A desertificação é caracterizada como o processo de degradação da terra, isto é, a transformação de terras com potencial produtivo em terras inférteis. Ocorre em regiões zonas áridas, semiáridas e sub-úmidas secas, resultantes das atividades humanas ou de fatores naturais (variações climáticas). Esse conceito foi elaborado durante a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação.
Esse fenômeno afeta, aproximadamente, cerca de 60mil km² de terras por ano em diversas partes do planeta. As diversas atividades humanas, realizadas de forma insustentável, têm provocado drásticas reduções da vegetação e da capacidade produtiva do solo.
A desertificação começou a ser estudada durante os anos 30, quando uma série de tempestades de areia varreu o meio oeste dos EUA, passando pelos estados de Oklahoma, Kansas, Novo México e Colorado e cobrindo cidades inteiras. O desastre, que apelidou a região de "Dust Bowl" ("Prato de poeira"), forçou a migração de milhares de pessoas para outros estados, trazendo, também, problemas socioeconômicos como o desemprego e a pressão sobre a infraestrutura das cidades. Aliás, este é um dos vários problemas causados pelo processo de desertificação.
As perdas econômicas anuais devido ao processo de desertificação chegam a 4 bilhões de dólares no mundo todo e 100 milhões de dólares só no Brasil. O problema se agrava ainda mais pelo fato de a maior parte das regiões atingidas pelo processo de desertificação ser de regiões pobres em países subdesenvolvidos, como por exemplo, a África onde em meados da década de 70, 500 mil pessoas morreram de fome na região conhecida como Sahel devido a processos de desertificação. (fonte: Instituto Interamericano deCooperação para a Agricultura).
Mais tarde, a Eco 92 (a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente), traçaria como objetivo principal das nações o Desenvolvimento Sustentável do Planeta, bem como a elaboração de uma Convenção para o Combate a Desertificação. Nessa Convenção foram elaborados estudos sobre os principais problemas decorrentes da desertificação a suas causas.
Entre as principais causas responsáveis pela desertificação estão:
- Desmatamento de áreas com vegetação nativa;
- Uso intenso do solo, tanto na agricultura quanto na pecuária, manejo inadequado
- Uso intensivo dos recursos hídricos
- Práticas inadequadas de irrigação;
- Mineração.
As principais consequências da desertificação são:
- Eliminação da cobertura vegetal;
- Redução da biodiversidade;
- Salinização e alcalinização do solo;
- Intensificação do processo erosivo;
- Redução da disponibilidade e da qualidade dos recursos hídricos;
- Diminuição na fertilidade e produtividade do solo;
- Redução das terras agricultáveis;
- Redução da produção agrícola;
- Desenvolvimento de fluxos migratórios.
Dentre as causas listadas encontra-se o uso intensivo e inadequado do solo em regiões de ecossistemas frágeis com baixa capacidade de recuperação resultando na salinização de solos pela irrigação mal planejada. Além de tornar a região vulnerável à seca causando prejuízos diretos na agricultura e pecuária com perdas sensíveis para a economia dos locais atingidos, a desertificação causa perda da biodiversidade, perda dos solos por erosão e diminuição dos recursos hídricos levando ao abandono das terras pela população, que migra para as cidades gerando outro problema: o aumento dos problemas ambientais e socioeconômicos urbanos.
No Brasil algumas regiões apresentam características geoclimáticas e ecológicas que favoreceram a aceleração do processo totalizando uma área de 18,7 mil km² de áreas chamadas de núcleos de desertificação em cidades do Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco. Outras regiões atingidas pelo processo de desertificação no Brasil são as regiões do Semiárido, da Bahia, Sergipe, Paraíba, Amazônia, Rondônia, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Entretanto, atualmente, as regiões que apresentam maiores estágios de desertificação encontram-se na China. O país que costumava apresentar uma média de 6 tempestades de areia por ano, registrou 8 tempestades até abril de 2006, prejudicando seriamente sua capacidade produtiva. O que não significa prejuízo apenas para a China, mas para a economia do mundo inteiro.
De acordo com o Worldwatch Institute, cerca de 15% da superfície terrestre sofre algum tipo de desertificação. Esse fenômeno afeta mais de 110 países, prejudicando a vida de mais de 250 milhões de pessoas. As regiões mais atingidas pela desertificação são: Oeste da América do Sul, Norte e Sul da África, Oriente Médio, Ásia Central, Noroeste da China, Austrália e Sudoeste dos Estados Unidos.
O Brasil também apresenta áreas afetadas pela desertificação. De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, cerca de 13% do território brasileiro é vulnerável à desertificação, pois é formado por áreas semiáridas. O processo de desertificação atinge porções da Região Nordeste, o cerrado tocantinense, o norte de Mato Grosso e os pampas gaúchos.
Com o intuito de reduzir o processo de desertificação, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou, em 1994, a Comissão contra a Desertificação, cujo principal objetivo é elaborar projetos eficazes que possam deter a expansão desse fenômeno, principalmente nos países da África.
Felizmente iniciativas vêm sendo tomadas. A Agenda 21 (Documento da Eco 92 que estipula ações para o desenvolvimento sustentável) prevê a criação de políticas e ações efetivas dos 181 países que a ratificaram na tentativa de deter o processo de desertificação. O Programa de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca na América do Sul vem funcionando com o apoio do Fundo Especial de Governo do Japão, do IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura) e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) através de Programas de Ação Nacional (PAN) que visam combater a desertificação com ações para recuperar áreas degradadas e iniciativas educativas para evitar que mais áreas sejam utilizadas inadequadamente.
Contudo, podemos concluir que a recuperação de uma área em processo de desertificação é muito complexa devido à necessidade de se controlar o avanço da degradação e combater o uso irracional do solo através de medidas educativas que irão prevenir que mais áreas sejam transformadas em desertos.
FONTE: http://www.suapesquisa.com/http://www.brasilescola.comhttp://www.infoescola.com
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