Morcegos, sapos, cobras, lobos, corujas, gambás - uma infinidade de animais desperta para a luta quando a noite cai. Graças a atributos especiais, tomam conta de um mundo onde o homem vale pouco.
Quando
a noite cai, centenas de sapos iniciam seu costumeiro e ensurdecedor coro na
lagoa de uma floresta. Silenciosamente alguns morcegos se aproximam. Os sapos,
então, param de coaxar. Os morcegos hesitam alguns instantes e depois vão
embora. Tão logo a sinfonia recomeça, os morcegos voltam. De repente, um deles
solta um guincho e arremete contra a água. Ao retornar, traz na boca um sapo. Os
sapos são, provavelmente, os mais barulhentos representantes das inúmeras
formas de vida que se distinguem por preferir a noite ao dia. Assim que
escurece, coaxam para chamar as fêmeas e os outros companheiros. Cada espécie
tem um modo próprio de fazê-lo - e, o que é ainda mais peculiar, uma hora certa
para se manifestar. O anoitecer é também quando eles saem para caçar insetos e
são caçados por outros bichos, seus parceiros de boêmia, como os morcegos.
Desse
fascinante e misterioso mundo noturno, os seres humanos estão virtualmente
excluídos. Quando se aventuram numa floresta escura só conseguem ouvir algo,
como o pio das corujas, o coaxar dos sapos, o cricrilar dos grilos ou os
esturros de uma onça. Enxergar, então, nem se fala. É que os diurnos
humanos não possuem os equipamentos corporais necessários para se movimentar na
ausência da luz; portanto, dependem quase exclusivamente dos olhos, que
funcionam à base de impulsos luminosos. Já os animais se valem de outras formas
de investigação do ambiente, como cheirar, tatear, ouvir e degustar.
Mas, afinal, o que levou alguns animais a se adaptarem à vida
noturna e outros à diurna?,
À medida que a evolução favorece a diversidade, promovendo mutações e espécies
diferentes, cada uma delas desenvolve sua própria maneira de interagir com o
ambiente para sobreviver; se para algumas espécies a luz é fundamental, já
outras dependem da temperatura e da umidade. Assim, pode-se dizer que a
preferência pela noite ou pelo dia foi determinada tanto por pressões internas
como externas.
As
pressões internas são de natureza genética e
consistem no conjunto de características que um animal desenvolve. Ele pode
ter, por exemplo, um olfato excepcional, mas se orientar mal pela luz. Para um
bicho assim, as probabilidades de sobrevivência são maiores à noite. Para os
bichos que dependem da temperatura ou mesmo da umidade, a noite tem seus
atrativos: a pressão do ar e a umidade se modificam drasticamente,
proporcionando melhores condições de sobrevivência, especialmente àqueles
animais que simplesmente se ressecariam após algumas horas de exposição ao sol,
como é o caso dos sapos, pererecas e rãs.
Já
as pressões externas são representadas pelos
predadores - para escapar de seus inimigos mais fortes, alguns animais esperam
que eles durmam, para só então começar a viver. É por essa razão que animais de
hábitos diferentes podem conviver no mesmo nicho ecológico, porém em turnos
diferentes. As corujas, que de dia
se escondem e à noite caçam roedores.
Fonte: revista superinteressante
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