemas de água doce irá ajudar a reduzir os impactos negativos das
pressões concorrentes. A restauração de processos interrompidos, como a
reconexão de várzeas, a gestão de barragens para imitar os fluxos naturais e a
reabertura de acesso aos habitats dos peixes – bloqueados por barragens, podem
ajudar a reverter a degradação. Pagamentos por serviços ambientais, como a
proteção de bacias hidrográficas de montante por meio da conservação das matas
ciliares, podem recompensar as comunidades que asseguram a continuidade da
prestação destes serviços aos usuários dos recursos de águas interiores em
diferentes partes de uma bacia. O ordenamento do território e redes de áreas protegidas
podem ser adaptados mais especificamente para as necessidades dos sistemas de
água doce, salvaguardando os processos essenciais em rios e zonas úmidas e suas
interações com os ecossistemas terrestres e marinhos. A proteção dos rios que
ainda não foram fragmentados pode ser vista como
uma prioridade para a conservação da biodiversidade de águas interiores. Manter
a conectividade dentro das bacias hidrográficas será cada vez mais importante,
para que as espécies tenham maior capacidade de migrar, em resposta às mudanças
climáticas. Mesmo com as medidas mais agressivas para atenuar as mudanças
climáticas, alterações significativas nos regimes de derretimento de neve e de
glaciares são inevitáveis, e já estão sendo verificadas. No entanto, os
impactos sobre a biodiversidade podem ser reduzidos, minimizando outras
pressões como a poluição, a perda de habitat e a captação de água, pois isto
irá aumentar a capacidade das espécies e ecossistemas aquáticos de se adaptarem
às mudanças relativas
ao derretimento de neve e glaciares.
ECOSSISTEMAS
COSTEIROS E MARINHOS
A
procura por frutos do mar continua a crescer com o aumento da população e com
mais pessoas tendo renda suficiente para incluí-los em sua dieta. Estoques
pesqueiros continuam sob pressão e a aquicultura se expande. A crescente
tendência da extensão da exploração pesqueira para toda a cadeia alimentar
marinha, dos predadores de topo de cadeia para os demais níveis tróficos,
ocorre às custas da biodiversidade marinha (em contínuo declínio no Índice
Trófico Marinho em muitas áreas). As mudanças climáticas fazem com que as
populações de peixes se redistribuam em direção aos polos e os oceanos
tropicais se tornem comparativamente menos diversificados. A elevação do nível
do mar ameaça muitos ecossistemas costeiros. A acidificação do oceano
enfraquece a capacidade de moluscos, crustáceos, corais e fitoplânctons
marinhos formarem seus esqueletos, ameaçando destruir a cadeia alimentar
marinha, bem como as estruturas de recifes. As descargas crescentes de
nutrientes e de poluição aumentam a incidência de zonas costeiras mortas, e o
aumento da globalização cria mais danos por espécies exóticas invasoras
transportadas em águas de lastro de navios.
IMPACTOS
SOBRE AS PESSOAS
O
declínio dos estoques de peixes e sua redistribuição em direção aos polos têm
importantes implicações para a segurança alimentar e nutricional em regiões
tropicais mais pobres, visto que as comunidades muitas vezes dependem de
proteínas de peixe para completar sua dieta. O impacto da elevação do nível do
mar, à medida que reduz a área de ecossistemas costeiros, aumentará os riscos para
os assentamentos humanos, e a degradação dos ecossistemas costeiros e recifes de
coral terão impactos muito negativos sobre a indústria do turismo.
ALÉM
DISSO, existe um alto risco de perda dramática de biodiversidade e degradação dos
serviços ecossistêmicos marinhos e
costeiros,
se certos limites forem ultrapassados. Os cenários plausíveis incluem:
OS IMPACTOS COMBINADOS DA ACIDIFICAÇÃO E ELEVAÇÃO DAS TEMPERATURAS DOS OCEANOS
tornam os sistemas de recifes de coral tropicais vulneráveis a colapsos. Mais
água ácida (provocada por altas concentrações de dióxido de carbono na
atmosfera) diminui a disponibilidade de íons carbonatos necessários para construir
esqueletos de coral. Concentrações atmosféricas de dióxido de carbono de 450
partes por milhão (ppm), inibem o crescimento de organismos calcificadores em
quase todos os recifes de coral tropicais e subtropicais. A partir de uma concentração
de 550 ppm, os recifes de coral começam a se dissolver. Os impactos do
branqueamento dos corais provocado pelo aquecimento da água, juntamente com uma
variedade de pressões causadas pelos
homens, tornam os recifes cada
vez mais dominados por algas, com perdas catastróficas de biodiversidade.
OS SISTEMAS DE ZONAS ÚMIDAS COSTEIRAS ficam reduzidos a faixas estreitas ou se
perdem por completo no que pode ser descrito como uma “compressão costeira”.
Isso se dá pela elevação do nível do mar, cujo efeito é exacerbado pelas
construções e obras costeiras, tais como viveiros de aquicultura. O processo é
ainda reforçado por uma maior erosão costeira gerada pelo enfraquecimento da
proteção fornecida pelas zonas úmidas de marés. Uma maior deterioração dos ecossistemas
costeiros, incluindo os recifes de coral, trará múltiplas consequências para
milhões de pessoas cuja subsistência depende dos recursos que eles fornecem. A
degradação física dos ecossistemas costeiros, como restingas e manguezais, também
tornará as comunidades costeiras mais vulneráveis a tempestades em terra e aos
aumentos repentinos das marés.
A DIMINUIÇÃO DRÁSTICA DE ESPÉCIES DE GRANDES PREDADORES dos oceanos, provocada
pela exploração excessiva, leva a uma modificação do ecossistema para o domínio
de espécies menos desejáveis e mais resilientes, como a água-viva. Os
ecossistemas marinhos
sob tal alteração tornam-se muito menos capazes de fornecer a quantidade e a
qualidade de alimentos necessárias às pessoas. Essas mudanças podem revelar-se
duradouras e difíceis de reverter mesmo com a redução significativa da pressão
de pesca, como foi sugerido pela falta de recuperação dos estoques de bacalhau ao
largo da Terra Nova, desde o colapso populacional do início dos anos 1990. O colapso
de pescas regionais poderia ter também consequências sociais e econômicas de
grande alcance, incluindo o desemprego e perdas econômicas.
SOLUÇÕES
ALTERNATIVAS
A
gestão mais racional da pesca oceânica pode tomar vários caminhos, inclusive a
aplicação mais estrita das regras existentes para evitar a pesca ilegal, não
declarada e não regulamentada. Os cenários sugerem que o declínio da
biodiversidade marinha poderia ser
interrompido se a gestão da pesca se concentrar na reconstituição de
ecossistemas, ao invés de maximizar a captura no curto prazo. Modelos de pesca
sugerem que reduções modestas das capturas poderiam produzir melhorias
substanciais no estado do ecossistema e, simultaneamente, melhorar a
rentabilidade e a sustentabilidade da pesca. O desenvolvimento da aquicultura debaixo
impacto, lidando com as questões de sustentabilidade que têm incomodado algumas
partes da indústria, também ajudaria a satisfazer a crescente demanda por peixes
sem adicionar pressão sobre os estoques pesqueiros. A redução de outras formas
de pressão sobre os sistemas de corais pode torná-los menos vulneráveis aos
impactos da acidificação e do aquecimento das águas. Por exemplo, reduzir a
poluição costeira irá remover um estímulo adicional para o crescimento de
algas, e reduzir a sobrexploração dos peixes herbívoros irá manter o equilíbrio
da simbiose entre algas e corais, aumentando a resiliência do sistema. O
planejamento de políticas que permitam o deslocamento de brejos, manguezais e
outros ecossistemas costeiros para o interior irá torná-los mais resilientes ao
impacto da elevação do nível do mar e, dessa forma, ajudará a proteger os
serviços vitais que prestam. A proteção dos processos continentais, incluindo o
transporte de sedimentos para estuários, também pode impedir que a elevação do
nível do mar seja agravada pelo afundamento de deltas ou estuários.
para saber mais CLIQUE AQUI
fonte: revista cidadania&meioambiente
bom texto para discussão em aula
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