Sulcos, ravinas e voçorocas - isto é; formação de grandes buracos
de erosão causados pela chuva e intempéries, em locais onde a
vegetação é escassa e não mais protege o solo que fica cascalhento e
suscetível de carregamento por enxurradas.....
Estão presentes em praticamente todo o Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e geralmente estão associados ao uso do solo, ao substrato geológico, ao tipo de solo, às características climáticas, hidrológicas e ao relevo. O desenvolvimento das ravinas e voçorocas descrito na literatura brasileira é geralmente atribuído a mudanças ambientais induzidas pelas atividades humanas.
Estão presentes em praticamente todo o Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e geralmente estão associados ao uso do solo, ao substrato geológico, ao tipo de solo, às características climáticas, hidrológicas e ao relevo. O desenvolvimento das ravinas e voçorocas descrito na literatura brasileira é geralmente atribuído a mudanças ambientais induzidas pelas atividades humanas.
A grande maioria de trabalhos na literatura sobre as ravinas e
voçorocas mostra que sua ocorrência está associada a formações sedimentares
arenosas, mas há também exemplos de voçorocas em solos provenientes de rochas
cristalinas. Segundo alguns trabalhos, a geologia das regiões do embasamento
cristalino, com suas abruptas variações laterais, influi intensamente na
propagação do voçorocamento. Contatos geológicos, diques ou até mesmo bandas
internas à rocha de composição diferente são suficientes para acelerar, impedir
ou desviar a propagação de uma voçoroca.
Basicamente, há duas formas de se começar uma voçoroca; a primeira
é pelo corte de um talude (a parte lateral de um morro) para a construção de
uma estrada ou utilização de espaço, ou para se aproveitar o material em
aterros (chamados empréstimos) em outros locais, ou ainda para possibilitar uma
mineração.
Evidente é que, o corte de um terreno carrega consigo toda a
vegetação e a terra fértil nele existente. Supondo que não se faça uma
recuperação rápida na parte cortada, ela ficará exposta ao impacto direto da
chuva e, também, às correntezas das chuvas passando por cima dela. Começa,
então, a acontecer o fenômeno denominado erosão, que é o transporte do material
terroso pelas águas.
A outra forma de acontecer uma voçoroca é pelo desmatamento. Os
vegetais, não importando seus tamanhos, têm raízes que funcionam com
"presilhas" do solo; as árvores agem como "guarda-chuvas"
do solo, e a vegetação em geral age como um redutor de velocidade das águas que
correm no solo. No desmatamento, as "presilhas" ficam frágeis; sem a
árvore, desaparece o "guarda-chuvas", possibilitando o impacto direto
que "machuca" o terreno; já, sem a vegetação, principalmente a
rasteira, a velocidade das águas fica aumentada sobre o terreno, possibilitando
alastrar a "ferida" da terra. Em outras palavras, vai havendo o
arraste de material terroso e, com o tempo, a "ferida" do solo vai
aumentando em profundidade e largura.
A primeira delas, que começa na voçoroca e se estende até os
caminhos próximos para onde estiverem indo às águas, é a promoção da
infertilidade na região da voçoroca e depois dela, pois haverá um cobrimento
das camadas férteis adiante (desertificação ou aridez), visto que quase todos
os terrenos têm uma camada de solo fértil por cima. No caso, essa camada,
quando arrastada, promoverá, de imediato, a infertilidade. No campo, onde se
retira a vegetação para dar lugar às pastagens, volta e meia a natureza se
vinga pelo alagamento das próprias áreas de pastagens, visto que os rios
principais, de tão assoreados, isto é, preenchidos com o material terroso para
eles carregados, começam a procurar caminhos preferenciais para o escoamento
das águas que seus leitos primitivos não conseguem mais transportar. Além
disso, o alagamento irá destruir as árvores restantes pelo afogamento de suas
bases acima do solo.
Outra consequência é que, os rios naturais passam a ter seus
leitos (suas calhas) assoreadas, soterrando toda a flora e fauna situadas
nessas calhas, e que são os alimentos dos animais que dependem do fundo. O
soterramento dos vegetais e de pequenos animais de fundo faz com que esses
morram e essa matéria orgânica morta comece a dar origem a reações bioquímicas
que irão prejudicar a qualidade das águas, como um todo.
O outro efeito é que, esse material terroso, no caso das zonas
urbanas, vai também sendo levado para o leito dos rios e canais (assoreamento)
e para as galerias de águas pluviais.
Nas cidades, tanto o enchimento das calhas dos rios e canais,
quanto o enchimento dos bueiros e tubulações de água pluviais, dificultarão o
livre escoamento das águas de chuva e, com isso, ficará facilitado o processo
das enchentes urbanas.
Com tudo que foi falado, fica claro que cuidados preventivos devem
ser tomados quando se pretende alterar a natureza dos terrenos, pois os custos
para acertar as consequências serão bastante altos.
No Estado de São Paulo, os trabalhos mostram que a predominância
de erosões lineares está associada aos arenitos com cimentação carbonática.
A influência do relevo no desenvolvimento de ravinas e voçorocas
no Estado de São Paulo é enfatizada por vários estudiosos, que as relacionam
especialmente à forma e à declividade das vertentes. Em estudos realizados
verificou-se a ocorrência de ravinas e voçorocas nas proximidades de Casa
Branca e nas Folhas de Piracicaba, Rio Claro, São Pedro e Itirapina, e que 95%
dessas erosões se desenvolveram em encostas convexas. Conclusão semelhante foi
observada em voçorocas da cidade de Franca e na região de Casa Branca.
Já em estudos realizados na bacia do Rio Maracujá (MG)
e na alta bacia do Rio Araguaia (GO/MT), mostraram-se que grande parte das
voçorocas se desenvolve nos setores côncavos das cabeceiras de drenagem, com
formas anfiteátricas (concavidades ou “hollows”). Estas formas propiciam a
convergência natural das águas superficiais e subsuperficiais, favorecendo os
movimentos de massa e o desenvolvimento de voçorocas.
As voçorocas atuais, que são mais frequentes nas concavidades do
relevo, muitas vezes representam feições erosivas antigas, numa prova de que a
erosão é recorrente e que tende a avançar pelas mesmas rotas já seguidas
anteriormente, certamente devido ao condicionamento hídrico subsuperficial. Tal
fato foi comprovado em estudos que constataram que uma das voçorocas estudadas
segue a trajetória de um antigo canal erosivo.
Chama-se, também, a atenção para voçorocas com crescimento não
concordante com o gradiente topográfico local, que conduziu ao estudo da
hidrologia subterrânea, dada a impossibilidade dos fluxos superficiais
explicarem esta propagação anômala. Dados de levantamento geofísico por
eletrorresistividade sugerem que o crescimento desta voçoroca se deu em direção
a uma zona subsuperficial com grande afluxo de água subterrânea. Levantamentos
de campo demonstraram que estes afluxos de água acontecem ao longo de
estruturas geológicas, principalmente fraturas e falhas.
Quanto à influência da cobertura pedológica no desenvolvimento de
ravinas e voçorocas, observa-se concordância no que se refere a maior
suscetibilidade dos solos de textura arenosa e média. Apesar de mais
restrita, há possibilidades de desenvolvimento de ravinas e voçorocas em solos
argilosos como os Latossolos Vermelho Escuro observados na região de Casa
Branca. Neste caso, o desenvolvimento de voçorocas deve-se principalmente à
presença de um horizonte C altamente erodível, proveniente da alteração de
arenitos feldspáticos com intercalações de argilitos e siltitos pertencentes à
Formação Aquidauana, que facilita o aprofundamento erosivo e a interceptação do
lençol freático, desenvolvendo fenômenos de piping (processos de erosão
interna no solo).
Conclusão semelhante é manifestada com relação ao desenvolvimento
de voçorocas em terrenos cristalinos constituídos por granitóides da região de
Cachoeira do Campo, Minas Gerais, que considera como principal condicionante a
existência de um horizonte C de textura arenosa pouco coerente e extremamente
erodível.
Como recuperar uma voçoroca a baixo custo
- Consiste basicamente no controle da erosão na área à montante ou cabeceira da encosta, retenção de sedimentos na parte interna da voçoroca com práticas simples e materiais de baixo custo, e por último, a revegetação das áreas de captação (cabeceira) e interna da voçoroca com espécies vegetais que consigam se desenvolver adequadamente nesses locais.
- O isolamento da área do pastoreio de animais com cerca de arame, e a construção de aceiros, contra queimadas, são as primeiras atividades a serem realizadas para que se possa proteger a cobertura vegetal existente e a que futuramente será implantada através da revegetação. Nesse mesmo sentido deve se iniciar os trabalhos de controle de formigas cortadeiras que são grandes inimigas no estabelecimento das mudas de árvores que serão plantadas na área.
- O passo seguinte é a análise química e textural do solo da área, para se conhecer sua fertilidade e textura. Essas informações serão úteis na determinação da necessidade de aplicação de nutrientes na forma de fertilizantes, para as espécies florestais a serem implantadas, e também, no dimensionamento de práticas de controle da erosão.
Os laboratórios onde se realizam análises de terra são geralmente
encontrados em universidades, instituições de pesquisa agropecuária,
laboratórios particulares, etc., bastando o produtor coletar as amostras
devidamente, identificar e enviá-las para o local mais próximo.
A coleta das amostras é uma etapa muito importante pois é aí que
se tem a representação das reais condições do terreno. Para tanto, o produtor
deve dividir a área em glebas homogêneas, como por exemplo, dividir a encosta
ou morro em parte superior, médio e inferior, ou outra condição que diferencie
a área, e retirar as amostras com uso de trados de amostragem de solo ou
enxadão nas profundidades de 0 a 20 cm. Devem ser amostradas 20 a 40 amostras
simples para cada amostra composta se a área tiver até 2 ha, e 15 a 20 amostras
simples para cada amostra composta, para áreas de até 10 ha. Depois de
coletadas as amostras simples, deve-se misturá-las em um recipiente para formar
as compostas, tendo-se o cuidado de utilizar a mesma medida em todas as
amostras simples. Para se obter uma amostragem homogênea da área é recomendado
coletar as amostras no caminhamento em zigue-zague. Para maiores informações
sobre a forma de coletar as amostras de solo.
Uma boa análise de solo depende da correta amostragem da área. Para tanto, recomenda-se seguir rigorosamente as instruções abaixo:
Exemplo de retirada de amostras de um terreno de baixada ( amostra 1 ) e de meia encosta ( amostra 2 ). As áreas dentro dos círculos não devem ser amostradas.
Como retirar amostras de terra e identificá-las:
- Dividir a propriedade em áreas uniformes de até 10 hectares, para retirada de amostras. Cada uma destas áreas deve ser uniforme quanto a cor, topografia textura e quanto as adubações e calagens que recebeu. Áreas pequenas, diferentes da circunvizinha, não deverão ser amostradas juntas.
- Cada uma das áreas escolhidas deverá ser percorrida em ziguezague, retirando-se, com um trado, de 15 a 20 pontos diferentes, que deverão ser colocadas juntas em um balde limpo. Na falta de trado poderá ser usado um tubo ou uma pá. Todas as amostras individuais de uma mesma área uniforme deverão ser muito bem misturadas dentro do balde, retirando-se uma amostra final de aproximadamente 200gr.
- As amostras devem ser retiradas da camada superficial do solo, até a profundidade de 20 cm, tendo antes o cuidado de limpar a superfície dos locais escolhidos, removendo as folhas e outros detritos.
- Não retirar amostras de locais próximos a residência, galpões, estradas formigueiros, depósito de adubo, etc. Não retirar amostra quando o terreno estiver encharcado.
Após a obtenção do resultado da análise é ideal que a sua
interpretação seja realizada por profissionais da área de ciências agrárias.
Nome
Voçoroca vem do guarani iby (terra) e soroc (fenda),
podendo ser traduzido por erosão.
O que é
Entende-se como erosão, o processo de deslocamento de terra
ou rochas de qualquer superfície.
Como acontece
Mudanças na temperatura ou alterações no fluxo dos ventos são
alguns dos fatores que podem causar o fenômeno geológico sem a
interferência humana. Conclui-se, então, que o fenômeno pode ter causas
naturais. Todavia, ações, como o desmatamento, podem acentuar o processo
erosivo, acarretando em desmoronamentos e grandes perdas ao meio ambiente. Quando
se tira a cobertura vegetal de uma região, toda a água que era antes absorvida
pelas árvores, infiltra-se no solo, levando embora vários nutrientes deste,
que, além de ficar mais pobre, torna-se mais suscetível a
deslocamentos e buracos.
Quando os causadores de uma erosão atingem um solo, ele se torna
frágil, mais arenoso e pobre em nutrientes. Então, enquanto várias gotículas de
água da chuva infiltram-se nele afim de chegarem aos lençóis freáticos,
vão se abrindo pequenos sulcos na superfície da terra, desagregando as
partículas que, uma vez unidas, fortalecem a estrutura do terreno.
Depois que o “buracão” já está formado, a tendência dele é ficar
ainda maior e, a terra que a chuva leva, causar o assoreamento dos rios,
aumentando o risco de enchentes. As redes de esgoto também podem ficar
comprometidas por conta do processo.
Onde acontece
A erosão pode ser pluvial, fluvial, marinha, glacial ou eólica.
Em solos mais arenosos, como em algumas localidades da
região Central do Brasil, as fendas podem chegar a 50 metros de profundidade. Os
solos pouco ricos dos cerrados estão mais propensos à formação de ravinas. O Pantanal é
também uma das regiões mais afetadas pelo problema. A bacia doTaquari representa
36% da área do Pantanal matogrossense e já está comprometida pela voçoroca, já
que o assoreamento do leito do rio tem causado sérias consequências por lá.
Como resolver
Embora prevenir erosões seja o mais aconselhável, se a
voçoroca já existir, há algumas medidas que podem ser tomadas para que ela não
aumente:
- O replantio em áreas degradadas,visando enriquecer a matéria orgânica do solo;
- Suspender a deposição de lixo na região.
- Além destas alternativas,várias outras iniciativas são tomadas pelo governo ou até mesmo por pessoas físicas para impedir o avanço das voçorocas. Algumas são ações que envolvem altos custos.
- O problema tem sido visto como uma praga nacional e tem causado danos à agricultura, perda de animais e casas e desvalorização
ww.agencia.cnptia.embrapa.br
Excelente artigo! Bastante prático!
ResponderExcluird+ valeu msm,,,,
ResponderExcluirna fazenda do pai meu amigo tem um buracao q cresce, falei pra ele plantar arvores tb estao tentando escorar o barranco com pneu velho
ResponderExcluir